São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC defende "previsibilidade" na economia

Para Meirelles, mais do que "impulso de euforia", empresários precisam de segurança sobre crescimento da demanda

Durante evento em Porto Alegre, presidente do BC ressalta "preocupações prudenciais" na condução da política monetária

FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em Porto Alegre que a economia brasileira atravessa um momento de "volatilidade decrescente", com indicadores econômicos que apontam para um cenário de estabilidade e previsibilidade.
"De todas as reformas feitas pelo Brasil nos últimos anos, a estabilidade é a que deu maior resultado", disse Meirelles.
Segundo ele, oferecer previsibilidade ao mercado deve ser um compromisso do governo. "Isso significa que não devemos ideologizar o debate econômico", afirmou.
Ele defendeu a manutenção do nível de confiança dos investidores na economia brasileira. "Concordo com a idéia de que temos de manter todos os agentes econômicos animados", disse. "Agora, é importante saber o que anima de fato o empresário, se é um impulso de euforia em algum momento ou se é a racionalidade, isto é, a previsibilidade de uma demanda que continuará crescendo nos próximos anos."
"A minha experiência é que a previsibilidade de uma demanda que vai continuar crescendo é o que anima de fato o empresário. Estabilidade é fundamental", completou.
As declarações foram feitas para uma platéia de empresários durante o 21º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.
Meirelles apresentou dados que apontam para uma "desinflação rápida e persistente da economia brasileira" a partir de 2004, com a conseqüente queda da taxa de juros.
Além disso, segundo ele, a diferença entre a inflação esperada e a inflação ocorrida também diminuiu no período. Isso, segundo ele, aumentou a confiança nos fundamentos estruturais do Brasil. Assim, aumentaram o consumo das famílias e a oferta de crédito, tanto em quantidade quanto em qualidade. "Não é coincidência relacionar o aumento na oferta de crédito à baixa inflação", disse.
O presidente do BC rejeitou conseqüências negativas da valorização do real diante do dólar para a economia brasileira. "Não podemos ficar obcecados com o dólar, temos que ter atenção para outras moedas."
Com o maior nível de reservas internacionais da história -em março, chegaram a US$ 195,2 bilhões-, Meirelles disse também que "o Brasil fez seu próprio seguro contra a crise", referindo-se às turbulências geradas pelos sobressaltos na economia dos EUA.
Ele também afastou o risco de um descontrole na política econômica brasileira com a crise dos EUA, ao lembrar que os níveis de crédito no país estão crescendo, mas não chegam a 35% do Produto Interno Bruto, enquanto em países como a Malásia atingem 100%. Mesmo assim, enfatizou a necessidade de manter a cautela.
"Ainda temos um longo caminho a percorrer [...] Compete a qualquer Banco Central estar alerta para prevenir exageros. É importante que isso seja feito por antecipação. São as chamadas preocupações prudenciais", afirmou.


Com a Reuters


Texto Anterior: Paulo Rabello de Castro: A reforma do Estado, uma esperança
Próximo Texto: Corte no Orçamento deve surtir pouco efeito
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.