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Bolívia quer hidrelétricas binacionais no Madeira
Vizinho diz que não aceitará projeto atual de construção de usinas perto da fronteira
Para vice-ministro, dados enviados pelo Brasil são "insuficientes" para provar
que represas não provocarão impacto do lado boliviano
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo boliviano indicou
ao Brasil que não aceitará o
projeto atual de construção de
duas usinas hidrelétricas no rio
Madeira, em área próxima à
fronteira entre os dois países.
La Paz afirma que os dados enviados pelo Ministério de Minas e Energia são "insuficientes" para provar que as represas
não provocarão impacto do lado boliviano e defende um projeto binacional na região.
"Recebemos, via Chancelaria, informações sobre os impactos ambientais desse projeto. Concluímos que o estudo é
insuficiente, porque as bacias
têm um comportamento único.
O rio não nasce na fronteira
brasileira. Aproximadamente,
80% do volume do rio Madeira
provém de afluentes bolivianos", disse ontem à Folha o vice-ministro de Eletricidade
Energias Alternativas da Bolívia, Hugo Villarroel, durante
entrevista em São Paulo.
"Os rios e as bacias não obedecem à linha divisória. É preciso necessariamente contemplar os efeitos práticos. É isso o
que diz o direito internacional", afirmou Villarroel.
Anteontem, o vice-ministro
chefiou a comitiva boliviana
durante uma reunião bilateral
no Rio de Janeiro para tratar
do rio Madeira. O assunto será
um dos temas da visita de Morales a Brasília, na quarta.
Buscando um tom diplomático, Villarroel disse que "há a
melhor predisposição" para
"encontrar pontos de coincidência" entre os dois países.
O vice-ministro defendeu a
realização de "estudos bilaterais" sobre a bacia para que os
dois países explorem juntos o
potencial hidrelétrico do rio
Madeira. Segundo ele, a potência prevista para as duas usinas, 6.450 MW, seria duplicada
com uma "exploração integral"
dos dois lados da fronteira.
Em contatos com representantes brasileiros, no entanto,
o governo boliviano demonstrou irritação com as declarações do ministro de Minas e
Energia, Silas Rondeau. Há 18
dias, no lançamento do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), ele disse que as
usinas não terão nenhum impacto para a Bolívia. Ontem, ele
não pôde ser contatado por sua
assessoria para comentar o posicionamento boliviano.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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