São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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Investidor questiona projeto do trem-bala

Setor privado pede garantias do governo; Mantega prevê participação de até 6 grupos em concorrência

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor privado mantém restrições ao projeto de construção e operação do TAV (Trem de Alta Velocidade), que vai interligar as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
A indústria pressiona o governo a oferecer mais garantias capazes de reduzir os riscos financeiros sobre os R$ 7 bilhões de recursos diretos que terão de ser aportados pelos empreendedores privados.
A obra, que só deve ficar pronta em 2015, tem custo estimado de R$ 34 bilhões. Ontem, durante o Seminário "Brasil nos Trilhos", realizado em Guarulhos, o ministro Guido Mantega disse que espera a participação de cinco ou seis consórcios no leilão do TAV.
O governo aposta alto no projeto. Além de financiar R$ 20,8 bilhões com recursos do Tesouro, vai garantir mais R$ 3,4 bilhões em capital no projeto e desembolso para desapropriações. Também irá assumir a responsabilidade de obter a licença prévia, executar as compensações ambientais e ainda oferecerá desonerações que somam R$ 5 bilhões.
Mesmo com as dúvidas do setor privado, Mantega prefere dizer que o projeto é prova do novo estágio alcançado pelo país. "O TAV é um símbolo do novo Brasil. Porque ele não só significa que o Brasil foi colocado nos trilhos do desenvolvimento econômico mas que está crescendo em alta velocidade. É um projeto muito importante que fará o país entrar na modernidade", disse.

Atrativo
Mantega acha que o TAV será atrativo para o setor privado. A estimativa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) -instituição que repassará os R$ 20,8 bilhões do Tesouro Nacional- é a de que o projeto ofereça uma taxa de retorno de 9% ao ano.
O setor privado diz que os riscos hoje não garantem esse resultado e consideram mais dois pontos chaves da questão.
O primeiro é a demanda de 17 milhões de usuários no primeiro ano da operação. "É um número muito atrativo, mas que não existe. Não há garantias de que isso seja alcançado", explica Helcio Aunhão, diretor de novos negócios da Siemens, uma das interessadas em fornecer a tecnologia do TAV.
O segundo é garantir que o risco da demanda seja compartilhado com o governo. "Fica difícil para o setor privado absorver o risco sozinho. Como é um empreendimento novo, é natural que haja algum tipo de fórmula para que ele seja compartilhado", disse Paulo Godoy, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base).
De acordo com o superintendente do BNDES, Henrique Amarante da Costa Pinto, o governo até pode pensar num mecanismo que compense a frustração de demanda, mas por enquanto a posição é manter esse quesito.


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