São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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Banqueiro critica ação do FMI na Argentina

DA REDAÇÃO

A associação dos maiores bancos do planeta criticou ontem a maneira como o FMI (Fundo Monetário Internacional) tem lidado com a Argentina. Para os banqueiros, o organismo tem sido muito tolerante com o país e está desrespeitando suas próprias normas, ao emprestar recursos sem exigir garantias.
"O Fundo deveria, em primeiro lugar, observar suas próprias políticas e respeitar suas próprias normas", disse em Washington Charles Dallara, diretor do IIF (Institute of International Finance), que representa 330 bancos de 60 países. "Disso pode-se deduzir minha opinião sobre as ações recentes do FMI."
A Argentina decretou a moratória de sua dívida externa em dezembro de 2001 e, até o momento, segue longe de chegar a um entendimento com seus credores privados. O país oferece pagar US$ 0,25 para cada US$ 1 devido, mas os credores não aceitam a proposta e querem ao menos US$ 0,65.
No mês passado, o FMI aprovou a segunda revisão de seu mais recente acordo com a Argentina. O aval do organismo, que possibilitou ao país ter acesso a um desembolso de US$ 3,1 bilhões, só ocorreu depois de os argentinos pagarem um vencimento de também US$ 3,1 bilhões devido a instituição multilateral.
"Para ser justo, o Fundo fez todo o esforço", afirmou Dallara. "Mas hoje, oito meses depois de ter assinado o acordo com a Argentina, não está claro se o programa é compatível com as normas do FMI."
Para Dallara, o Fundo não pode se respaldar apenas em cartas de boas intenções. "O FMI não pode fazer desembolsos até que tenha garantias de pagamento." Caso contrário, disse, "o Fundo terá que empresar dinheiro perpetuamente" para a Argentina.
De acordo com o diretor da associação, o país ainda não deu sinais objetivos de estar disposto a avançar nas negociações da reestruturação de sua dívida de US$ 81 bilhões com as instituições privadas e investidores internacionais. O país, na verdade, só aceitou retomar as conversas, no mês passado, após ser pressionado a fazê-lo pela direção do Fundo.


Com agências internacionais


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