São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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AmBev lança pacote de ações, de olho no mercado da Coca

Empresa vai tentar vender mais refrigerantes, após guaraná perder mercado

Coca-Cola diz que não vai se mobilizar por causa da concorrência; AmBev adota nova tática e reduz preço de bebida em até 20%

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo AmBev vai colocar no mercado um pacote de ações para tentar ganhar espaço no segmento de refrigerantes, liderado à distância pela Coca-Cola. Entre as medidas tomadas pela empresa, há a decisão de reduzir em até 20% os preços para essas bebidas do grupo (como Guaraná Antarctica e Pepsi).
Nos três últimos meses, o Guaraná Antarctica (normal e diet) perdeu venda, enquanto a Coca (normal e light) manteve certa estabilidade.
Há cinco medidas -algumas de maior impacto- que chegam à praça. A redução nos preços é uma delas e tem implicações diretas no "market share" do segmento. Cada vez que uma companhia, de qualquer setor, decide mexer em suas tabelas, há expansão quase automática de sua participação de mercado. É o que se chama de "comprar share" -expressão que desagrada as empresas e ainda mais os seus concorrentes, que são afetados pelo movimento.
A Coca tinha conhecimento, há algumas semanas, que a AmBev iria se mexer, apurou a Folha. Ela esperava por isso e diz que não se incomoda. Nos bastidores, tem afirmado que essa ação tenta, na prática, tirar o foco do mercado da guerra de vendas que vai se armar neste verão: a das cervejas, entre a Sol, da mexicana Femsa, que distribui a Coca no país, e a Skol, da AmBev.
"Nós queremos mexer neste mercado. Há um espaço aberto aí com o foco deles [concorrentes] em cerveja", diz Adriane Elias, gerente de marketing de refrigerantes da AmBev. Não há prazo para o fim da política de desconto nos preços das bebidas da empresa.
Oficialmente, em nota -solicitada pela imprensa, e divulgada após a Ambev informar os seus próximos passos- a Coca-Cola diz que "não define a sua atuação a partir de mudanças de estratégia de concorrentes".
Segundo informou ontem a AmBev, dentro desse pacote de ações ainda há: 1) obtenção do patrocínio dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, em que só serão vendidos refrigerantes da empresa; 2) lançamento de uma campanha nacional no dia 9, com três filmes publicitários; 3) chegada de uma nova ação de mídia em São Paulo e Rio de Janeiro no dia 14. Essa estratégia promocional inclui a distribuição de camisetas, com dizeres variados, para o Réveillon.
Existe também a previsão da empresa em expandir em 50% o espaço coberto com mídia nas praças em que estão as suas marcas de refrigerantes. Tudo calculado para que o consumidor peça mais guaraná e Pepsi.
Não é uma briga muito fácil. A Coca-Cola, com as versões light e normal, tinha 41,4% do mercado em julho, 41,3% em agosto e 41,5% em setembro. O grupo somava 55,4% em setembro -número que tem se mantido estável. O Guaraná Antarctica (diet e light) registrava 8,1% em julho, 7,9% em agosto e 7,7% em setembro.
Na média mensal do ano, a AmBev informa que toda a área de refrigerantes (Pepsi, Sukita, entre outros) soma 17% de "share". Diz ainda que a sua participação média de mercado está maior que a de 2005.
No terceiro trimestre de 2006, a Coca-Cola Brasil vendeu 11% mais em relação a 2005 -o volume global comercializado pela Coca cresceu menos, 5%. A AmBev não tem dados do terceiro trimestre até o momento, mas o balanço do segundo trimestre mostra que os números estão positivos.
A receita líquida com refrigerantes cresceu 6,7% de abril a junho sobre 2005. O volume vendido subiu 8,6%.


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