São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Alpargatas, "não dá para ter a menor idéia sobre o dólar"

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem sentir o efeito da crise na vida real, ao menos por enquanto, a Alpargatas vai vender 180 milhões de pares de Havaianas em 2008 no mundo. Nas projeções para o próximo ano, no entanto, as certezas são menores. "Tentar acertar o crescimento do PIB de 2009 já é meio chute, mas sobre o dólar não tenho a menor idéia", diz Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, que participou ontem do seminário MaxiMídia.

 

FOLHA - A Alpargatas já sentiu os efeitos da crise no consumo?
MÁRCIO UTSCH
- O consumo não foi afetado nem no Brasil nem lá fora, pelo menos até agora. A Alpargatas mantém o ritmo.

FOLHA - E em relação ao crédito?
UTSCH
- Não tínhamos nenhum tipo de solicitação de financiamento ou ACCs [Antecipação de Contrato de Câmbio, mecanismo usado por exportadores]. Temos um hedge forte e natural porque importações e exportações são equivalentes.
Nosso balanço estruturado e conservador nos ajudará a enfrentar a turbulência.

FOLHA - A Alpargatas perdeu 36% de seu valor nos últimos dois meses. O que aconteceu?
UTSCH
- A Bolsa vive o movimento de manada, de sobe-e-desce irracional, impulsionada por boatos e não por fatos. As crises levam tempo para ir decantando. Alguma coisa se perde, mas a Bolsa se acalmará. Daí para a frente, a pergunta que fica é sobre os reflexos na economia em dois ou três anos, em razão das perdas havidas agora.
Como fica? Não sei responder.

FOLHA - A empresa está refazendo planos em razão de expectativas menores de crescimento?
UTSCH
- Estamos trabalhando com crescimento do PIB de 3,5% a 4,5%, baixando um pouco a previsão inicial, mas sobre o dólar não tenho idéia. O [incremento do] PIB já é meio chute, mas do dólar não dá para ter a menor noção, com a moeda variando 7% no mesmo dia.
Como temos capacidade de ampliação da produção, não temos necessidade de investimento em ativos fixos imediatos. Investimos R$ 140 milhões de 2006 a 2008, as fábricas estão atualizadas e com capacidade de produção.

FOLHA - A Alpargatas está mantendo investimentos?
UTSCH
- Nosso investimento no ano que vem será em marketing e ficará entre 11% e 13% do faturamento. Desse investimento não abrimos mão porque é nosso seguro contra a crise: investir em fortalecer as marcas. Tirar o pé do acelerador numa hora dessas é deixar o curto prazo exercer influência grande no valor da marca, e isso não podemos permitir.


Texto Anterior: Moinho suspende importação, e Pih espera concentração
Próximo Texto: Pacote está descartado, insiste Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.