São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Economia vai piorar, diz Obama

Para ele, situação ficará ainda pior antes de melhorar e executivos de montadoras devem se adaptar ou sair

Nobel de Economia, Paul Krugman avalia que a indústria automobilística norte-americana caminha para a sua extinção


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Um dia depois de dar mais detalhes do plano de estímulo econômico que pretende implantar como primeiro ato de seu governo, que começa no dia 20 de janeiro, o presidente eleito Barack Obama disse que a economia dos EUA deve piorar antes de melhorar, defendeu ajuda à indústria automobilística, mas alertou que seus executivos devem se adaptar aos novos tempos ou sair.
"Felizmente, embora os tempos estejam duros neste momento, e as coisas devem piorar antes de melhorar, há uma convergência entre as circunstâncias e a agenda", afirmou em entrevista ao jornalista Tom Brokaw, do programa "Meet the Press", gravada no sábado e levada ao ar na manhã de ontem. O democrata falava que deverá aproveitar o momento para implantar seu programa de reformas.
"A chave para nós é garantir que reavivemos essa economia de uma maneira que não só lide com o curto prazo, não só crie empregos imediatamente, mas também nos coloque no caminho suave do crescimento econômico sustentável de longo prazo", afirmou o eleito.
Sobre as três principais montadoras, que negociam um plano de resgate com o Congresso norte-americano e a Casa Branca, a ser votado talvez em sessão especial ainda nesta semana, o presidente eleito disse que deixá-las quebrar, como defendem membros do partido Republicano e economistas como Paul Krugman, "não é uma opção".
"Milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente daquela indústria", afirmou. "O que nós temos de fazer é dar assistência a elas, mas assistência condicionada a que elas façam ajustes significativos." O presidente eleito acha o setor desatualizado e pouco competitivo em relação aos estrangeiros presentes no país, principalmente nas áreas de consumo de combustível e de investimentos em novas tecnologias.
À tarde, ao anunciar em Chicago seu secretário de Assuntos de Veteranos, o general reformado Eric Shinseki, Obama voltaria ao assunto. Segundo o democrata, seja qual for o acordo a que se chegue entre os executivos, o Congresso e o governo Bush, a ajuda às empresas "não pode ser um monte de cheques em branco" e os presidentes da GM, da Chrysler e da Ford "devem se adaptar aos novos tempos ou sair".
As duas entrevistas de Obama acontecem horas depois de o democrata ter adiantado um pouco mais de detalhes de seu plano econômico, em seu programa de rádio e internet de sábado de manhã. Nele, diz que a criação de 2,5 milhões de empregos virá do maior investimento em obras públicas feito no país desde os anos 1950.
Ocorrem também num dos piores momentos de um país oficialmente em recessão desde dezembro de 2007, que no mês passado perdeu 533 mil vagas, o que elevou o índice de desemprego para 6,7%.
Falando em Estocolmo, na Suécia, o economista Paul Krugman disse que a indústria automobilística americana deve desaparecer, porque seu modelo "não é mais sustentável na economia atual". Sobre a crise econômica, disse estar "muito preocupado" com o próximo ano. O professor de Princeton e colunista do "New York Times" recebe o Nobel de Economia na quarta-feira.


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