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Projeção do custo de energia da usina de Santo Antônio sobe mais de 80%
Obra da hidrelétrica no rio Madeira (RO) é uma das mais importantes do PAC
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A projeção de custo da energia gerada pela hidrelétrica de
Santo Antônio -a primeira usina do complexo do rio Madeira- subiu mais de 80% na nova
versão do estudo de viabilidade
apresentado pelo consórcio
Furnas-Odebrecht às vésperas
do lançamento do edital para a
obra, uma das mais importantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Negócio bilionário, a hidrelétrica é apontada como principal alternativa para evitar crise
no abastecimento de energia
no país a partir de 2012.
A pedido da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica),
nova versão do estudo de viabilidade foi apresentada em agosto. Os números levam em conta
medidas impostas pelo Ibama
para contornar impactos ambientais da hidrelétrica. Os custos relacionados ao meio ambiente -estimados em R$ 1,2
bilhão- foram os que mais subiram nas planilhas que vão
orientar a fixação da tarifa máxima de energia para o leilão.
Segundo os cálculos do consórcio responsável pelos estudos -integrado por Furnas
Centrais Elétricas e a Construtora Norberto Odebrecht-, o
custo total da usina subiu de R$
9,7 bilhões para R$ 13,5 bilhões
em dois anos.
Proporcionalmente e sem
considerar gastos com as futuras linhas de transmissão, o
custo estimado para a energia a
ser gerada em Santo Antônio
subiu mais: de US$ 23 para US$
42 por MW/h, mostram os documentos, abertos à consulta
dos empreendedores interessados no negócio. Quando a hidrelétrica foi incluída no PAC,
em janeiro deste ano, o custo da
obra era estimado pelo governo
em R$ 9,2 bilhões.
"É um aumento muito grande", avaliou Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética,
estatal que planeja o setor). Ele
usou os cálculos apresentados
pelo consórcio, mas levou em
conta estudos próprios da EPE
para estabelecer o teto da tarifa
a ser cobrada dos consumidores. Esse valor, já submetido
em caráter reservado ao TCU
(Tribunal de Contas da União),
vai balizar a disputa entre interessados em construir a usina.
"Consideramos possibilidades de reduzir custos da usina",
insistiu Tolmasquim. "Será um
bom negócio para o país", disse.
O TCU tem prazo até o final de
setembro para avaliar a consistência dos cálculos apresentados pela empresa, o que poderá
causar novo atraso no edital,
cujo lançamento estava previsto para anteontem.
Prazos
A nova versão do estudo de
viabilidade da usina também
apresenta novos prazos para a
entrada em funcionamento das
turbinas. De acordo com o cronograma, as seis primeiras usinas só entrarão em funcionamento em 2012 caso as obras
comecem, no máximo, até setembro de 2008.
O prazo para o funcionamento de todas as 44 turbinas de
Santo Antônio passa de 82 para
90 meses, de acordo com o documento. Ou seja, na melhor
das hipóteses, a usina estaria
em pleno funcionamento somente em fevereiro de 2016.
O início das obras até setembro de 2008 está ameaçado pelo atraso do lançamento do edital que, por sua vez, ameaça
atrasar o leilão, marcado para
30 de outubro. O vencedor do
leilão terá de obter uma nova licença do Ibama para iniciar as
obras. Caso elas não comecem
até setembro, terão de aguardar até março de 2009. Por ora,
o Ministério de Minas e Energia não confirma oficialmente
atraso no cronograma.
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