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POLÍTICA MONETÁRIA
Estudo aponta pior desempenho a economias que mantêm taxa alta e câmbio valorizado, como o Brasil
Juro baixo e dólar alto impulsionam países
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Os países que adotaram uma
política de taxas de juros baixas e
de câmbio desvalorizado foram
os que apresentaram os melhores
desempenhos econômico e social
nos últimos 20 anos. Já os países
que fizeram uma opção contrária
(juros altos e câmbio valorizado),
como o Brasil, não foram bem-sucedidos.
A conclusão consta em trabalho
realizado pelo Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) com base no comportamento dos principais índices
econômicos e sociais de 19 países,
entre 1980 e 2001.
Para medir o desempenho social dos países, o Iedi utilizou como termômetro o comportamento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organizações das Nações Unidas). O
IDH mede o desenvolvimento
dos países com base na expectativa de vida, no nível educacional e
na renda per capita.
De acordo com a pesquisa do
Iedi, os países que apresentaram
maiores taxas de expansão do PIB
e de crescimento do IDH, entre
1980 e 2001, foram China, Coréia
do Sul, Cingapura, Malásia, Tailândia, Índia, Irlanda, Indonésia e
Chile.
Esses países, entre os anos de
1980 e 2001, ampliaram sua participação no PIB mundial de 3,7%
para 8,9% e cresceram a taxas de
pelo menos 5% ao ano. Além disso, aumentaram seu IDH em 21%.
Os destaques são China, Índia e
Indonésia.
Segundo o economista do Iedi
Júlio Sérgio Gomes de Almeida,
autor do trabalho, esses nove países foram os que também apresentaram os maiores índices de
desvalorização real do câmbio
dos últimos 20 anos, as menores
taxas de juros reais (segundo a
média de 1990 a 2001) e o maior
nível de crédito ao setor privado.
Outras duas características comuns desses nove países foram
baixa inflação e superávit externo
elevado.
De acordo com Gomes de Almeida, a manutenção dessas condições permitiu que esse seleto
grupo de países em desenvolvimento enfrentasse com êxito as
ameaças ao crescimento provenientes da globalização financeira
dos anos 90.
Já os países que optaram pela
valorização de suas moedas e por
juros altos, como foi o caso do
Brasil, aparecem como destaque
negativo na pesquisa do Iedi. Eles
formam o grupo com baixo crescimento, avanço em menor escala
dos indicadores sociais, maior
vulnerabilidade externa e manutenção de situações estruturais
desfavoráveis, como baixa taxa de
investimento.
Pouco fôlego
No grupo de países com crescimento abaixo da média anual do
mundo (2,8%) e dos EUA (3,1%),
mas com expansão acima de 2%,
aparecem Japão, França, Brasil,
México e Filipinas.
Esses países reduziram a participação no PIB mundial de 27,1%
para 25,3%. Se excluídos os países
desenvolvidos (Japão e França), a
participação cai de 4,1% para
3,7%. O IDH do grupo cresceu
9,1% na média. Dos países desenvolvidos, o IDH médio cresceu
11,5%. Conclusão: o mais baixo
crescimento foi acompanhado de
menor alteração no desenvolvimento humano.
O grande problema, na opinião
de Gomes de Almeida, é a manutenção da política de juros altos e
câmbio valorizado no Brasil. "Enquanto não tivermos juros menores e câmbio mais desvalorizado,
não vamos ter crescimento sustentável", diz o economista.
A política econômica do governo Lula tem sido lenta no processo de redução dos juros e não parece convencida a desvalorizar a
moeda.
Na quinta-feira passada, por
exemplo, o diretor de Assuntos
Internacionais do Banco Central,
Alexandre Schwartsman, disse
que o atual patamar do câmbio
estava num nível razoável, o que
contraria a opinião do Iedi e de
exportadores, que defendem uma
taxa acima de R$ 3 por dólar.
Gomes de Almeida ainda selecionou um terceiro grupo de países, que cresceram menos de 2%
ou ano ou até encolheram. São os
seguintes: Alemanha, Argentina,
África do Sul e Rússia -que sofreu grandes modificações estruturais a partir do desdobramento
da URSS. Esses países reduziram
sua participação no PIB mundial
de 13,5% para 10,2%. O IDH do
grupo cresceu muito pouco: 3,2%.
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