São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Para Vale, commodities são boas para o país

DA REPORTAGEM LOCAL

O valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto produtoras de commodities (mercadorias primárias como ferro ou soja) explodiu desde o início da década, diz estudo da Economática. Além disso, elas equivalem a uma fatia cada vez maior da economia, entre empresas de diferentes setores analisados.
Alvo de inúmeras críticas, a "commoditização" da economia brasileira é defendida, evidentemente, pela Vale do Rio Doce. Para a mineradora, produzir commodities é bom para o país como um todo.
"Os produtos primários são -e serão por muito tempo- escassos na economia mundial", afirma José Carlos Martins, diretor-executivo da Vale. "A força mudou a favor de quem consegue produzir commodities por preços competitivos."
Para os críticos, essa visão é simplista. Segundo eles, apesar de os aumentos recentes terem elevado essas mercadorias a outro patamar de preços, o potencial das commodities é limitado. Isso porque elas não embutem em si grande tecnologia ou o valor do processamento.
Martins rebate. Segundo ele, o valor é adicionado às commodities na forma de novos investimentos em fábricas, logística e na inovação à produção.
"A Michelin acaba de anunciar a construção de uma nova fábrica no Brasil para atender exclusivamente à indústria de mineração", diz ele. "A agroindústria investe milhões em pesquisa e desenvolvimento. Isso é ou não é agregar valor à produção?"
Outro argumento usado por ele diz respeito ao superávit da balança comercial dos setores produtores de commodities. Responsável por 24% do saldo da balança comercial, a Vale, afirma Martins, exporta US$ 20 bilhões e importa US$ 2 bilhões ao ano.
"Quem traz mais valor ao investidor: quem fabrica um carro a R$ 100 e exporta a R$ 110 ou quem produz commodity a R$ 30 e exporta a R$ 80?"

Sustentabilidade
Francisco Pessoa Faria, economista da consultoria LCA, afirma que isso não é valor adicionado ao produto, mas sim causado pela alta na demanda mundial.
"Dificilmente haverá aumentos de preços na mesma proporção que garantam crescimentos sustentáveis", diz.
Para buscar esse crescimento contínuo, no entanto, Martins afirma que a Vale planejou investimentos de US$ 60 bilhões para os próximos cinco anos, dos quais US$ 40 bilhões destinados ao Brasil.
"A roda das exportações aciona a roda dos investimentos, que movimenta a renda, o emprego e o mercado interno", diz Martins.

Mercado interno
Mesmo assim, os economistas afirmam que a tendência do crescimento futuro virá do próprio mercado interno.
"Era natural que o peso das commodities no bolo das empresas aumentasse depois de um ano de aumento em aço, soja, leite e petróleo como foi 2007", diz Ana Carla Abrão Costa, economista-chefe da consultoria Tendências. "Porém, os motores domésticos continuarão muito fortes em 2008 e as empresas ligadas ao mercado doméstico vão ganhar mais importância." (CB)


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