São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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VULNERABILIDADE

Saída de divisas via contas CC-5 somou US$ 9,1 bi; após a eleição envio de moeda registrou forte queda

Remessa de dólares cresce 49% em 2002

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As remessas de dólares para o exterior feitas pelas contas CC-5 cresceram 49% entre 2001 e 2002, de acordo com dados do Banco Central. Entre janeiro e dezembro do ano passado, US$ 9,107 bilhões deixaram o país por meio desse instrumento.
A fuga de dólares para o exterior se explicou, em grande parte, pelo nervosismo que o processo eleitoral trouxe ao mercado. Com as dúvidas que pairavam sobre a política econômica a ser adotada pelo novo presidente, pessoas e empresas preferiram enviar seu dinheiro para fora do país, buscando uma maior proteção para seu patrimônio.
Em períodos de normalidade, segundo técnicos do BC, as remessas de dólares feitas por meio das contas CC-5 costumam ficar, na média, em US$ 300 milhões por mês. Essa média foi atingida nos quatro primeiro meses do ano passado.
À medida que a eleição ia se aproximando, porém, esses valores iam crescendo. Em julho, US$ 1,249 bilhão deixou o país pelas CC-5. Em outubro, no mês das eleições, atingiu-se o pico: a fuga chegou a US$ 1,725 bilhão.

Melhora
Depois de conhecidos os resultados das urnas, porém, as remessas de dólares sofreram forte queda. Em novembro, a saída de recursos ficou em US$ 158 milhões. Em dezembro, US$ 374 milhões. Algumas empresas chegaram a trazer de volta ao país parte do capital que havia sido enviado para o exterior.
Do total de transações feitas por meio das CC-5, quase 90% são feitas por empresas. Apenas uma pequena parte das remessas é feita por pessoas físicas, de acordo com o BC.
As chamadas contas CC-5 são o instrumento mais utilizado para o envio de dólares para fora do país em momentos de incerteza. Dentre os mecanismos legais disponibilizados pelo BC, esse é o único que não exige que os envolvidos na transação expliquem os motivos da remessa. Basta que eles sejam identificados pelos bancos que efetivarem as remessas.
Nos demais casos, o envio de recursos para fora do país só é permitido no caso de gastos com viagens internacionais, pagamentos de dívida externa, remessas de lucros, entre outros.

Pressão
A fuga de dólares pelas CC-5 contribui para uma maior pressão sobre a taxa de câmbio. Com menos dólares nas mãos dos investidores dentro do país, a tendência é que a cotação da moeda suba.
Em 2002, o dólar subiu mais de 50% e, em alguns momentos, chegou a ser negociado a quase R$ 4.
Desde 1999 as remessas de dólares feitas pelas CC-5 não eram tão elevadas. Naquele ano, as saídas totalizaram US$ 10,201 bilhões. Em 1998, quando o Brasil vivia a crise que levou à maxidesvalorização do real, a fuga de capital chegou a US$ 24,817 bilhões.
Para este ano, passadas as eleições, a expectativa do BC é que aproximadamente US$ 4 bilhões deixem o país pelas contas CC-5.


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