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Brasil é o pior em ranking mundial de impostos
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil aparece no último
lugar em ranking divulgado ontem pelo Banco Mundial sobre
o tempo gasto pelas empresas
para manter em dia suas obrigações tributárias.
Segundo o relatório, as empresas brasileiras consomem,
em média, 2.600 horas cuidando do emaranhado tributário
do país.
O penúltimo colocado do
ranking de 175 países é a Ucrânia, com 2.185 horas gastas
anualmente. Entre os que têm
sistemas de tributação mais
simples, destacam-se os Emirados Árabes (12 horas) e Cingapura (30 horas).
O relatório do Banco Mundial foi realizado em conjunto
com a empresa de auditoria
PricewaterhouseCoopers, que
forneceu os dados relativos aos
sistemas tributários dos países
e a respeito de como as empresas lidam com eles no dia-a-dia.
Na captação dos resultados,
houve entrevistas diretas com
os administradores das empresas que compõem a amostra da
pesquisa.
Na lista de 175 países, o Brasil
também aparece como um dos
locais onde as empresas mais
pagam impostos como proporção do lucro líquido que obtêm
nas suas operações comerciais.
Segundo o relatório, na média, as empresas brasileiras pagam o equivalente a 71% do total do seu lucro líquido anual
em impostos. A divisão é a seguinte: 22,4% em impostos diretos, 42,1% em tributos relativos à mão-de-obra e 7,2% em
outras taxas e contribuições.
O Banco Mundial salienta
que a América Latina figura entre as regiões onde prevalecem
os sistemas tributários mais
complexos. Uma das exceções é
o Chile, onde a carga de impostos equivale a apenas 26% do
total do lucro líquido aferido
pelas empresas.
Estudo realizado pelo IBPT
(Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) estimou
que as empresas brasileiras
gastam cerca de R$ 20 bilhões
ao ano para cumprir a burocracia exigida pelas autoridades
fiscais no pagamento de mais
de 60 impostos, taxas e contribuições a União, Estados e municípios, um "caos tributário".
A emergente China, por
exemplo, tem apenas 25 impostos e uma carga tributária equivalente a cerca de 17% do PIB
(Produto Interno Bruto), contra cerca de 38% no Brasil, segundo o IBPT.
Atualmente, vigoram no Brasil cerca de 3.000 normas tributárias, que são atualizadas ao
ritmo de 300 modificações
anuais. Segundo a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), o
segmento de planejamento tributário é o que mais cresce e
gera empregos hoje no país na
área do direito.
A pesquisa do Banco Mundial demonstrou, no entanto,
que mais elevados ou em níveis
menores, os impostos são os
grandes inimigos dos empresários no mundo: 90% dos executivos entrevistados colocam os
tributos como um dos cinco
maiores obstáculos para os negócios.
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