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Investidor questiona projeto do trem-bala
Setor privado pede garantias do governo; Mantega prevê participação de até 6 grupos em concorrência
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor privado mantém restrições ao projeto de construção e operação do TAV (Trem
de Alta Velocidade), que vai interligar as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
A indústria pressiona o governo a oferecer mais garantias
capazes de reduzir os riscos financeiros sobre os R$ 7 bilhões
de recursos diretos que terão
de ser aportados pelos empreendedores privados.
A obra, que só deve ficar
pronta em 2015, tem custo estimado de R$ 34 bilhões. Ontem,
durante o Seminário "Brasil
nos Trilhos", realizado em
Guarulhos, o ministro Guido
Mantega disse que espera a
participação de cinco ou seis
consórcios no leilão do TAV.
O governo aposta alto no projeto. Além de financiar R$ 20,8
bilhões com recursos do Tesouro, vai garantir mais R$ 3,4 bilhões em capital no projeto e
desembolso para desapropriações. Também irá assumir a
responsabilidade de obter a licença prévia, executar as compensações ambientais e ainda
oferecerá desonerações que somam R$ 5 bilhões.
Mesmo com as dúvidas do setor privado, Mantega prefere
dizer que o projeto é prova do
novo estágio alcançado pelo
país. "O TAV é um símbolo do
novo Brasil. Porque ele não só
significa que o Brasil foi colocado nos trilhos do desenvolvimento econômico mas que está
crescendo em alta velocidade.
É um projeto muito importante que fará o país entrar na modernidade", disse.
Atrativo
Mantega acha que o TAV será
atrativo para o setor privado. A
estimativa do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) -instituição que repassará os R$ 20,8 bilhões do Tesouro Nacional- é a
de que o projeto ofereça uma
taxa de retorno de 9% ao ano.
O setor privado diz que os riscos hoje não garantem esse resultado e consideram mais dois
pontos chaves da questão.
O primeiro é a demanda de 17
milhões de usuários no primeiro ano da operação. "É um número muito atrativo, mas que
não existe. Não há garantias de
que isso seja alcançado", explica Helcio Aunhão, diretor de
novos negócios da Siemens,
uma das interessadas em fornecer a tecnologia do TAV.
O segundo é garantir que o
risco da demanda seja compartilhado com o governo. "Fica
difícil para o setor privado absorver o risco sozinho. Como é
um empreendimento novo, é
natural que haja algum tipo de
fórmula para que ele seja compartilhado", disse Paulo Godoy,
presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base).
De acordo com o superintendente do BNDES, Henrique
Amarante da Costa Pinto, o governo até pode pensar num mecanismo que compense a frustração de demanda, mas por
enquanto a posição é manter
esse quesito.
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