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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Em março de 2004, índice acumulado será inferior ao alvo pela primeira vez desde 1999, diz Unibanco

Inflação em 12 meses ficará abaixo da meta

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em março do ano que vem, pela primeira vez desde 1999, a inflação acumulada em 12 meses deverá estar abaixo da meta para 2004 (5,5%), segundo estimativas do departamento de pesquisa do Unibanco.
"Nos últimos anos, nos acostumamos a ver o BC trabalhando para trazer a inflação para um nível abaixo da meta durante o tempo todo. Na maior parte de 2004, a autoridade monetária vai batalhar para manter os ganhos já obtidos", diz Andrei Spacov, economista do Unibanco.
Para economistas e gestores consultados, esse dado poderia ser interpretado como uma possibilidade de queda maior dos juros, mas essa não deverá ser a opção do Banco Central, dizem.
Boa parte dos analistas afirma esperar para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deste mês corte de um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 17,5% ao ano.
"A Selic deverá fechar o ano em 16,5% e chegar a março em 15%", diz Fábio Akira, economista do JP Morgan. Para ele, meio ponto percentual será uma redução "muito baixa", e 1,5 ponto percentual, possível, "mas não tão provável assim".
"O Copom terá dados sobre inflação muito confortáveis na próxima reunião e sem surpresas. Em novembro, no dia do Copom, o IPCA-15 surpreendeu ao sair abaixo da estimativa de mercado", afirma Spacov.
Desta vez, segundo Spacov, a situação tranquila foi amplamente antecipada e não haverá prévia do índice antes da reunião.
Surpreendida pela redução de 1,5 ponto percentual no mês passado, porém, uma parcela do mercado prefere divulgar sua aposta apenas perto dos dias 16 e 17, datas da próxima reunião.
"Estou convencido de que o BC observa os juros reais ["swap" de 360 dias X inflação projetada para os próximos 12 meses] na hora da decisão", diz Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal.
O economista afirma considerar-se "voz meio rara porque, se houver surpresa na próxima reunião, será negativa, em razão de um corte de apenas meio ponto percentual". Póvoa diz não acreditar que o BC tenha abandonado uma política gradualista na redução dos juros.
Nos bancos e corretoras, economistas e gestores dividem-se entre os que afirmam que os mercados subiram muito e tenderiam à estabilização e os que dizem que ainda há espaço para avançar. Para Póvoa, o mercado está exagerando e há uma posição de "bola de neve".
"Gestores compram Bolsa, realizam ganhos, acreditando que o Ibovespa bateu o teto e, no dia seguinte, vêem o mercado continuar a subir com força. Ele tem que acompanhar. Isso acontece em todos os mercados."
Muitos gestores afirmam que não há grandes possibilidades de inversão da liquidez e que valeria a pena ficar posicionado de forma mais otimista.
"Estou otimista também pela situação da conta corrente, a mais benéfica dos últimos anos, a balança comercial vem surpreendendo, a inflação está comportada, entre outros fatores. Não vejo tudo já precificado", diz Akira.

Agenda
Além de índices de preços, IGP-M e IPC-S, que saem hoje, e IGP-DI, amanhã, o mercado aguarda a reunião do comitê de política monetária dos Estados Unidos. Os juros devem ser mantidos, mas a reunião de amanhã poderá sinalizar a política monetária para o próximo ano.



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