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VIZINHO EM CRISE
Medida vigorará por seis meses; objetivo é aumentar a oferta no mercado interno e forçar a queda do preço
Argentina suspende exportação de carne
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Depois de um discurso inflamado em que o presidente Néstor
Kirchner afirmou que a Argentina não exportará carne "à custa
da fome e do bolso dos argentinos", o país anunciou, ontem à
noite, a suspensão da venda externa do produto por 180 dias.
O país é o terceiro maior exportador de carne do mundo. O motivo da medida "de emergência" é
aumentar a oferta do produto no
mercado interno e forçar a queda
do preço, já que o item tem sido
um dos principais impulsionadores da inflação no país.
Só ontem, no principal mercado
de abate argentino, o setor privado informava alta entre 8% e 10%.
No acumulado do ano, o produto
já teria subido 27%. Em 2005, subiu 23% (o índice geral de inflação
foi de 12,3%).
A medida deve gerar forte reação na cadeia de carne argentina,
que desde o ano passado mantém
embate com a Casa Rosada. As
restrições para a venda fazem parte da estratégia do governo, considerada ineficaz e heterodoxa por
analistas, de controlar a inflação
por congelamento de preço.
Segundo explicou a ministra da
Economia, Felisa Miceli, em coletiva na Casa Rosada, por três meses, o país só exportará carne da
cota Hilton, corte de alta qualidade destinado à Europa, e os volumes de venda acertados em acordos país-país. A suspensão deve
barrar até 90% das exportações.
O governo também ampliou o
aumento de encargos de exportação do produto, de 5% para 15%,
para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes já
paga mais imposto desde novembro, já parte da tentativa de aumentar a oferta interna.
Para justificar as medidas, Miceli mencionou a febre aftosa no
Brasil e o medo da febre aviária na
Europa como fatores que aumentaram a demanda mundial pela
carne argentina, fazendo cair a
oferta interna e causando a alta.
A Argentina exporta cerca de
23% da produção de carne e bateu
recorde de vendas no exterior em
2005: US$ 1,4 bilhão (600 mil toneladas, 25% mais que em 2004).
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