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FolhaInvest
Recuperação da Bolsa premia sangue-frio
Ibovespa teve valorização de 29,8% entre 16 de agosto, quando registrou seu pior momento desde abril, e a última sexta-feira
Analistas ressaltam que entrar no mercado acionário em fases de volatilidade
não é recomendável para investidores inexperientes
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os últimos dois meses e meio
foram bem representativos de
quanto o mercado acionário é
instável. No fim de julho, a Bovespa trabalhava em patamares
recordes. Em meados de agosto, havia desabado para os níveis mais baixos desde abril. E
no começo de outubro, cravava
novo pico histórico.
Ter sangue-frio nos momentos de oscilação das Bolsas não
é uma tarefa fácil, mas quem
esperou e não vendeu suas
ações sobreviveu à turbulência
e viu sua carteira se apreciar.
O investidor que resolveu arriscar e entrou na Bolsa no período mais crítico de agosto
-em que o senso comum mandaria vender ações, e não comprá-las- teve um expressivo
ganho em poucas semanas. Do
piso registrado em 16 de agosto
(48.015 pontos) até o pregão de
sexta-feira, a valorização do índice Ibovespa foi de 29,8%.
Em outro caso hipotético,
sempre considerando a oscilação do Ibovespa, um investidor
que entrou na Bolsa no pico de
julho (58.124 pontos no dia 19)
e saiu em 16 de agosto, amargou
perdas de 17,4%. Quem foi para
a Bolsa no momento do recorde
de 19 de julho e manteve suas
aplicações chegou à sexta com
rentabilidade de 7,2%.
"É complicado para quem
não está ambientado com o
mercado acionário entrar na
Bolsa em um momento mais
turbulento, na tentativa de ganhar mais", diz a consultora de
investimentos Márcia Dessen,
da BankRisk. "Há oportunidades para ganhar nesse cenário,
mas isso costuma ser mais indicado para investidores mais experientes", afirma a consultora.
A pontuação da Bolsa oscila
com o sobe-e-desce dos preços
das ações. Quando os papéis
das empresas listadas na Bolsa
se desvalorizam, a pontuação
encolhe. Nos momentos de valorização, os pontos crescem.
O Ibovespa, principal índice
da Bolsa de São Paulo e que inclui os 63 papéis mais negociados, fechou a sexta-feira a
62.318 pontos -muito perto de
seu recorde, que foram os
62.340 pontos obtidos no dia 1º
de outubro. Estar em nível recorde significa que as ações listadas nunca valeram tanto -o
que representa aproximadamente R$ 2,3 trilhões.
Para o pequeno investidor,
decidir o que fazer nos períodos
mais turbulentos é sempre
complicado. "Para quem está
pensando em começar a investir em Bolsa, o recomendável é
sempre esperar por um cenário
de menor volatilidade", aconselha Dessen.
O mercado acionário global
começou a enfrentar um período de turbulências no fim de julho. O epicentro da crise foi o
mercado de crédito habitacional norte-americano, que passou a ter problemas de solvência principalmente em seu segmento de alto risco.
Temores de contágio dessa
crise fizeram com que os investidores começassem a liquidar
pelo mundo ativos de maior risco (como ações e títulos da dívida de emergentes), para migrar
para papéis do Tesouro dos
EUA, considerados os mais seguros do planeta. Nesse cenário, as Bolsas desabaram pelo
mundo no mês de agosto.
Os mercados acionários ganharam novo impulso após o
Fed (o banco central dos EUA)
reduzir os juros básicos de
5,25% para 4,75% anuais no dia
18 de setembro. O corte, mais
forte que o esperado pelos analistas, diminuiu a rentabilidade
dos títulos do Tesouro dos EUA
e levou investidores a retornarem a aplicações de maior risco,
dando alento às Bolsas.
"Ainda não se dissiparam diversas das incertezas associadas ao contágio dessa crise de
crédito para a economia real",
diz Luiz Rogê Ferreira, responsável pelo departamento de
análises da consultoria CMA.
A recuperação da Bovespa
após a crise levou analistas a reverem suas projeções para o
mercado acionário doméstico
no fim de 2007. Muitos contavam com a Bolsa em torno dos
60 mil pontos apenas em dezembro. Agora, acreditam que a
Bovespa pode estar em aproximadamente 65 mil pontos no
encerramento do ano.
Para a CMA, é "válido" considerar a possibilidade de o Ibovespa alcançar os 67.500 pontos no fim de dezembro. Isso
representaria uma alta de aproximadamente 8% em relação
ao atual nível da Bolsa.
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