São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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VIZINHO EM CRISE

Medida vigorará por seis meses; objetivo é aumentar a oferta no mercado interno e forçar a queda do preço

Argentina suspende exportação de carne

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

Depois de um discurso inflamado em que o presidente Néstor Kirchner afirmou que a Argentina não exportará carne "à custa da fome e do bolso dos argentinos", o país anunciou, ontem à noite, a suspensão da venda externa do produto por 180 dias.
O país é o terceiro maior exportador de carne do mundo. O motivo da medida "de emergência" é aumentar a oferta do produto no mercado interno e forçar a queda do preço, já que o item tem sido um dos principais impulsionadores da inflação no país.
Só ontem, no principal mercado de abate argentino, o setor privado informava alta entre 8% e 10%. No acumulado do ano, o produto já teria subido 27%. Em 2005, subiu 23% (o índice geral de inflação foi de 12,3%).
A medida deve gerar forte reação na cadeia de carne argentina, que desde o ano passado mantém embate com a Casa Rosada. As restrições para a venda fazem parte da estratégia do governo, considerada ineficaz e heterodoxa por analistas, de controlar a inflação por congelamento de preço.
Segundo explicou a ministra da Economia, Felisa Miceli, em coletiva na Casa Rosada, por três meses, o país só exportará carne da cota Hilton, corte de alta qualidade destinado à Europa, e os volumes de venda acertados em acordos país-país. A suspensão deve barrar até 90% das exportações.
O governo também ampliou o aumento de encargos de exportação do produto, de 5% para 15%, para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes já paga mais imposto desde novembro, já parte da tentativa de aumentar a oferta interna.
Para justificar as medidas, Miceli mencionou a febre aftosa no Brasil e o medo da febre aviária na Europa como fatores que aumentaram a demanda mundial pela carne argentina, fazendo cair a oferta interna e causando a alta.
A Argentina exporta cerca de 23% da produção de carne e bateu recorde de vendas no exterior em 2005: US$ 1,4 bilhão (600 mil toneladas, 25% mais que em 2004).


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