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MERCADO TENSO
Ameaça de corte nos juros dos EUA e de mais intervenções de governos provocam altas na região
Bolsas asiáticas vivem dia longe de crise
MARCIO AITH
de Tóquio
As ameaças de
corte nos juros
norte-americanos e de mais intervenções de
governos e de
fundos públicos
fizeram com
que os mercados asiáticos se comportassem ontem como se nenhuma crise financeira tivesse atingido a região.
Bolsas de Valores tiveram altas
recordes e o iene valorizou-se para
seu mais forte patamar frente ao
dólar dos últimos quatro meses
(131,9 por dólar).
O comportamento de ontem dos
mercados distancia a economia
real dos países asiáticos, quase todas em recessão, das cotações de
suas moedas e de suas Bolsas de
Valores.
A Bolsa de Tóquio liderou a euforia com uma alta de 5,3%, a segunda maior do ano. A causa: fundos de pensão compraram ações
para garantir as vendas a descoberto que fizeram no mercado de
opções e futuros e que serão liquidadas na sexta-feira.
O mercado acionário de Tóquio
também tem sido beneficiado parcialmente pela repatriação de fundos japoneses fugindo dos mercados emergentes.
Malásia
A Bolsa de Kuala Lumpur, na
Malásia, subiu 22,5%, simplesmente a maior alta em todos os
seus 24 anos de história.
O motivo não foi dos mais "saudáveis" e é o mesmo que vem causando uma alta "histérica" do
mercado de ações no país desde a
semana passada, depois do pacote
econômico que praticamente isolou essa economia dos mercados
financeiros internacionais.
Fundos controlados pelo governo gastaram alguns bilhões de dólares comprando ações. A Malásia
também abaixou suas taxas de juros e estimulou bancos a comprarem ações.
As empresas mais valorizadas na
Bolsa pertencem ao empresário
Halim Saad, ligado ao primeiro-ministro Mahathir Mohamad.
Ao mesmo tempo, novas regras
de liquidação de negócios estão
impedindo investidores estrangeiros, desesperados para fugirem da
Malásia, de vender suas ações.
Ontem, o primeiro-ministro nomeou a si mesmo para o cargo de
ministro das Finanças, no lugar de
Anwar Ibrahim, que ele havia demitido na semana passada.
Mahathir nomeou como seu assistente na pasta das Finanças um
aliado, Mustapha Mohamad, e
também anunciou o nome do novo presidente do banco central,
Ali Abul Hassan Sulaiman.
Hong Kong
A Bolsa de Hong Kong também
teve uma alta "eufórica". Subiu
7,9%, no primeiro dia de vigência
das novas regras, anunciadas oficialmente pela administração da
ilha no final de semana, para restringir as vendas a descoberto nos
mercados futuro e de ações.
Venda a descoberto significa a
venda de uma ação ou de um contrato por alguém que não os possui e que pretende obter lucro prevendo (ou provocando) mudanças no mercado entre a data da
operação e a de sua liquidação.
Com base nessas novas restrições, Hong Kong quer anular as
ações de especuladores e manter o
valor de sua moeda sem alterar as
taxas de juros. As medidas estão
surtindo efeito no mercado de
ações, mas ferem a reputação de
Hong Kong como a de um dos
mercados mais livres do mundo.
Ontem, o secretário das Finanças Donald Tsang disse que o governo de Hong Kong continuará
sua intervenção no mercado para
frear a atividade especulativa.
Tsang disse que o governo está
"absolutamente determinado a
proteger a estabilidade e a integridade da moeda e do mercado financeiro".
As autoridades locais começaram a intervir na Bolsa há cerca de
duas semanas. Analistas afirmam
que a intervenção afeta negativamente o princípio de livre mercado e a consideração de Hong Kong
como uma das economias mais
abertas do mundo.
"O governo continua com a política de economia livre e não estabelecerá controles de câmbio",
afirmou Tsang, em referência às
mudanças implementadas na última semana pelo governo malaio.
Outras Bolsas do Sudeste Asiático tiveram um dia de recuperação
ontem. A de Seul, na Coréia do
Sul, subiu 3,9%, a de Cingapura,
7,1%, e a de Bancoc, na Tailândia,
6,4%. No mercado de Jacarta, na
Indonésia, as ações tiveram alta de
3%, e no de Manila, nas Filipinas,
de 2,4%.
com agências internacionais
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