UOL


São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO DOCE

Brasil se beneficiou com queda do real e problemas com produtores

Exportação de mel cresce 400%

Ormuzd Alves/Folha Imagem
Apicultor paulista mostra favo de mel com abelhas operárias; produtividade no país é baixa


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Problemas sanitários na Argentina e na China somados à desvalorização do câmbio alavancaram as exportações brasileiras de mel natural em 2002.
Ante o ano anterior, o volume exportado cresceu mais de 400%, atingindo cerca de 12 mil toneladas. Em dólares, isso significou mais de US$ 23 milhões, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações brasileiras, com 6,13 milhões de quilos- US$ 12,41 milhões- importados. A Alemanha ficou em segundo lugar. A grande surpresa foi o aparecimento do Reino Unido entre os compradores do mel brasileiro. Em 2001, o país não figurou na lista. No ano passado, porém, assumiu a terceira colocação no ranking dos importadores.
A aquisição desses novos mercados veio de problemas de abastecimento na China, maior produtor mundial de mel, com cerca de 255 mil toneladas por ano. Em 2001, a União Européia interrompeu as importações do mel chinês. O motivo foi a presença de clorofenicol, um antibiótico proibido na UE.
No mesmo período, houve queda da produção argentina, devido à cria pútrida- doença incurável que ataca abelhas-, segundo informações da Apacame (Associação Paulista dos Apicultores). O presidente da associação, Constantino Zara Filho afirma que as exportações argentinas também foram prejudicadas pela sobretaxação de 60% imposta pelos EUA.
Com isso, o país ganhou o mercado internacional. "O Brasil tem qualidade e preço competitivos para enfrentar o retorno do mel chinês ao mercado, já que depois do problema com antibióticos o produto chinês está com a credibilidade afetada", diz Zara.
O desafio para 2003, entretanto, será manter a parcela de mercado conquistada.
A produção brasileira-estimada em 40 mil toneladas em 2002- ficou aquém da necessidade do mercado internacional, para o presidente da Apacame.
A volta da China e da Argentina no mercado também preocupa. O mel chinês é mais barato que o brasileiro. Em 2001, a tonelada do mel brasileiro foi cotada a US$ 1.600 contra US$ 1.200 do concorrente asiático.
Para poder enfrentar a concorrência, a meta da Apacame, junto com outras associações de apicultores, é dobrar a produção nos próximos dois anos.
Porém a carência de mão-de-obra especializada e a baixa média de produtividade das colméias brasileiras podem atrapalhar a expansão da apicultura no país. O nível mundial fica em torno de 80 kg por ano e o brasileiro, 35 kg por ano.


Texto Anterior: Exportação
Próximo Texto: Sindicalismo: Governo Lula intervém em disputa na CUT
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.