São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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BB ganha força com bancos estaduais

Decisão política do governo transfere Besc ao maior banco público do país, que também deve ficar com BEP e BRB

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A incorporação do Besc pelo Banco Brasil, anunciada sexta-feira, garantiu à instituição controlada pelo Tesouro Nacional não só participar da onda de "compras" do sistema financeiro mas a um custo menor. Se o Besc fosse a leilão, o BB, como instituição pública, não poderia participar da disputa. Além disso, o preço seria maior do que o envolvido nessa negociação, em função do interesse de bancos privados no mercado de Santa Catarina.
Segundo a Folha apurou, o acerto político entre os governos federal e estadual foi decisivo na operação. A mesma estratégia de incorporação será usada com o banco do Piauí (BEP) - também sob controle da União atualmente - e o anúncio deverá ser feito dentro de duas semanas. Já no caso do BRB (Banco de Brasília), o terceiro da lista de aquisições do BB e que pertence ao governo local, a expectativa na área técnica do governo é que a formalização fique para novembro.
O fortalecimento do BB diante da movimentação da concorrência, segundo fontes ouvidas pela Folha, foi uma decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estudos técnicos feitos pela área econômica mostraram que estava praticamente esgotada a capacidade de o BB continuar crescendo apenas com estratégias próprias para conquistar novos clientes e se manter na liderança do mercado.
Principalmente porque a sua concorrência avança rapidamente, adquirindo bancos menores. Por ser uma instituição pública, o BB enfrenta restrições legais para fazer o mesmo.
Assim, a saída foi tratar o problema técnico de forma política, resolvendo a questão dentro de casa com a transferência para o BB de bancos que já estavam sob o controle do Tesouro Nacional. Com a incorporação do Besc, o banco dobrará a sua presença em Santa Catarina, um Estado com grande potencial de negócios, na avaliação da área técnica envolvida nas negociações.
Segundo a Folha apurou, mesmo negociando o banco por um valor mais baixo, o governador de Santa Catarina deverá faturar politicamente com o compromisso do BB de manter o atendimento de clientes de renda mais baixa e também no interior do Estado.
O preço será determinado por uma empresa que avaliará o Besc e o BB, mas ele deverá ser menor do que o que poderia ser conseguido num leilão.
Com dinheiro de sobra em busca de aplicações rentáveis, os bancos privados aproveitam para se capitalizar, avançar sobre a concorrência e ganhar mercado. De um lado ficam os grandes bancos com apetite para ir às compras e engolir instituições menores. Do outro, estão instituições de médio porte que tentam se fortalecer com o lançamento de ações.
A participação do BB nesse processo se limitava ao aumento da parcela de suas ações negociadas no mercado, anunciada, mas ainda não concretizada. Como o governo sabe que a tendência global é a concentração bancária, com predominância de grande conglomerados, avaliou que o BB não poderia "ficar fora do jogo".
Há uma corrente forte no governo que acredita que esse movimento não é prejudicial ao consumidor. Isso porque a competição estaria mais acirrada e aumentaria ainda mais com a expansão do mercado de crédito no país.


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