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Telefónica quer iPhone para o Dia das Mães
Operadora entra em fase final de negociação com a Apple e pretende colocar aparelho à venda na América Latina em dois meses
No Brasil, celular seria vendido pela Vivo; exigência da Apple
de ter parte da receita e de que aparelho seja subsidiado
emperra negociações
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vivo está mais perto de lançar o iPhone no Brasil. As conversas entre a Telefónica, uma
das controladoras da operadora brasileira, e a Apple, a fabricante do celular, atingiram a fase final de negociação.
A Folha apurou que a operadora espanhola quer colocar o
aparelho à venda na América
Latina dentro de dois meses.
No Brasil, a Vivo já teria os aparelhos para o Dia das Mães.
Vários fatores favorecem a
Telefónica na queda-de-braço
com a Apple. O primeiro deles
é a venda não-oficial de iPhones fora dos EUA e da Europa.
Estima-se que cerca de 1,4
milhão de iPhones estejam em
atividade no momento no mercado paralelo, já que apenas 2,3
milhões de aparelhos dos 3,7
milhões vendidos estão registrados nas operadoras com
quem a Apple mantém acordo
de exclusividade. Em média,
um iPhone, que custa US$ 400
nos EUA, é vendido por US$
600 em países como a China.
Os analistas calculam que, se
Steve Jobs, da Apple, não fizer
nada para conter o mercado
paralelo, perderá US$ 1 bilhão
nos próximos três anos. Nessa
conta não está incluída a receita gerada por serviços como o
download de músicas e vídeos
pela loja virtual da Apple, o
iTunes. Só nisso, são mais US$
120 anuais por cliente.
No Brasil, não há números
precisos sobre a quantidade de
iPhones desbloqueados em atividade. Mas uma pesquisa feita
pela consultoria Predicta mostra que o iPhone já responde
por quase metade dos acessos à
internet via celular.
Em setembro de 2007 (três
meses após o lançamento nos
EUA), ele representava 10,8%
dos acessos no Brasil. Em fevereiro, saltou para 49,7%.
A Predicta é uma empresa
brasileira que desenvolve softwares que monitoram a navegação de cerca de 25 sites brasileiros -incluindo portais e empresas. Juntos, eles respondem
por mais de 90% dos acessos à
web no país. "Conseguimos saber até que tipo de equipamento o internauta está utilizando
quando chega a um desses sites", diz Cláudia Woods, diretora do departamento de inteligência da empresa.
Toda vez que alguém se conecta à internet, seja pelo computador, celular, palmtop ou
iPhone, recebe do servidor
acessado uma informação chamada "cook". Ela fica salva na
memória desses equipamentos, que, por sua vez, devolvem
outro "cook" ao servidor contendo todas as informações da
máquina, incluindo o sistema
operacional. Como o sistema
da Apple é único no mundo, é
possível saber exatamente
quantos acessos foram feitos
no Brasil via iPhone, porque
ele fica registrado no "cook".
Pé no freio
É difícil avaliar se o acordo
entre a Apple e a Telefónica será fechado. Na China, as negociações com a China Mobile, a
maior operadora do planeta,
com mais de 350 milhões de assinantes, não vingaram.
Com a Telefónica, o que emperra a negociação é uma questão comercial. A Apple quer
uma participação na receita da
Vivo, a exemplo do que fez com
a AT&T, nos EUA, a O2, no Reino Unido, e a Deutsche Telecom, na Alemanha. Além disso,
ela quer que a Telefónica subsidie os aparelhos para que sejam vendidos a preços baixos,
incentivando sua massificação.
O problema é que esse modelo de negócio não faz mais sentido. Afinal, desde que o iPhone
foi lançado, não pára de crescer
a quantidade de desenvolvedores de programas que desbloqueiam o aparelho para que ele
funcione em qualquer rede de
telefonia móvel.
É essa realidade que está
pressionando a Apple a rever
suas exigências. Por isso, é possível que, caso ela feche o contrato com a Telefónica, o aparelho seja vendido mais caro,
porque não terá o subsídio normalmente concedido pelas
operadoras de celular.
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