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VULNERABILIDADE
Saída de divisas via contas CC-5 somou US$ 9,1 bi; após a eleição envio de moeda registrou forte queda
Remessa de dólares cresce 49% em 2002
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As remessas de dólares para o
exterior feitas pelas contas CC-5
cresceram 49% entre 2001 e 2002,
de acordo com dados do Banco
Central. Entre janeiro e dezembro
do ano passado, US$ 9,107 bilhões
deixaram o país por meio desse
instrumento.
A fuga de dólares para o exterior
se explicou, em grande parte, pelo
nervosismo que o processo eleitoral trouxe ao mercado. Com as
dúvidas que pairavam sobre a política econômica a ser adotada pelo novo presidente, pessoas e empresas preferiram enviar seu dinheiro para fora do país, buscando uma maior proteção para seu
patrimônio.
Em períodos de normalidade,
segundo técnicos do BC, as remessas de dólares feitas por meio
das contas CC-5 costumam ficar,
na média, em US$ 300 milhões
por mês. Essa média foi atingida
nos quatro primeiro meses do
ano passado.
À medida que a eleição ia se
aproximando, porém, esses valores iam crescendo. Em julho, US$
1,249 bilhão deixou o país pelas
CC-5. Em outubro, no mês das
eleições, atingiu-se o pico: a fuga
chegou a US$ 1,725 bilhão.
Melhora
Depois de conhecidos os resultados das urnas, porém, as remessas de dólares sofreram forte queda. Em novembro, a saída de recursos ficou em US$ 158 milhões.
Em dezembro, US$ 374 milhões.
Algumas empresas chegaram a
trazer de volta ao país parte do capital que havia sido enviado para
o exterior.
Do total de transações feitas por
meio das CC-5, quase 90% são feitas por empresas. Apenas uma
pequena parte das remessas é feita por pessoas físicas, de acordo
com o BC.
As chamadas contas CC-5 são o
instrumento mais utilizado para o
envio de dólares para fora do país
em momentos de incerteza. Dentre os mecanismos legais disponibilizados pelo BC, esse é o único
que não exige que os envolvidos
na transação expliquem os motivos da remessa. Basta que eles sejam identificados pelos bancos
que efetivarem as remessas.
Nos demais casos, o envio de recursos para fora do país só é permitido no caso de gastos com viagens internacionais, pagamentos
de dívida externa, remessas de lucros, entre outros.
Pressão
A fuga de dólares pelas CC-5
contribui para uma maior pressão sobre a taxa de câmbio. Com
menos dólares nas mãos dos investidores dentro do país, a tendência é que a cotação da moeda
suba.
Em 2002, o dólar subiu mais de
50% e, em alguns momentos, chegou a ser negociado a quase R$ 4.
Desde 1999 as remessas de dólares feitas pelas CC-5 não eram tão
elevadas. Naquele ano, as saídas
totalizaram US$ 10,201 bilhões.
Em 1998, quando o Brasil vivia a
crise que levou à maxidesvalorização do real, a fuga de capital
chegou a US$ 24,817 bilhões.
Para este ano, passadas as eleições, a expectativa do BC é que
aproximadamente US$ 4 bilhões
deixem o país pelas contas CC-5.
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