São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Folhainvest

Pico de rentabilidade do CDB ficou para trás

Perda de fôlego atual é resultado do ciclo de redução dos juros e da menor necessidade dos bancos de captar recursos

Apesar da queda, clientes podem obter boa taxa de retorno, pois os bancos analisam o valor aplicado e o prazo da operação

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a escalada vivida em meio ao agravamento da crise de 2008, os CDBs começam a demonstrar perda de fôlego. Além de os juros básicos terem entrado em um ciclo de reduções, o "desespero" dos bancos para captar recursos, que elevou as taxas pagas pelos CDBs, se arrefeceu.
Os juros médios oferecidos pelos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) começam a se afastar dos picos registrados entre setembro e dezembro passado. Mesmo que fevereiro tenha sido um mês atípico -além de ter menos dias úteis, sofreu com os feriados de Carnaval-, com os CDBs dando na média 0,81%, os analistas não acham que as taxas da aplicação retomem os patamares de poucos meses atrás. Para este mês, a projeção do mercado é que os CDBs retornem ao patamar de 0,90%, mas ainda bem abaixo dos níveis recentes. Em outubro passado, a taxa média da aplicação atingiu seu topo, ao ficar em 1,11% ao mês.
Essas taxas são apenas um parâmetro e se referem à média das principais instituições financeiras, calculada pelo BC. Cada banco analisa o perfil do cliente, o volume que será aplicado e o prazo da operação para definir a taxa que oferecerá.
"O pico das taxas pagas pelos CDBs já ficou para trás. A pressão para os bancos captarem, que forçaram as taxas, diminuiu. Mas dá para encontrar juros interessantes, até maiores que os praticados antes da crise", avalia o administrador de investimentos Fábio Colombo.
O que se viu no ano passado, principalmente depois do agravamento da crise financeira mundial, em setembro, foram os bancos com dificuldade cada vez maior para captar recursos. Nesse cenário, uma opção foi elevar as taxas oferecidas pelos CDBs e aumentar a demanda por essa aplicação.
Os CDBs são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos e oferecidos a seus clientes. Tanto as pequenas como as maiores instituições financeiras do país ofertam CDBs e passaram a pagar juros mais elevados nos últimos meses de 2008.
Os investidores não deixaram a oportunidade passar, e o resultado foi o expressivo salto no estoque de CDBs.
Segundo dados levantados pela Cetip, o estoque dos CDBs cresceu 106,5% no ano passado, indo a R$ 681,51 bilhões. Nos cinco anos anteriores, essa expansão ocorreu a um ritmo bem menos intenso -média de 15% ao ano.
Os bancos necessitam captar recursos para poder ter capital para conceder empréstimos a seus clientes. No segundo semestre do ano passado, primeiro os bancos encontraram dificuldades para levantar recursos no mercado internacional, uma importante fonte buscada nos últimos anos. Depois, os canais mais tradicionais oferecidos pelo mercado de capitais brasileiro, como as emissões de ações e de debêntures, também esfriaram. A saída dos bancos para não diminuir os montantes de crédito oferecido foi vender mais CDBs.
"Os juros dos CDBs têm caído em relação ao que alcançaram em 2008. Mas ainda continuam sendo uma alternativa interessante. Não podemos esquecer que não cobram taxa de administração", diz Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Ibmec-SP.
Os fundos de investimento cobram uma taxa de administração, destinada a pagar o trabalho dos gestores, que costuma oscilar entre 1% e 4%. As aplicações de varejo, que exigem menor valor inicial de investimento, normalmente cobram as taxas mais elevadas.
Uma taxa de 1% ou 2% pode não parecer muita coisa. Mas, no atual cenário de juros em queda, pode representar uma fatia elevada dos ganhos.
"Na comparação com aplicações como os fundos DI, o CDB ainda se mostra como uma boa opção", diz Rocha.

Riscos
Como o CDB é um título emitido por um banco, seu risco está totalmente atrelado à saúde da instituição financeira. Por isso, analistas aconselham sempre adquirir um CDB de um banco mais tradicional.
Rocha afirma que "outra vantagem do CDB em relação aos fundos de investimento é a de ser protegido pelo FGC, caso o banco que emitiu o título passe por dificuldades".
O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) garante que, no caso de uma instituição financeira quebrar, os clientes tenham assegurados, no montante de até R$ 60 mil, suas contas e aplicações em CDBs.


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