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Banco estrangeiro no Brasil lucra menos
Ganho das instituições que atuam no país caiu 41% em 2008 em relação a 2007; bancos nacionais tiveram perda de 6%
Resultados foram afetados pela redução na assessoria para o lançamento de ações e pela queda na prestação de serviços bancários
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo estando longe das dificuldades enfrentadas nos
seus países de origem, os bancos estrangeiros que atuam no
Brasil viram seus lucros recuar
41% no ano passado, segundo
levantamento feito pela Folha
a partir dos balanços entregues
pelas instituições financeiras
ao Banco Central.
Em 2008, segundo dados disponibilizados pelo BC, existiam 32 bancos estrangeiros
atuando no país, e esse grupo
de instituições lucrou R$ 8 bilhões, contra R$ 13,6 bilhões
em 2007. De forma geral, o ano
passado não foi tão bom para o
setor financeiro, mas bancos
nacionais e públicos conseguiram resultados melhores do
que os alcançados pelos seus
concorrentes multinacionais.
O lucro obtido pelos 58 bancos de capital nacional que
atuam no Brasil foi de R$ 20,9
bilhões no ano passado, um recuo de 6% na comparação com
2007. Os ganhos apurados pelos bancos públicos (federais e
estaduais) somaram R$ 15 bilhões, com alta de 56%.
Se considerados todos os
bancos, independentemente
da origem do capital, o setor lucrou R$ 43,9 bilhões no Brasil
em 2008 -recuo de 3,3%.
Para Domingos Pandeló,
professor de finanças do
Ibmec-SP, o agravamento da
crise, que limitou a oferta de
crédito em todo o mundo, ajuda a explicar a piora no resultado. "E a tendência é que 2009
também não seja tão bom
quanto vinha sendo nos últimos anos", afirma.
Segundo Pandeló, os bancos
que atuam no Brasil -mesmo
as filiais de instituições internacionais- não devem ser afetados diretamente pela crise
bancária que se espalha pelos
países desenvolvidos, mas precisam ser cautelosos para não
serem surpreendidos pelo aumento da inadimplência no
mercado doméstico. "É preciso
ter cuidado para não abrir demais a torneira do crédito, porque os prejuízos podem aparecer lá na frente."
Tarifas
Os números levantados pelo
BC se referem aos chamados
bancos comerciais que atuam
no país, ou seja, instituições financeiras em que é possível
abrir uma conta corrente. Bancos de desenvolvimento (como
o BNDES) e financeiras independentes -que não fazem
parte de grandes conglomerados financeiros- não foram incluídos no levantamento.
A diferença no comportamento entre os bancos reflete
uma série de fatores. Os bancos
públicos foram muito influenciados por estratégias contábeis que inflaram os balanços
do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal. Juntas, as
duas instituições respondem
por cerca de 80% dos ganhos
apurados pelos bancos públicos em 2008.
Entre os bancos estrangeiros, pesou a dificuldade enfrentada por instituições que concentram suas atividades no
segmento corporativo. Até
2007, o otimismo dos investidores atraía muitas empresas
para o mercado de capitais, onde lançavam títulos e ações
com assessoria de bancos, em
sua maioria estrangeiros.
No ano passado, o grupo formado por instituições internacionais foi o único que sofreu
queda no faturamento com a
prestação de serviços bancários
-que inclui, além de tarifas, taxas cobradas na assessoria
prestada a empresas.
As receitas, que em 2007 foram de R$ 14,7 bilhões, recuaram para R$ 13,3 bilhões no ano
passado. Se considerado todo o
setor, ao contrário, esse faturamento subiu 2,1%.
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