São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Lula tem uma "república do Santander" no governo

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois altos executivos do Santander passaram para o governo federal neste ano. Miguel Jorge, nomeado em março ministro do Desenvolvimento, era vice-presidente de Assuntos Corporativos do banco desde 2001. Mário Torós, que ocupava a vice-presidência de Tesouraria e Mercado do Santander, foi para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.
No mercado, Torós é visto como um operador, homem que vem do dia-dia das tesourarias. Miguel Jorge ascendeu no Santander como brilhante negociador, capaz de conciliar diferentes interesses para atingir seus objetivos.
Quando da definição do novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em abril, Miguel Jorge ainda tentou emplacar o nome de Gustavo Murgel, outro executivo do Santander. No final, porém, o presidente Lula optou por Luciano Coutinho por preferir uma pessoa não ligada ao mercado financeiro. A decisão de Lula representou o primeiro revés do ministro Miguel Jorge.
Torós e Murgel enfrentaram um processo administrativo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por suposta manipulação no preço de ações nos dias 28 de abril e 27 de junho de 2000. Em ambas as datas, o banco foi acusado de vender, nos minutos finais de negociação, um lote expressivo de ações com preço mais baixo do que o negociado com o objetivo de derrubar o Ibovespa. À época, a queda na Bolsa beneficiava o banco que apostava na queda do índice nas negociações de futuros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Torós e Murgel foram absolvidos em julho de 2004, mas o Santander foi multado em R$ 600 mil.

Campanha
Sexto maior banco brasileiro, o Santander foi o segundo maior financiador do PT em 2006. O banco doou R$ 3,2 milhões ao partido no ano passado, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor só é menor ao dado pela Andrade Gutierrez, de R$ 6,4 milhões.
Em viagem à Espanha, em setembro, o Lula ouviu o patriarca do Santander, Emílio Botín, exigir que as agências de rating concedam ao Brasil o chamado grau de investimento o "mais depressa possível".


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