São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Mantega nega controle de capitais e diz que exportador traz dólar para ganhar com juro

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na semana em que voltaram as pressões contra a política cambial, inclusive por parte do PT, que tem defendido medidas para valorizar o real e uma aceleração na queda dos juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou qualquer medida de controle de capitais.
O PT vai discutir, em reunião do Diretório Nacional neste final de semana, documento em que defenderá, entre outros temas, uma mudança na política monetária do governo. Parte dos integrantes defende a adoção do controle de capitais.
"Para o atual sistema financeiro, o controle de capitais é inadequado porque onde se verificam os movimentos de operações cambiais não é mais no mercado à vista, mas no mercado futuro. E no mercado futuro o capital físico não entra. Então não adianta você fechar as portas porque não terá o resultados esperado, já que hoje as modalidades de operação são diferentes", disse o ministro.
Segundo ele, caso fosse adotado controle de capitais, o país pagaria o preço disso, que geralmente causa a desconfiança dos investidores-, mas não conseguiria obter o resultado esperado, já que as operações são feitas em reais na Bolsa de Mercadorias & Futuros, mas utilizando o câmbio como referência.
"A melhor coisa é ir reduzindo a taxa de juros da economia brasileira com relação às economias externas. A possibilidade de diminuir esse ganho diminui essa forma de operação."
Mantega admitiu que os juros altos prejudicam a mudança na legislação cambial feita no ano passado, para ajudar os exportadores a ter maior margem para arbitrar com os dólares que recebem como receita de suas vendas -deixando 30% da receita obtida no exterior, para esperar o melhor momento de trazer para o Brasil os recursos, de acordo com a cotação do dólar.
Segundo ele, os exportadores estão preferindo trazer o dinheiro para o Brasil para aplicar em reais porque os juros estão altos.
O ministro se defendeu das críticas feitas ontem ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) por meio de uma nota. Segundo a CNI, o PAC é tímido porque não desonera os investimentos o suficiente e não estabelece controle de gastos. A CNI prevê que o país cresça 3,5% em 2007.
Mantega não quis apostar em um número, mas afirmou que o crescimento será maior. "Eles estão desinformados. Todos os institutos estão revendo a previsão de crescimento para cima", afirmou. Ele também afirmou que nos próximos dias o Ministério do Planejamento fará um anúncio de contingenciamento de gastos.


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