São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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FolhaInvest

Previdência cresce na crise e atinge pico

Participação da categoria na indústria de fundos soma 9,6% e atinge recorde -em 2000, fatia era inferior a 0,8% do total

Resultado mostra que, em meio à crise, investidores brasileiros têm destinado parte das economias para aplicações de longa duração


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio ao momento mais crítico que o mercado de fundos brasileiro atravessa desde 2002, a categoria de previdência privada tem se destacado. Com captação de R$ 6,72 bilhões no ano, os fundos de previdência alcançaram a maior participação que já tiveram no mercado, representando 9,61% do patrimônio total. Em 2000, respondiam por menos de 0,8% da indústria de fundos.
Isso demonstra que, no atual momento de crise, que tem abatido especialmente o mercado acionário, uma das opções dos investidores brasileiros tem sido a de destinar parte de suas economias para uma aplicação de longo prazo.
Com o crescente aporte de recursos, os fundos de previdência passaram a contar com o maior patrimônio líquido que já registraram -alcança hoje os R$ 106,97 bilhões.
Mesmo fundos de investimento mais tradicionais, como a renda fixa, têm sofrido pesados saques no ano. A captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) da renda fixa está negativa em R$ 43,45 bilhões no acumulado do ano, até o último dia 1º, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Outra aplicação conservadora, que acompanha a oscilação das taxas de juros, os fundos DI estão com captação negativa de R$ 1,62 bilhão no ano.
A previdência privada deve ser encarada como uma forma de poupança de longo prazo, com a intenção de evitar que a pessoa sofra, na aposentadoria, uma redução muito elevada em sua renda, lembram os analistas. "O dinheiro que vai para a previdência privada deve representar uma reserva que ajude na aposentadoria", diz a consultora de investimentos Márcia Dessen, da Bankrisk.
O fato de apenas cerca de 8% dos fundos de previdência carregarem ações em suas carteiras fez com que a crise tivesse um impacto menor na rentabilidade do segmento. Apenas uma parcela pequena das aplicações de previdência sofreu de forma mais intensa os efeitos da crise atual, que tem punido severamente a Bolsa de Valores -no ano, a Bovespa amarga desvalorização de 44,67%.
Pela lei, os fundos de previdência podem comprometer um máximo de 49% de sua carteira com ações. Ou seja, mesmo os que perderam devem ter tido depreciações menos intensas que a registrada pela Bolsa.
Os fundos balanceados, com ações em sua composição, têm patrimônio pequeno, de R$ 5,3 bilhões. No segmento, há também os fundos de previdência multimercados com renda variável, que têm patrimônio de R$ 3,49 bilhões.
O maior percentual dos fundos de previdência -cerca de 90% do total- são de renda fixa, o que significa que seguem as oscilações dos juros e não as da Bolsa. Esse segmento tem rentabilidade média de 11% no ano. Já os balanceados, que têm ações, sofrem com retorno negativo de quase 20% em 2008.
"Essa opção [previdência com ações] deveria ser escolhida apenas por quem está bem distante da aposentadoria", avalia Dessen.

Diferenças
Na hora de procurar um plano de previdência privada, o aplicador terá de considerar diferentes fatores, como o tempo que levará para começar a usufruir dos recursos, o quanto necessitará por mês e os anos que poderá contribuir para o plano.
Além das diferentes características de retorno (como juros e ações), os investidores devem estar atentos ao perfil de cada plano de previdência.
Para quem declara IR (Imposto de Renda) no modelo completo, os analistas recomendam que se aplique em um plano do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), que dá ao investidor um incentivo fiscal. Nesses planos, o aplicador pode deduzir até 12% de sua renda bruta na declaração anual.
O último bimestre do ano costuma ter aportes mais elevados no PGBL. Quem aplicar até o último dia útil do ano pode beneficiar-se do incentivo fiscal já na declaração a ser entregue no ano seguinte.
Já para os que declaram o IR no modelo simplificado ou é isento do pagamento do imposto, recomenda-se o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Nesse tipo de plano de previdência, o IR irá incidir apenas sobre o ganho de capital.


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