São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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Perdas atingem US$ 1,4 tri no sistema financeiro, afirma FMI

DO ENVIADO A WASHINGTON

As perdas mundiais do sistema financeiro relacionadas à crise nos EUA já atingiram US$ 1,4 trilhão, devem aumentar ainda mais e obrigarão os bancos a levantar pelo menos US$ 675 bilhões em capital adicional nos próximos cinco anos para voltarem ao equilíbrio.
Só nos últimos seis meses, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), as perdas bancárias aumentaram US$ 455 bilhões. O valor não leva em conta novas informações, desta semana, de problemas no sistema bancário europeu.
Além da necessidade de levantar capital adicional, os bancos poderão ser obrigados a se desfazer de até US$ 1 trilhão em ativos (participações em empresas, ações etc.) para voltar a ter as contas em ordem.
Os dados sugerem que, diante das perdas bancárias, da necessidade de novos capitais e do alto endividamento das famílias em vários países avançados, uma recessão global agora poderá ter impactos profundos.
O forte crescimento dos últimos cinco anos foi movido a crédito. E os EUA saíram da breve recessão de 2000 com aumento na oferta de financiamentos. Essa tendência, que elevou o endividamento das famílias no país a 130% do PIB, não só terminou como trouxe ruptura ao sistema de crédito.
"O sistema financeiro vem atravessando um período de turbulência sem precedentes. Apesar de muitos bancos já terem reconhecido prejuízos relacionados aos financiamentos "subprime" [de segunda linha], há muitas perdas potenciais que podem trazer mais prejuízos aos balanços", diz Jaime Caruana, diretor do departamento de Assuntos Monetários e Mercados de Capitais do FMI.
Segundo o "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global", do FMI, o "processo de desalavancagem (diminuição do endividamento) dos bancos cobrará um preço elevado no campo da oferta de crédito para o setor privado".
O relatório do FMI aponta que os bancos privados conseguiram levantar sozinhos cerca de US$ 430 bilhões em novos recursos entre meados de 2007 e setembro passado. Mas diz que as condições do mercado se deterioram rapidamente, tornando muito difícil agir sem a ajuda dos bancos centrais e dos Tesouros dos países afetados.
O funcionário do Fundo afirmou que EUA e Europa precisam encontrar uma "maneira coordenada e conjunta" de enfrentar a atual crise .
Segundo o FMI, do US$ 1,4 trilhão em perdas computadas até agora, 40% referem-se a bancos na Europa. (FCZ)


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