São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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FolhaInvest

Recuperação da Bolsa premia sangue-frio

Ibovespa teve valorização de 29,8% entre 16 de agosto, quando registrou seu pior momento desde abril, e a última sexta-feira

Analistas ressaltam que entrar no mercado acionário em fases de volatilidade não é recomendável para investidores inexperientes

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os últimos dois meses e meio foram bem representativos de quanto o mercado acionário é instável. No fim de julho, a Bovespa trabalhava em patamares recordes. Em meados de agosto, havia desabado para os níveis mais baixos desde abril. E no começo de outubro, cravava novo pico histórico.
Ter sangue-frio nos momentos de oscilação das Bolsas não é uma tarefa fácil, mas quem esperou e não vendeu suas ações sobreviveu à turbulência e viu sua carteira se apreciar.
O investidor que resolveu arriscar e entrou na Bolsa no período mais crítico de agosto -em que o senso comum mandaria vender ações, e não comprá-las- teve um expressivo ganho em poucas semanas. Do piso registrado em 16 de agosto (48.015 pontos) até o pregão de sexta-feira, a valorização do índice Ibovespa foi de 29,8%.
Em outro caso hipotético, sempre considerando a oscilação do Ibovespa, um investidor que entrou na Bolsa no pico de julho (58.124 pontos no dia 19) e saiu em 16 de agosto, amargou perdas de 17,4%. Quem foi para a Bolsa no momento do recorde de 19 de julho e manteve suas aplicações chegou à sexta com rentabilidade de 7,2%.
"É complicado para quem não está ambientado com o mercado acionário entrar na Bolsa em um momento mais turbulento, na tentativa de ganhar mais", diz a consultora de investimentos Márcia Dessen, da BankRisk. "Há oportunidades para ganhar nesse cenário, mas isso costuma ser mais indicado para investidores mais experientes", afirma a consultora.
A pontuação da Bolsa oscila com o sobe-e-desce dos preços das ações. Quando os papéis das empresas listadas na Bolsa se desvalorizam, a pontuação encolhe. Nos momentos de valorização, os pontos crescem.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo e que inclui os 63 papéis mais negociados, fechou a sexta-feira a 62.318 pontos -muito perto de seu recorde, que foram os 62.340 pontos obtidos no dia 1º de outubro. Estar em nível recorde significa que as ações listadas nunca valeram tanto -o que representa aproximadamente R$ 2,3 trilhões.
Para o pequeno investidor, decidir o que fazer nos períodos mais turbulentos é sempre complicado. "Para quem está pensando em começar a investir em Bolsa, o recomendável é sempre esperar por um cenário de menor volatilidade", aconselha Dessen.
O mercado acionário global começou a enfrentar um período de turbulências no fim de julho. O epicentro da crise foi o mercado de crédito habitacional norte-americano, que passou a ter problemas de solvência principalmente em seu segmento de alto risco.
Temores de contágio dessa crise fizeram com que os investidores começassem a liquidar pelo mundo ativos de maior risco (como ações e títulos da dívida de emergentes), para migrar para papéis do Tesouro dos EUA, considerados os mais seguros do planeta. Nesse cenário, as Bolsas desabaram pelo mundo no mês de agosto.
Os mercados acionários ganharam novo impulso após o Fed (o banco central dos EUA) reduzir os juros básicos de 5,25% para 4,75% anuais no dia 18 de setembro. O corte, mais forte que o esperado pelos analistas, diminuiu a rentabilidade dos títulos do Tesouro dos EUA e levou investidores a retornarem a aplicações de maior risco, dando alento às Bolsas.
"Ainda não se dissiparam diversas das incertezas associadas ao contágio dessa crise de crédito para a economia real", diz Luiz Rogê Ferreira, responsável pelo departamento de análises da consultoria CMA.
A recuperação da Bovespa após a crise levou analistas a reverem suas projeções para o mercado acionário doméstico no fim de 2007. Muitos contavam com a Bolsa em torno dos 60 mil pontos apenas em dezembro. Agora, acreditam que a Bovespa pode estar em aproximadamente 65 mil pontos no encerramento do ano.
Para a CMA, é "válido" considerar a possibilidade de o Ibovespa alcançar os 67.500 pontos no fim de dezembro. Isso representaria uma alta de aproximadamente 8% em relação ao atual nível da Bolsa.


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