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BB ganha força com bancos estaduais
Decisão política do governo transfere Besc ao maior banco público do país, que também deve ficar com BEP e BRB
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A incorporação do Besc pelo
Banco Brasil, anunciada sexta-feira, garantiu à instituição
controlada pelo Tesouro Nacional não só participar da onda de "compras" do sistema financeiro mas a um custo menor. Se o Besc fosse a leilão, o
BB, como instituição pública,
não poderia participar da disputa. Além disso, o preço seria
maior do que o envolvido nessa
negociação, em função do interesse de bancos privados no
mercado de Santa Catarina.
Segundo a Folha apurou, o
acerto político entre os governos federal e estadual foi decisivo na operação. A mesma estratégia de incorporação será
usada com o banco do Piauí
(BEP) - também sob controle
da União atualmente - e o
anúncio deverá ser feito dentro
de duas semanas. Já no caso do
BRB (Banco de Brasília), o terceiro da lista de aquisições do
BB e que pertence ao governo
local, a expectativa na área técnica do governo é que a formalização fique para novembro.
O fortalecimento do BB
diante da movimentação da
concorrência, segundo fontes
ouvidas pela Folha, foi uma decisão política do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Estudos técnicos feitos pela área
econômica mostraram que estava praticamente esgotada a
capacidade de o BB continuar
crescendo apenas com estratégias próprias para conquistar
novos clientes e se manter na
liderança do mercado.
Principalmente porque a sua
concorrência avança rapidamente, adquirindo bancos menores. Por ser uma instituição
pública, o BB enfrenta restrições legais para fazer o mesmo.
Assim, a saída foi tratar o
problema técnico de forma política, resolvendo a questão
dentro de casa com a transferência para o BB de bancos que
já estavam sob o controle do
Tesouro Nacional. Com a incorporação do Besc, o banco
dobrará a sua presença em
Santa Catarina, um Estado
com grande potencial de negócios, na avaliação da área técnica envolvida nas negociações.
Segundo a Folha apurou,
mesmo negociando o banco
por um valor mais baixo, o governador de Santa Catarina deverá faturar politicamente com
o compromisso do BB de manter o atendimento de clientes
de renda mais baixa e também
no interior do Estado.
O preço será determinado
por uma empresa que avaliará
o Besc e o BB, mas ele deverá
ser menor do que o que poderia
ser conseguido num leilão.
Com dinheiro de sobra em
busca de aplicações rentáveis,
os bancos privados aproveitam
para se capitalizar, avançar sobre a concorrência e ganhar
mercado. De um lado ficam os
grandes bancos com apetite
para ir às compras e engolir
instituições menores. Do outro, estão instituições de médio
porte que tentam se fortalecer
com o lançamento de ações.
A participação do BB nesse
processo se limitava ao aumento da parcela de suas ações negociadas no mercado, anunciada, mas ainda não concretizada. Como o governo sabe que a
tendência global é a concentração bancária, com predominância de grande conglomerados, avaliou que o BB não poderia "ficar fora do jogo".
Há uma corrente forte no governo que acredita que esse
movimento não é prejudicial
ao consumidor. Isso porque a
competição estaria mais acirrada e aumentaria ainda mais
com a expansão do mercado de
crédito no país.
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