São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Ex-executivo nos EUA acusa Petrobras de receber propina

Italiano diz à Justiça americana que subornou funcionários de estatais e empresas de energia de vários países em 2007

Total de supostas propinas pagas por Mario Corvino chegaria a US$ 1 milhão; Petrobras não comenta suposto suborno

DA SUCURSAL DO RIO
DE NOVA YORK

Ex-executivo de uma empresa de sistemas de válvulas de controle afirmou à Justiça dos EUA a participação num suposto esquema de pagamento de propinas no valor de US$ 1 milhão, distribuídas a funcionários de estatais de vários países, incluindo a Petrobras.
Procurada para comentar a denúncia, a Petrobras não havia se pronunciado até a conclusão desta edição.
Segundo nota do Departamento de Justiça dos EUA, Mario Corvino, 44, cidadão italiano residente em Irvine, Califórnia, declarou-se culpado em processo de corrupção, que teve origem numa investigação do FBI sobre sua atuação como diretor mundial de vendas de uma empresa de válvulas.
A companhia, de Orange County (Califórnia), não teve seu nome revelado. Fornecia válvula de controle a indústrias nucleares, de petróleo e gás e geração de energia elétrica.
Nos documentos do acordo de Corvino com a Justiça, a empresa envolvida é citada como "Companhia A". A Folha apurou que a empresa de válvulas Control Components Inc (CCI), na região de Rancho Santa Margarita, faz negócios com a estatal brasileira.
Contatada pela Folha, a assessoria de imprensa disse apenas que "já sabia do que se tratava, mas não poderia comentar o assunto". Na noite de ontem, a CCI divulgou comunicado confirmando que um ex-funcionário fizera acordo com o Departamento da Justiça. A nota diz que "a IMI [grupo proprietário da CCI] iniciou uma investigação independente a respeito de pagamentos irregulares associados com certos contratos de venda em agosto de 2007". "Esta investigação já terminou e continuamos a esperar que a questão seja resolvida com a Justiça", afirma.
Segundo o Departamento de Justiça, foram feitos pagamentos irregulares a funcionários de estatais do Brasil, da China, da Índia, da Coreia, da Malásia e dos Emirados Árabes Unidos.
Para obter contratos, Corvino distribuiu propinas de março a agosto de 2007 a funcionários responsáveis por contratar os serviços e escolher fornecedores, relata o documento. Com o suposto esquema, a empresa lucrou US$ 5 milhões.
Ele também confessou burlar com informações falsas uma auditoria interna, em 2004, para apurar o pagamento das comissões aos funcionários. Corvino fez acordo com a Justiça pelo qual concordou em cooperar na investigação em curso, que busca outros envolvidos. Ele irá a julgamento em julho e pode ser condenado a até cinco anos de prisão.


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