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Folhainvest
Pico de rentabilidade do CDB ficou para trás
Perda de fôlego atual é resultado do ciclo de redução dos juros e da menor necessidade dos bancos de captar recursos
Apesar da queda, clientes podem obter boa taxa de retorno, pois os bancos analisam o valor aplicado
e o prazo da operação
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a escalada vivida em
meio ao agravamento da crise
de 2008, os CDBs começam a
demonstrar perda de fôlego.
Além de os juros básicos terem
entrado em um ciclo de reduções, o "desespero" dos bancos
para captar recursos, que elevou as taxas pagas pelos CDBs,
se arrefeceu.
Os juros médios oferecidos
pelos CDBs (Certificados de
Depósito Bancário) começam a
se afastar dos picos registrados
entre setembro e dezembro
passado. Mesmo que fevereiro
tenha sido um mês atípico
-além de ter menos dias úteis,
sofreu com os feriados de Carnaval-, com os CDBs dando na
média 0,81%, os analistas não
acham que as taxas da aplicação retomem os patamares de
poucos meses atrás. Para este
mês, a projeção do mercado é
que os CDBs retornem ao patamar de 0,90%, mas ainda bem
abaixo dos níveis recentes. Em
outubro passado, a taxa média
da aplicação atingiu seu topo,
ao ficar em 1,11% ao mês.
Essas taxas são apenas um
parâmetro e se referem à média
das principais instituições financeiras, calculada pelo BC.
Cada banco analisa o perfil do
cliente, o volume que será aplicado e o prazo da operação para
definir a taxa que oferecerá.
"O pico das taxas pagas pelos
CDBs já ficou para trás. A pressão para os bancos captarem,
que forçaram as taxas, diminuiu. Mas dá para encontrar juros interessantes, até maiores
que os praticados antes da crise", avalia o administrador de
investimentos Fábio Colombo.
O que se viu no ano passado,
principalmente depois do agravamento da crise financeira
mundial, em setembro, foram
os bancos com dificuldade cada
vez maior para captar recursos.
Nesse cenário, uma opção foi
elevar as taxas oferecidas pelos
CDBs e aumentar a demanda
por essa aplicação.
Os CDBs são títulos de renda
fixa emitidos pelos bancos e
oferecidos a seus clientes. Tanto as pequenas como as maiores instituições financeiras do
país ofertam CDBs e passaram
a pagar juros mais elevados nos
últimos meses de 2008.
Os investidores não deixaram a oportunidade passar, e o
resultado foi o expressivo salto
no estoque de CDBs.
Segundo dados levantados
pela Cetip, o estoque dos CDBs
cresceu 106,5% no ano passado,
indo a R$ 681,51 bilhões. Nos
cinco anos anteriores, essa expansão ocorreu a um ritmo
bem menos intenso -média de
15% ao ano.
Os bancos necessitam captar
recursos para poder ter capital
para conceder empréstimos a
seus clientes. No segundo semestre do ano passado, primeiro os bancos encontraram dificuldades para levantar recursos no mercado internacional,
uma importante fonte buscada
nos últimos anos. Depois, os canais mais tradicionais oferecidos pelo mercado de capitais
brasileiro, como as emissões de
ações e de debêntures, também
esfriaram. A saída dos bancos
para não diminuir os montantes de crédito oferecido foi vender mais CDBs.
"Os juros dos CDBs têm caído em relação ao que alcançaram em 2008. Mas ainda continuam sendo uma alternativa
interessante. Não podemos esquecer que não cobram taxa de
administração", diz Ricardo
Humberto Rocha, professor de
finanças do Ibmec-SP.
Os fundos de investimento
cobram uma taxa de administração, destinada a pagar o trabalho dos gestores, que costuma oscilar entre 1% e 4%. As
aplicações de varejo, que exigem menor valor inicial de investimento, normalmente cobram as taxas mais elevadas.
Uma taxa de 1% ou 2% pode
não parecer muita coisa. Mas,
no atual cenário de juros em
queda, pode representar uma
fatia elevada dos ganhos.
"Na comparação com aplicações como os fundos DI, o CDB
ainda se mostra como uma boa
opção", diz Rocha.
Riscos
Como o CDB é um título emitido por um banco, seu risco está totalmente atrelado à saúde
da instituição financeira. Por
isso, analistas aconselham
sempre adquirir um CDB de
um banco mais tradicional.
Rocha afirma que "outra vantagem do CDB em relação aos
fundos de investimento é a de
ser protegido pelo FGC, caso o
banco que emitiu o título passe
por dificuldades".
O FGC (Fundo Garantidor de
Crédito) garante que, no caso
de uma instituição financeira
quebrar, os clientes tenham assegurados, no montante de até
R$ 60 mil, suas contas e aplicações em CDBs.
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