São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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REPERCUSSÃO
Bolsa paulista sobe 3,38%, títulos da dívida se valorizam e preço do dólar cai ainda mais
Mercado se anima com novo acordo

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

O mercado financeiro reagiu com otimismo às metas do acordo com o Fundo Monetário Internacional divulgadas ontem.
A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 3,38%. Os títulos da dívida externa brasileira tiveram alta em suas cotações, com o C-bond, o mais negociado, passando de 58,125% do valor de face na sexta-feira para 58,75% ontem.
O mercado de câmbio já estava fechado quando os termos do acordo vieram a público. Mas houve negócios de volume pequeno, em torno de US$ 1 milhão, com o dólar a R$ 1,95 após o fechamento, contra a cotação de R$ 1,985 no final dos negócios na sexta-feira. A valorização do real foi de 1,79%. Na média ponderada do Banco Central, o dólar fechou a R$ 1,9708, com valorização do real de 1,15%.
Os investidores aprovaram, especialmente, a divulgação dos limites a serem gastos por mês pelo Banco Central na defesa do real no mercado de câmbio. O total até junho, de US$ 8 bilhões, foi considerado suficiente para conter a valorização do dólar.
O otimismo foi tão grande que o mercado foi tomado por rumores de que o governo federal brasileiro já prepara a emissão de novo título da dívida no mercado externo. "Se o câmbio acalmar, o Brasil resolve o seu principal problema imediato", diz Carlos Eduardo Uchôa, da Liberal Asset Management.
"A partir do segundo semestre, os números da economia devem melhorar e os investidores externos devem trazer de volta seus dólares ao país. Mas, antes disso, é necessário um colchão para evitar o impacto de uma desvalorização maior do real e o risco de reindexação da economia."
Para João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora de Câmbio, concorda, os números divulgados pelo BC ajudam a eliminar a pressão sobre o dólar. "A tendência é de valorização do real."
Em março, vence cerca de US$ 1,9 bilhão da dívida externa brasileira e em abril, US$ 2,3 bilhões, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Em maio, o total de vencimentos é de US$ 1,1 bilhão e em junho, de US$ 2,7 bilhões. A soma desses vencimentos é de exatos US$ 8 bilhões.
Os investidores consideraram pouco provável, porém, que o país consiga superávit comercial de US$ 11 bilhões em 99, uma das metas do acordo com o FMI.


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