|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Vale, commodities são boas para o país
DA REPORTAGEM LOCAL
O valor de mercado das empresas brasileiras de capital
aberto produtoras de commodities (mercadorias primárias
como ferro ou soja) explodiu
desde o início da década, diz estudo da Economática. Além
disso, elas equivalem a uma fatia cada vez maior da economia,
entre empresas de diferentes
setores analisados.
Alvo de inúmeras críticas, a
"commoditização" da economia brasileira é defendida, evidentemente, pela Vale do Rio
Doce. Para a mineradora, produzir commodities é bom para
o país como um todo.
"Os produtos primários são
-e serão por muito tempo- escassos na economia mundial",
afirma José Carlos Martins, diretor-executivo da Vale. "A força mudou a favor de quem consegue produzir commodities
por preços competitivos."
Para os críticos, essa visão é
simplista. Segundo eles, apesar
de os aumentos recentes terem
elevado essas mercadorias a
outro patamar de preços, o potencial das commodities é limitado. Isso porque elas não embutem em si grande tecnologia
ou o valor do processamento.
Martins rebate. Segundo ele,
o valor é adicionado às commodities na forma de novos investimentos em fábricas, logística
e na inovação à produção.
"A Michelin acaba de anunciar a construção de uma nova
fábrica no Brasil para atender
exclusivamente à indústria de
mineração", diz ele. "A agroindústria investe milhões em
pesquisa e desenvolvimento.
Isso é ou não é agregar valor à
produção?"
Outro argumento usado por
ele diz respeito ao superávit da
balança comercial dos setores
produtores de commodities.
Responsável por 24% do saldo
da balança comercial, a Vale,
afirma Martins, exporta US$
20 bilhões e importa US$ 2 bilhões ao ano.
"Quem traz mais valor ao investidor: quem fabrica um carro a R$ 100 e exporta a R$ 110
ou quem produz commodity a
R$ 30 e exporta a R$ 80?"
Sustentabilidade
Francisco Pessoa Faria, economista da consultoria LCA,
afirma que isso não é valor adicionado ao produto, mas sim
causado pela alta na demanda
mundial.
"Dificilmente haverá aumentos de preços na mesma proporção que garantam crescimentos sustentáveis", diz.
Para buscar esse crescimento contínuo, no entanto, Martins afirma que a Vale planejou
investimentos de US$ 60 bilhões para os próximos cinco
anos, dos quais US$ 40 bilhões
destinados ao Brasil.
"A roda das exportações aciona a roda dos investimentos,
que movimenta a renda, o emprego e o mercado interno", diz
Martins.
Mercado interno
Mesmo assim, os economistas afirmam que a tendência do
crescimento futuro virá do próprio mercado interno.
"Era natural que o peso das
commodities no bolo das empresas aumentasse depois de
um ano de aumento em aço, soja, leite e petróleo como foi
2007", diz Ana Carla Abrão
Costa, economista-chefe da
consultoria Tendências. "Porém, os motores domésticos
continuarão muito fortes em
2008 e as empresas ligadas ao
mercado doméstico vão ganhar
mais importância."
(CB)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Telefónica quer iPhone para o Dia das Mães Índice
|