São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CSN quer investir US$ 2,8 bi em mineração

Decisão do STJ contra a Vale pode favorecer siderúrgica e acirrar a disputa pelo bilionário mercado global de minério de ferro

Decisão do tribunal libera, ainda que provisoriamente, a CSN a vender ao exterior o minério da Casa de Pedra

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em disputa com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Vale sofreu mais uma derrota na Justiça. O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) derrubou liminar que a desobrigava de cumprir decisão do órgão até que a companhia recebesse indenização da CSN pelo fim do contrato de direito de preferência sobre a produção excedente de minério de ferro da mina de Casa de Pedra, de propriedade da siderúrgica.
A decisão libera, ainda que provisoriamente, a CSN para vender ao exterior o minério da Casa de Pedra e deixa a empresa mais perto de se tornar uma grande concorrente da Vale, acirrando a disputa pelo bilionário mercado global de minério de ferro.
A CSN tem planos de investir US$ 2,8 bilhões em mineração e ampliar a produção da mina dos atuais 16 milhões de toneladas/ano para 70 milhões de toneladas. Maior mineradora de ferro do mundo, a Vale projeta uma produção de 330 milhões de toneladas neste ano.
Em 2005, o Cade determinou à Vale que optasse ou por vender a mineradora Ferteco, adquirida em 2001, ou abrisse mão do contrato com a CSN que lhe assegura a preferência na compra do excedente de produção da mina Casa de Pedra. A Vale escolheu a segunda alternativa.
O órgão de defesa da concorrência diz que decisão visa evitar o "monopólio privado" da produção de minério de ferro e "contrabalançar o brutal poder econômico" da mineradora.
A Vale, por sua vez, sustenta que precisa ser indenizada pela CSN pelas perdas resultantes do fim do direito de preferência sobre o minério de Casa de Pedra, cláusula negociada quando as duas empresas optaram, em 2001, por descruzarem participações acionárias recíprocas.
Por trás de toda essa disputa, está o ímpeto da Vale de barrar uma nova concorrente nacional no mercado de minério de ferro, dizem especialistas.
É que a CSN quer se tornar uma empresa global de mineração. Para tal, precisa se livrar da obrigatoriedade de oferecer minério primeiro para a Vale.
Segundo a CSN, sua usina de Volta Redonda (RJ) consome 8 milhões de toneladas de minério de ferro, e o excedente de Casa de Pedra é vendido à Usiminas/Cosipa, Arcelor-Tubarão e à própria Vale. A companhia quer, porém, movimentar até 100 milhões de toneladas de minério até 2012.
Além da expansão da Casa de Pedra, a CSN comprou a SFM, que tem capacidade de produzir 7 milhões de toneladas.


Texto Anterior: Poupança capta R$ 33 bi em 2007 e bate recorde
Próximo Texto: Cade multa a Vale em R$ 33,5 mi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.