São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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DISPUTA TRABALHISTA

Locaute paralisa comércio com a Ásia e já custa empregos

Bush ameaça intervir nos portos

Mike Blake/Reuters
Terminal fechado no porto de Oakland, na Costa Oeste dos EUA, um dos 29 afetados pelo locaute


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, decidiu intervir na disputa trabalhista que paralisa os portos norte-americanos da Costa Oeste, caso trabalhadores e empresários não cheguem a um acordo ainda nesta semana. No final de semana passado, as negociações foram suspensas sem que o impasse fosse superado.
O comércio com a Ásia foi interrompido, e a indústria norte-americana já enfrenta a falta de componentes importados, o que poderá afetar as vendas de Natal.
O governo norte-americano estuda pedir à Justiça a aplicação da lei Taft-Harley, que seria utilizada pela primeira vez desde 1978. A lei, de 1947, autoriza o presidente a proibir, por um período de 80 dias, a realização de greves ou locautes que coloquem em risco a segurança ou o bem-estar do país.
Na teoria, a legislação dá tempo para que trabalhadores e patrões cheguem a um acordo. No último domingo, falharam as negociações entre representantes sindicais e patronais, que ocorreram sob mediação do governo.
A Associação Marítima do Pacífico, representante dos empresários dos 29 portos da Costa Oeste, decidiu impedir o trabalho dos 10,5 mil estivadores da região como represália a uma suposta "operação tartaruga" dos funcionários. O locaute (greve dos empresários) teve início no dia 29 de setembro, mas ganhou força na semana passada.
Passam pelos portos da Costa Oeste US$ 300 bilhões em mercadorias ao ano. Por causa do locaute, há cerca de 200 navios esperando para serem descarregados.
O International Longshore and Warehouse Union, o sindicato dos trabalhadores, teria orientado os estivadores a reduzir o ritmo de trabalho como formo de pressionar os empresários a aceitarem um novo contrato de trabalho.
As negociações estão emperradas desde julho. Um dos principais pontos que preocupa o sindicato é o aumento da automação dos portos, o que provocaria demissões.

Impacto econômico
De acordo com estimativas do governo, cada dia de locaute custa US$ 2 bilhões à economia do país. O prejuízo também é grande para os países asiáticos, cujas exportações aos EUA estão estagnadas.
"O país tem sido paciente [com o locaute", mas agora os americanos comuns começam a ser prejudicados por essa disputa", disse a secretária do Trabalho dos EUA, Elaine Chao.
Segundo a secretária, a falta de componentes já está causando demissões em fábricas do país. "A única maneira de as dispensas não crescerem é a reabertura dos portos ainda nesta semana."


Com agências internacionais

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