São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Banco estrangeiro no Brasil lucra menos

Ganho das instituições que atuam no país caiu 41% em 2008 em relação a 2007; bancos nacionais tiveram perda de 6%

Resultados foram afetados pela redução na assessoria para o lançamento de ações e pela queda na prestação de serviços bancários

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo estando longe das dificuldades enfrentadas nos seus países de origem, os bancos estrangeiros que atuam no Brasil viram seus lucros recuar 41% no ano passado, segundo levantamento feito pela Folha a partir dos balanços entregues pelas instituições financeiras ao Banco Central.
Em 2008, segundo dados disponibilizados pelo BC, existiam 32 bancos estrangeiros atuando no país, e esse grupo de instituições lucrou R$ 8 bilhões, contra R$ 13,6 bilhões em 2007. De forma geral, o ano passado não foi tão bom para o setor financeiro, mas bancos nacionais e públicos conseguiram resultados melhores do que os alcançados pelos seus concorrentes multinacionais.
O lucro obtido pelos 58 bancos de capital nacional que atuam no Brasil foi de R$ 20,9 bilhões no ano passado, um recuo de 6% na comparação com 2007. Os ganhos apurados pelos bancos públicos (federais e estaduais) somaram R$ 15 bilhões, com alta de 56%.
Se considerados todos os bancos, independentemente da origem do capital, o setor lucrou R$ 43,9 bilhões no Brasil em 2008 -recuo de 3,3%.
Para Domingos Pandeló, professor de finanças do Ibmec-SP, o agravamento da crise, que limitou a oferta de crédito em todo o mundo, ajuda a explicar a piora no resultado. "E a tendência é que 2009 também não seja tão bom quanto vinha sendo nos últimos anos", afirma.
Segundo Pandeló, os bancos que atuam no Brasil -mesmo as filiais de instituições internacionais- não devem ser afetados diretamente pela crise bancária que se espalha pelos países desenvolvidos, mas precisam ser cautelosos para não serem surpreendidos pelo aumento da inadimplência no mercado doméstico. "É preciso ter cuidado para não abrir demais a torneira do crédito, porque os prejuízos podem aparecer lá na frente."

Tarifas
Os números levantados pelo BC se referem aos chamados bancos comerciais que atuam no país, ou seja, instituições financeiras em que é possível abrir uma conta corrente. Bancos de desenvolvimento (como o BNDES) e financeiras independentes -que não fazem parte de grandes conglomerados financeiros- não foram incluídos no levantamento.
A diferença no comportamento entre os bancos reflete uma série de fatores. Os bancos públicos foram muito influenciados por estratégias contábeis que inflaram os balanços do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Juntas, as duas instituições respondem por cerca de 80% dos ganhos apurados pelos bancos públicos em 2008.
Entre os bancos estrangeiros, pesou a dificuldade enfrentada por instituições que concentram suas atividades no segmento corporativo. Até 2007, o otimismo dos investidores atraía muitas empresas para o mercado de capitais, onde lançavam títulos e ações com assessoria de bancos, em sua maioria estrangeiros.
No ano passado, o grupo formado por instituições internacionais foi o único que sofreu queda no faturamento com a prestação de serviços bancários -que inclui, além de tarifas, taxas cobradas na assessoria prestada a empresas.
As receitas, que em 2007 foram de R$ 14,7 bilhões, recuaram para R$ 13,3 bilhões no ano passado. Se considerado todo o setor, ao contrário, esse faturamento subiu 2,1%.


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