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Múltis dos EUA ganham mais no Brasil
Após anos de desempenho insatisfatório, americanas retomam investimentos e esperam resultados "fortes" em 2007
Pesquisa com 193 grandes empresas americanas revela otimismo com país; carga tributária e problemas regulatórios são entraves
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Após vários anos de apreensão e amargando resultados insatisfatórios, as maiores empresas norte-americanas operando no Brasil estão otimistas.
Coincidindo com a viagem ao
país do presidente dos EUA,
George W. Bush, a maioria delas prevê crescimento "forte"
em seus negócios em 2007.
Esperam ainda "moderada"
expansão do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano e "forte"
crescimento em 2008 e 2009.
Das 500 maiores empresas
americanas listadas pela revista "Fortune", 193 (37%) têm
negócios no Brasil. Pesquisa
realizada entre elas e obtida pela Folha mostra que 57% esperam "forte crescimento" em
seus negócios neste ano.
A elevada carga tributária e
os problemas regulatórios continuam no topo das preocupações das companhias. Mas os
resultados dos balanços mostram avanços significativos em
relação aos últimos anos.
A pesquisa, do Conselho Empresarial Brasil-EUA da Câmara de Comércio dos EUA, sediado em Washington, é a terceira do tipo. Nas anteriores, o
otimismo era bem menor.
8 anos no vermelho
O resultado no Brasil da General Motors, uma das maiores
companhias do mundo, é um
exemplo de mudança. Pela primeira vez em em oito anos, a
GM deu lucro no país no ano
passado e espera fechar novamente no azul em 2007.
Os investimentos mais recentes são R$ 500 milhões na
fábrica de São Caetano do Sul
(SP) e US$ 240 milhões em
Gravataí (RS). Nos planos da
empresa, novo aporte de US$ 1
bilhão para a produção de veículos a partir de 2009.
"Tivemos muitas dificuldades até 2005, mas um 2006 excepcional, com expectativa de
vendas (70% financiadas em
até 70 parcelas fixas) batendo
recordes daqui em diante", diz
José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM -empresa há 82 anos no país.
Outra gigante americana, a
Coca-Cola, registra 11 trimestres de crescimento contínuo
no país. Ao longo desse período,
no pior trimestre a empresa
cresceu 7%. No melhor, 15%.
Nos últimos meses, a Coca-Cola engoliu uma série de concorrentes e lançou novos produtos, com investimentos de
R$ 3,5 bilhões acumulados nos
últimos cinco anos.
"A estabilidade no crescimento brasileiro e o aumento
da renda, principalmente entre
os mais pobres, têm sido fundamentais para esses resultados",
afirma Marco Simões, diretor
da Coca-Cola.
"O mais significativo é que o
resultado dessas empresas está
crescendo hoje acima da média
do próprio desempenho da
economia brasileira", afirma
Mark Smith, diretor para Assuntos do Hemisfério Ocidental da Câmara de Comércio dos
Estados Unidos.
Carga tributária
No levantamento, 40% das
empresas vêem a elevada carga
tributária no país como o maior
obstáculo; já 15% consideram a
falta de marcos regulatórios
mais específicos.
O juro alto, tido como vilão
do crescimento por muitos empresários brasileiros, é apontado como problema por apenas
6% dos americanos -atrás dos
altos custos trabalhistas (9%).
A gigante farmacêutica
Merck Sharp & Dohme diz que
o "problema mais sério" em seu
negócio é o marco regulatório
brasileiro, que provoca "gargalos" nas áreas de estudos clínicos e manufatura de medicamentos por causa das patentes.
"Além disso, ainda somos um
dos únicos setores com o preço
controlado no Brasil", afirma
João Sanches, diretor da multinacional americana.
Mesmo assim, Sanches diz
que a Merck Sharp & Dohme
permanece "cautelosamente
otimista" com o país e mantém
planos para dobrar o tamanho
do negócio no Brasil ao longo
dos próximos cinco anos.
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