São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Caso Société Générale envolve outro operador

DO "FINANCIAL TIMES"

A Justiça francesa determinou ontem que Jérôme Kerviel, o corretor acusado de provocar um prejuízo bilionário ao banco francês Société Générale, deve ficar detido durante as investigações do caso -segundo a Associated Press, ele está detido nos arredores de Paris. Ao mesmo tempo, um funcionário de uma corretora controlada pelo Société Générale, Moussa Bakir, foi interrogado pela polícia francesa sob suspeita de conexão com Kerviel.
A conexão foi descoberta na noite de quarta pelos investigadores internos do banco, que localizaram mensagens antes desconhecidas entre os dois.
O Société Générale imediatamente alertou a polícia, e o juiz que preside a investigação pediu que a informação não fosse revelada antes de ontem, para permitir uma busca nas instalações da corretora.
Bakir trabalhava para a divisão Fimat da empresa, que após janeiro foi fundida com a Calyon Financial, a corretora do Crédit Agricole.
De acordo com sites de redes sociais, Bakir, 32, era corretor na Fimat e doutorado pela Universidade de Aix-em-Provence.
A polícia francesa chegou aos escritórios da Fimat, no centro de Paris, para uma busca na mesa do corretor, pouco depois de detê-lo para interrogatório.
A notícia de que os investigadores suspeitam de um possível cúmplice é um pesado golpe para o Société Générale, que tenta montar uma ampliação de capital de 5,5 bilhões (US$ 8,05 bilhões) para reparar o estrago das transações não autorizadas, que causaram um prejuízo operacional recorde, de 4,9 bilhões (US$ 7,17 bilhões).
Pessoas próximas ao banco insistiam que a ampliação de capital não seria prejudicada e que, em razão das quatro investigações em curso sobre as transações irregulares do operador, era inevitável que novas informações surgissem nas próximas semanas.
Certamente surgirão questões sobre os controles internos do banco não terem detectado conexões com uma segunda área de negócios do grupo. A investigação interna do Société Générale demonstra que Kerviel usou a Fimat para processar algumas de suas transações, liquidadas posteriormente pelo escritório da corretora em Londres. Em novembro de 2007, a Bolsa européia de derivativos Eurex contactou a Fimat e o Société Générale para perguntar por que Kerviel estava usando o escritório de Londres para liquidar transações.
A explicação de Kerviel parece ter satisfeito o banco e a Bolsa.
O tribunal de apelações em Paris decidiu que Kerviel -que enfrenta numerosas acusações, entre as quais abuso de confiança, abuso de cargo e tentativa de fraude- ficará sob a custódia das autoridades, em parte pelo risco de fuga da França.
"O fato de ele continuar em liberdade poderia comprometer a investigação", disse um porta-voz do tribunal antes da audiência. Kerviel foi libertado, sob supervisão judicial, há dez dias. Ele estava detido na sede da polícia financeira francesa, mas os juízes rejeitaram o pedido da promotoria de Paris para que ele ficasse preso.


Com a Redação

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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