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Cai desigualdade no mercado de trabalho
Estudo do Ipea mostra que menos discriminação e segmentação provocou queda na diferença de remuneração no país
Distância entre rendimento recebido por homens e mulheres, brancos e negros e em áreas urbanas e rurais ficou menor em dez anos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O mercado de trabalho no
Brasil ficou menos desigual no
intervalo de dez anos (1995-2005) graças à redução de "imperfeições" como a diferença
de remuneração entre homens
e mulheres, brancos e negros,
áreas rurais e urbanas, regiões
metropolitanas e cidades pequenas e setores de atividades,
diz estudo do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
Coordenado pelos pesquisadores Ricardo Paes de Barros,
Samuel Franco e Rosane Mendonça, o trabalho mostra que a
"queda da discriminação e da
segmentação [geográfica, setorial e de setores formais e informais]" explica boa parte (35%)
da queda da desigualdade da remuneração no mercado de trabalho de 2001 a 2005, quando
tal movimento se intensificou.
O índice de Gini dos rendimentos do trabalho baixou de
0,59 em 1995 para 0,57 em
2001. Chegou a 0,54 em 2005.
Quanto mais próximo de zero,
menor é a desigualdade.
"A redução das imperfeições
do mercado de trabalho, com
sua crescente integração, teve
papel fundamental para explicar a queda da desigualdade",
diz o estudo.
Uma das retrações mais expressivas aconteceu na diferença de gênero comparando trabalhadores com características
idênticas (escolaridade, região
etc) em empregos similares.
Os homens ganhavam, em
1995, 66,3% mais do que as mulheres. A diferença caiu para
56,1% em 2005. Os pesquisadores ressaltam, porém, que, "a
despeito da redução", a discrepância de salários entre homens e mulheres "permanece
extremamente elevada".
Entre brancos e negros com
as mesmas características, a
distância em favor dos brancos
caiu de 12,2% para 11%. As diferenças de cor e gênero são classificadas como discriminação.
Mais importantes para a diminuição das desigualdades,
porém, foram as reduções entre os níveis de segmentação do
mercado de trabalho principalmente com relação às atividades e às regiões. Segundo o estudo, a distância entre rendimentos de pessoas que vivem
nas regiões metropolitanas e
nas cidades do interior baixou
de 30,2% em 1995 para 19,3%
em 2005. Já entre áreas urbanas e rurais de uma mesma cidade, caiu de 13,9% para 8,4%.
Considerando 12 setores de
atividade, a diferença média de
renda entre eles baixou de
11,1% em 1995 para 9,2% dez
anos depois. Esse foi o fator
mais importante, de acordo
com o Ipea, para explicar a retração da desigualdade de rendimentos do trabalho.
Informalidade
Problema crônico do mercado de trabalho do país, a informalidade foi o destaque negativo do estudo, feito com base em
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. A comparação
entre formais e informais foi a
única que apresentou deterioração e não contribuiu para a
diminuição da desigualdade.
O abismo entre os rendimentos do mercado formal e do informal só fez crescer no período de dez anos. A diferença de
remuneração entre empregados com carteira assinada e
sem carteira saltou de 25,8%
em 1995 para 40,6% em 2005.
Na comparação entre trabalhadores formais e por conta
própria (cujos rendimentos são
menores), a distância subiu de
7,7% para 43,5%. "Apesar do
declínio do grau de informalidade [percentual de informais
em relação ao total de trabalhadores], o diferencial entre formais e informais aumentou significativamente", diz o estudo.
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