São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Bolívia quer hidrelétricas binacionais no Madeira

Vizinho diz que não aceitará projeto atual de construção de usinas perto da fronteira

Para vice-ministro, dados enviados pelo Brasil são "insuficientes" para provar que represas não provocarão impacto do lado boliviano


FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo boliviano indicou ao Brasil que não aceitará o projeto atual de construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, em área próxima à fronteira entre os dois países. La Paz afirma que os dados enviados pelo Ministério de Minas e Energia são "insuficientes" para provar que as represas não provocarão impacto do lado boliviano e defende um projeto binacional na região.
"Recebemos, via Chancelaria, informações sobre os impactos ambientais desse projeto. Concluímos que o estudo é insuficiente, porque as bacias têm um comportamento único. O rio não nasce na fronteira brasileira. Aproximadamente, 80% do volume do rio Madeira provém de afluentes bolivianos", disse ontem à Folha o vice-ministro de Eletricidade Energias Alternativas da Bolívia, Hugo Villarroel, durante entrevista em São Paulo.
"Os rios e as bacias não obedecem à linha divisória. É preciso necessariamente contemplar os efeitos práticos. É isso o que diz o direito internacional", afirmou Villarroel.
Anteontem, o vice-ministro chefiou a comitiva boliviana durante uma reunião bilateral no Rio de Janeiro para tratar do rio Madeira. O assunto será um dos temas da visita de Morales a Brasília, na quarta.
Buscando um tom diplomático, Villarroel disse que "há a melhor predisposição" para "encontrar pontos de coincidência" entre os dois países.
O vice-ministro defendeu a realização de "estudos bilaterais" sobre a bacia para que os dois países explorem juntos o potencial hidrelétrico do rio Madeira. Segundo ele, a potência prevista para as duas usinas, 6.450 MW, seria duplicada com uma "exploração integral" dos dois lados da fronteira.
Em contatos com representantes brasileiros, no entanto, o governo boliviano demonstrou irritação com as declarações do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Há 18 dias, no lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ele disse que as usinas não terão nenhum impacto para a Bolívia. Ontem, ele não pôde ser contatado por sua assessoria para comentar o posicionamento boliviano.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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