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Economia vai piorar, diz Obama
Para ele, situação ficará ainda pior antes de melhorar e executivos de montadoras devem se adaptar ou sair
Nobel de Economia, Paul Krugman avalia que a indústria automobilística norte-americana caminha para a sua extinção
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Um dia depois de dar mais
detalhes do plano de estímulo
econômico que pretende implantar como primeiro ato de
seu governo, que começa no dia
20 de janeiro, o presidente eleito Barack Obama disse que a
economia dos EUA deve piorar
antes de melhorar, defendeu
ajuda à indústria automobilística, mas alertou que seus executivos devem se adaptar aos
novos tempos ou sair.
"Felizmente, embora os tempos estejam duros neste momento, e as coisas devem piorar
antes de melhorar, há uma convergência entre as circunstâncias e a agenda", afirmou em
entrevista ao jornalista Tom
Brokaw, do programa "Meet
the Press", gravada no sábado e
levada ao ar na manhã de ontem. O democrata falava que
deverá aproveitar o momento
para implantar seu programa
de reformas.
"A chave para nós é garantir
que reavivemos essa economia
de uma maneira que não só lide
com o curto prazo, não só crie
empregos imediatamente, mas
também nos coloque no caminho suave do crescimento econômico sustentável de longo
prazo", afirmou o eleito.
Sobre as três principais montadoras, que negociam um plano de resgate com o Congresso
norte-americano e a Casa
Branca, a ser votado talvez em
sessão especial ainda nesta semana, o presidente eleito disse
que deixá-las quebrar, como
defendem membros do partido
Republicano e economistas como Paul Krugman, "não é uma
opção".
"Milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente
daquela indústria", afirmou. "O
que nós temos de fazer é dar assistência a elas, mas assistência
condicionada a que elas façam
ajustes significativos." O presidente eleito acha o setor desatualizado e pouco competitivo
em relação aos estrangeiros
presentes no país, principalmente nas áreas de consumo de
combustível e de investimentos em novas tecnologias.
À tarde, ao anunciar em Chicago seu secretário de Assuntos
de Veteranos, o general reformado Eric Shinseki, Obama
voltaria ao assunto. Segundo o
democrata, seja qual for o acordo a que se chegue entre os executivos, o Congresso e o governo Bush, a ajuda às empresas
"não pode ser um monte de
cheques em branco" e os presidentes da GM, da Chrysler e da
Ford "devem se adaptar aos novos tempos ou sair".
As duas entrevistas de Obama acontecem horas depois de
o democrata ter adiantado um
pouco mais de detalhes de seu
plano econômico, em seu programa de rádio e internet de sábado de manhã. Nele, diz que a
criação de 2,5 milhões de empregos virá do maior investimento em obras públicas feito
no país desde os anos 1950.
Ocorrem também num dos
piores momentos de um país
oficialmente em recessão desde dezembro de 2007, que no
mês passado perdeu 533 mil
vagas, o que elevou o índice de
desemprego para 6,7%.
Falando em Estocolmo, na
Suécia, o economista Paul
Krugman disse que a indústria
automobilística americana deve desaparecer, porque seu modelo "não é mais sustentável na
economia atual". Sobre a crise
econômica, disse estar "muito
preocupado" com o próximo
ano. O professor de Princeton e
colunista do "New York Times"
recebe o Nobel de Economia na
quarta-feira.
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