São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Na crise, reclamação trabalhista de terceirizado tem alta, diz estudo

Além da demissão de 1.300 funcionários, a Vale vai trocar 1.200 de seus terceirizados por funcionários da própria empresa. A Votorantim também já começou a cortar seus profissionais contratados por terceirização. Essa situação não atinge apenas as duas, e as reclamações trabalhistas na Justiça envolvendo terceirizados e empresas contratantes devem se agravar nos próximos meses.
Os processos movidos por profissionais terceirizados contra as companhias contratantes do serviço estão em alta, segundo levantamento da Sextante Brasil, consultoria especializada em gestão de pessoas, com 77 empresas que empregaram, juntas, 873 mil funcionários, com faturamento bruto de R$ 669 bilhões.
Em 2008, de todos os processos trabalhistas impetrados contra as empresas pesquisadas, 51% foram relacionados a funcionários terceirizados. Nesses casos, a companhia é envolvida no contencioso por meio da chamada responsabilidade solidária. Em 2000, essa relação era de 31%.
Para Rugenia Pomi, diretora-executiva da Sextante Brasil, trata-se de um problema que deve se agravar com a crise. "Como a tendência agora é que os contratos de terceirização sejam rompidos, esses processos trabalhistas devem aumentar muito", afirma.
Os setores em que o problema mais aparece são comunicação e telecomunicação, químico e petroquímico, mineração, metalurgia e siderurgia, segundo a pesquisa.
O estudo também mostra que o custo total com a terceirização diminuiu 16% no período. Em 2000, as empresas analisadas gastavam com terceirização 8,9% das despesas totais. Em 2008, esse percentual foi reduzido para 7,5%.
"Na tentativa de reduzir custos, muitas empresas fizeram contratos de terceirização mal conduzidos que podem sair mais caros a partir de agora", afirma.
Pomi diz que, além de todas as dificuldades pelas quais as empresas estão passando nesta crise, elas também terão de lidar com o crescimento do passivo trabalhista, pois, com a avalanche de demissões, o momento de fazer reclamações trabalhistas também chegou.

TACADA

O Mission Hills, o maior clube de golfe do mundo, vai demitir 20% de seus funcionários, informou a Bloomberg. O clube chinês, que sediou em novembro a Copa Mundial de Golfe, não vai renovar o contrato dos trabalhadores que vencem neste mês, segundo a Bloomberg. Hoje, o Mission Hills tem 10 mil funcionários e 12 campos de golfe. O motivo do corte é a desaceleração econômica provocada pela crise, que deve reduzir os gastos com lazer.

UM GOLE

O abastecimento de copos e taças para as vendas de Natal e Ano Novo das redes de varejo serão comprometidas por conta das enchentes em Santa Catarina. As entregas dos fabricantes de copos e taças do Estado, cujas vendas costumam aumentar no final do ano, foram atrasadas após as tragédias que afetaram as indústrias locais, segundo Renata Camicado, responsável pela área financeira da Camicado, especializada em cama, mesa, banho e objetos de casa em geral. "Os produtos já estavam produzidos, pois a compra é feita antecipadamente, mas as entregas ficam em atraso", afirma. A expectativa de Camicado é que a situação seja restabelecida no início do ano que vem. "Muitos fecharam as portas e deram férias coletivas. Em janeiro tudo deve voltar ao normal", afirma.

SEM MERCADO
A venda do telefone da Apple que navega pela internet pela Claro e pela Vivo e a crise econômica praticamente exterminaram o mercado paralelo na Santa Ifigênia, onde, desde julho de 2007, era possível adquirir o aparelho desbloqueado. Hoje não se encontram mais iPhones nas lojas da região paulistana conhecida por ser a meca dos eletrônicos trazidos ao Brasil de forma irregular. Além do preço oferecido pelas teles (média de R$ 900 incluindo pacote de dados) ter pouca diferença com os aparelhos antes vendidos na Santa Ifigênia (R$ 700, sem garantia), a crise congelou a "importação" do iPhone via Paraguai, segundo os "distribuidores" ouvidos pela Folha.

BALANÇO
O livro "Defesa Comercial: o Brasil e o contencioso na OMC" (Editora Saraiva) será lançado amanhã, em SP. Coordenada por Maria Lucia Padua Lima e Barbara Rosenberg, professoras do GVlaw, programa da Direto GV, a obra traz um balanço sobre a atuação do Brasil no Órgão de Soluções de Controvérsias da OMC. O livro conta com depoimentos do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e dos ex-ministros Celso Lafer e Sérgio Amaral.

VIZINHANÇA
O fortalecimento da agenda de integração produtiva no Mercosul será debatido durante a reunião plenária do Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul, que acontecerá no dia 15 de dezembro, na Costa do Sauípe (BA). No evento, será lançada a proposta Encomex Mercosul (Encontros de Comércio Exterior), com o objetivo de aproximar compradores e fornecedores dos países do Mercosul. Os setores de madeira e móveis de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai já trabalham em conjunto. A agenda de integração produtiva entre os quatro países também prevê a adoção de estratégias de combate à febre aftosa, entre outras ações.


com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK


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