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Marca do Real pode ser extinta em 3 anos
Associado à imagem da sustentabilidade, banco tem uma das marcas que mais se valorizaram no país, avaliada em US$ 834 mi
Banco foi o primeiro a negociar créditos de carbono no Brasil e a financiar projetos de adoção de fontes alternativas de energia
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das marcas mais bem
trabalhadas da propaganda
brasileira, o nome Banco Real
corre o risco de desaparecer
com a incorporação do ABN
Amro pelo Santander. Associada à imagem de sustentabilidade ambiental e da responsabilidade social, a marca Banco Real
foi avaliada no ano passado em
US$ 834 milhões pela consultoria Brand Analytics.
No estudo, a marca representava 9% dos US$ 9,266 bilhões
de valor de mercado do banco à
época -se fechado o negócio, o
Santander estima pagar US$ 17
bilhões pelo Real. De acordo
com a consultoria, o banco investiu tanto nessa imagem da
sustentabilidade, que seu valor
mais que dobrou de 2005 para
2006 -passou de US$ 381 milhões para os US$ 834 milhões.
Desde 1998, quando o ABN
comprou o Real, o banco investe pesado em marketing para se
associar à imagem de empresa
ecologicamente correta, preocupada com o social e que aposta nos estudantes.
O banco foi o primeiro a desenvolver no Brasil a negociação de créditos de carbono,
além de financiamento para a
adoção de fontes alternativas
de energia, como a solar e a
conversão de automóveis para
gás natural, entre outros.
No final da década passada,
criou contas bancárias para
universitários e financiamento
para cursos de pós-graduação,
embora não desenvolva crédito
universitário, um produto pouco explorado no país.
Em documento endereçado
aos acionistas, o Santander não
faz qualquer menção sobre o
futuro dos produtos socioambientais no Brasil.
O Santander deixa praticamente claro que deve extinguir
o nome Real, em três anos, como fez com a bandeira Banespa, que teve menor investimento em comunicação. "[Planejamos uma] Certa otimização da
organização comercial, unida à
adoção de uma estratégia de
marca única, no momento
oportuno. Todas nossas unidades na América Latina convergem agora para uma única marca", disse aos acionistas.
"Acho difícil o banco tomar
uma decisão como essa [de extinguir a marca Real] sem fazer
uma pesquisa cuidadosa de
mercado. Além da imagem de
sustentabilidade, o bando tem
o nome Real, que é o da moeda
brasileira. Isso vale muito", disse Luís Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.
O Santander afirma que não
é verdade que mantenha apenas o seu nome nos bancos que
compra. No Reino Unido, conserva o nome da Abbey National e mesmo na Espanha tem as
bandeiras Banif e Banesto.
Reforço em propaganda
Às vésperas de sua venda, o
Real reforçou o número de propagandas no ar e nos meios impressos. Em clima de despedida, o banco levou ao ar no horário nobre na semana passada
uma campanha institucional
de dois minutos para reforçar
sua imagem de preocupação
com o meio ambiente e com o
social. A propaganda praticamente revisava toda a história
do banco no país, ressaltando
que foi o primeiro a criar produtos como a negociação de
crédito de carbono, abrir conta
para universitários, microcrédito e fundos para empresas
consideradas ecologicamente
responsáveis.
Na quinta passada, colocou
no ar uma campanha institucional de R$ 10 milhões para
vender o que chama de "postura diferenciada" na hora de resolver eventuais problemas do
dia-dia dos clientes. Afirma na
propaganda que procura resolver os problemas primeiro na
agência, no Disque Real ou na
internet. " Se não for resolvido
temos uma estrutura especializada tanto no Serviço de Atendimento ao Cliente como na ultima instância de nosso atendimento que é a Ouvidoria", diz.
Entre os bancos brasileiros, o
Real aparecia em agosto na oitava posição, com 143 reclamações consideradas procedentes
pelo Banco Central, enquanto o
Santander ocupava a vice-liderança com 263 reclamações.
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