São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Bolsa descola de cenário externo e tem alta de 2,87%

Estrangeiros compram mais ações; dólar sobe a R$ 2,29

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa escapou do mau humor que afetou o mercado internacional. Apoiada nos ganhos de seus principais papéis, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu apreciação de 2,87% ontem, para encerrar as operações a 41.990 pontos. A alta da Bolsa em 2009 está em 11,82%.
Já o mercado de câmbio operou atento ao cenário internacional desanimador e o resultado foi a nova alta vivenciada pelo dólar, que subiu 2,32% diante do real. Vendido a R$ 2,292, o dólar ainda registra recuo de 1,76% na semana.
Apesar de o cenário externo não estar sendo muito animador, a participação mais efetiva dos investidores estrangeiros neste começo de ano tem sido relevante para a Bovespa se manter em terreno positivo. Até o dia 6, o saldo das operações dos estrangeiros na Bolsa estava positivo em R$ 960,9 milhões -isso significa que mais compraram que venderam ações no período.
Os estrangeiros responderam por 35,5% das operações realizadas em 2008. Ao retirarem R$ 24,6 bilhões do pregão doméstico no ano passado, foram decisivos para a Bovespa encerrar o ano com desvalorização acumulada de 41,22%.
Além disso, com a fuga de capital externo os IPOs (ofertas iniciais de ações) foram inibidos: foram 64 estreias em 2007, e apenas 4 companhias lançaram novas ações em 2008.
"Os IPOs devem apenas voltar a se destacar em 2010. Não vejo uma mudança nesse cenário em 2009. Os estrangeiros, que sustentaram os IPOs em 2007, vão demorar para retornar com grande apetite para o mercado local", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora.
Dentre as principais valorizações de ontem na Bolsa paulista apareceram os papéis das maiores companhias brasileiras. A ação PN da Petrobras subiu 4,29%, mesmo com o petróleo em baixa de 2,18% no exterior (o petróleo fechou a US$ 41,70 em Nova York). A ação preferencial "A" da Vale também teve bom resultado, e fechou com alta de 3,17%. Esses papéis costumam estar entre os favoritos dos estrangeiros.
O mercado internacional se deparou ontem com diferentes dados econômicos desanimadores, como as fracas vendas no varejo nos Estados Unidos e a queda recorde no grau de confiança nas perspectivas econômicas na zona do euro.
A Bolsa de Frankfurt recuou 1,17%; Londres fechou com perdas de 0,05%. Em Wall Street, o mercado também não escapou do vermelho: o índice Dow Jones, que reúne as ações americanas de maior liquidez, teve baixa de 0,31%.
O Wal-Mart, que informou que teve vendas fracas em dezembro, além de reduzir sua previsão de lucro trimestral, favoreceu o fraco desempenho do mercado americano.
Ontem o banco central da Inglaterra reduziu sua taxa de juros de referência de 2% para 1,5%. Como a decisão era aguardada, pouco mexeu com os mercados.

Juros em baixa
A espera por uma retração no resultado do PIB do quarto trimestre de 2008 tem favorecido a baixa das taxas de juros no pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Para o contrato DI com vencimento em 60 dias, a taxa recuou de 13,23% para 13,17%. No papel com resgate em 12 meses, os juros projetados caíram de 12,06% para 11,88%.
O atual patamar dos juros futuros sinaliza que a expectativa predominante no mercado é de corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica brasileira na reunião do Copom deste mês. A taxa Selic está em 13,75%.


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