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Frigorífico terá cláusulas socioambientais
Objetivo do Bertin é evitar que a imagem da empresa seja prejudicada nos mercados interno e externo
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Braço do frigorífico Bertin,
um dos maiores do país, para
engorda, criação e confinamento de gado, a Comapi Agropecuária decidiu refazer contratos com propriedades com as
quais mantém algum vínculo
comercial. O objetivo é se resguardar diante de irregularidades ambientais e trabalhistas
nessa cadeia de fornecedores.
Nos contratos em vigor, como de comodato e de arrendamento de terra para a criação
de gado, serão adicionadas
cláusulas socioambientais. São
16 propriedades, espalhadas
por três Estados: Tocantins,
Goiás e Mato Grosso do Sul.
Nessas novas cláusulas, segundo a Comapi, os terceirizados terão de assumir quatro
compromissos, sob pena de terem os contratos bloqueados.
Assim que os contratos forem refeitos, as propriedades
não poderão: 1) ter a área embargada por conta de desmatamento ilegal; 2) sofrer condenação por trabalho análogo à
escravidão; 3) ser oriunda de
grilagem; e 4) ser palco de conflitos agrários ou indígenas.
"A empresa se valerá das informações públicas divulgadas
pelos órgãos competentes para
monitorar tais requisitos.
Ocorrendo qualquer violação
das cláusulas socioambientais,
a Comapi bloqueará o fornecedor", afirmou a empresa, por
meio de sua assessoria.
A revisão desses contratos
nada mais é do que uma reação
do Bertin a acontecimentos recentes que abalaram a imagem
do grupo tanto no mercado nacional como internacional.
Trabalho escravo
A luz amarela acendeu quando o Ministério Público Federal no Pará acusou a empresa
de comprar gado de áreas desmatadas ilegalmente na região
amazônica. O Bertin assinou
um TAC (Termo de Ajuste de
Conduta) com os procuradores, mas, logo em seguida, acabou envolvido num flagrante
de trabalho escravo.
Fiscais do Ministério do Trabalho e do Ministério Público
do Trabalho localizaram e resgataram no Tocantins trabalhadores em situação análoga à
escravidão numa fazenda parceira da Comapi -a empresa
comprava silagem produzida
nessa área terceirizada.
Essa revisão de contrato com
16 propriedades visa justamente resguardar a empresa desse
tipo de situação. O Bertin tem
como sócio o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), que investiu R$ 2,5 bilhões e detém
atualmente 26% do capital do
frigorífico.
"As mudanças nas relações
trabalhistas e ambientais ocorrem com velocidade. E nós precisamos atuar com a mesma velocidade dessa modernização",
afirmou Fernando Saltão, diretor da Comapi Agropecuária.
Além da revisão dos contratos, o Bertin promete fazer visitas in loco a todas essas propriedades. Auditores irão checar não só o cumprimento das
normas ambientais e trabalhistas mas também as condições
de alimentação e de alojamento
dos trabalhadores.
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