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AmBev lança pacote de ações, de olho no mercado da Coca
Empresa vai tentar vender mais refrigerantes, após guaraná perder mercado
Coca-Cola diz que não vai se mobilizar por causa da concorrência; AmBev adota nova tática e reduz preço
de bebida em até 20%
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo AmBev vai colocar
no mercado um pacote de ações
para tentar ganhar espaço no
segmento de refrigerantes, liderado à distância pela Coca-Cola. Entre as medidas tomadas pela empresa, há a decisão
de reduzir em até 20% os preços para essas bebidas do grupo
(como Guaraná Antarctica e
Pepsi).
Nos três últimos meses, o
Guaraná Antarctica (normal e
diet) perdeu venda, enquanto a
Coca (normal e light) manteve
certa estabilidade.
Há cinco medidas -algumas
de maior impacto- que chegam à praça. A redução nos preços é uma delas e tem implicações diretas no "market share"
do segmento. Cada vez que
uma companhia, de qualquer
setor, decide mexer em suas tabelas, há expansão quase automática de sua participação de
mercado. É o que se chama de
"comprar share" -expressão
que desagrada as empresas e
ainda mais os seus concorrentes, que são afetados pelo movimento.
A Coca tinha conhecimento,
há algumas semanas, que a AmBev iria se mexer, apurou a Folha. Ela esperava por isso e diz
que não se incomoda. Nos bastidores, tem afirmado que essa
ação tenta, na prática, tirar o foco do mercado da guerra de
vendas que vai se armar neste
verão: a das cervejas, entre a
Sol, da mexicana Femsa, que
distribui a Coca no país, e a
Skol, da AmBev.
"Nós queremos mexer neste
mercado. Há um espaço aberto
aí com o foco deles [concorrentes] em cerveja", diz Adriane
Elias, gerente de marketing de
refrigerantes da AmBev. Não
há prazo para o fim da política
de desconto nos preços das bebidas da empresa.
Oficialmente, em nota -solicitada pela imprensa, e divulgada após a Ambev informar os
seus próximos passos- a Coca-Cola diz que "não define a sua
atuação a partir de mudanças
de estratégia de concorrentes".
Segundo informou ontem a
AmBev, dentro desse pacote de
ações ainda há: 1) obtenção do
patrocínio dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, em que só serão vendidos refrigerantes da empresa;
2) lançamento de uma campanha nacional no dia 9, com três
filmes publicitários; 3) chegada
de uma nova ação de mídia em
São Paulo e Rio de Janeiro no
dia 14. Essa estratégia promocional inclui a distribuição de
camisetas, com dizeres variados, para o Réveillon.
Existe também a previsão da
empresa em expandir em 50%
o espaço coberto com mídia nas
praças em que estão as suas
marcas de refrigerantes. Tudo
calculado para que o consumidor peça mais guaraná e Pepsi.
Não é uma briga muito fácil.
A Coca-Cola, com as versões
light e normal, tinha 41,4% do
mercado em julho, 41,3% em
agosto e 41,5% em setembro. O
grupo somava 55,4% em setembro -número que tem se
mantido estável. O Guaraná
Antarctica (diet e light) registrava 8,1% em julho, 7,9% em
agosto e 7,7% em setembro.
Na média mensal do ano, a
AmBev informa que toda a área
de refrigerantes (Pepsi, Sukita,
entre outros) soma 17% de
"share". Diz ainda que a sua
participação média de mercado
está maior que a de 2005.
No terceiro trimestre de
2006, a Coca-Cola Brasil vendeu 11% mais em relação a
2005 -o volume global comercializado pela Coca cresceu menos, 5%. A AmBev não tem dados do terceiro trimestre até o
momento, mas o balanço do segundo trimestre mostra que os
números estão positivos.
A receita líquida com refrigerantes cresceu 6,7% de abril a
junho sobre 2005. O volume
vendido subiu 8,6%.
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