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BC defende "previsibilidade" na economia
Para Meirelles, mais do que "impulso de euforia", empresários precisam de segurança sobre crescimento da demanda
Durante evento em Porto Alegre, presidente do BC ressalta "preocupações prudenciais" na condução da política monetária
FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem em Porto Alegre que a
economia brasileira atravessa
um momento de "volatilidade
decrescente", com indicadores
econômicos que apontam para
um cenário de estabilidade e
previsibilidade.
"De todas as reformas feitas
pelo Brasil nos últimos anos, a
estabilidade é a que deu maior
resultado", disse Meirelles.
Segundo ele, oferecer previsibilidade ao mercado deve ser
um compromisso do governo.
"Isso significa que não devemos ideologizar o debate econômico", afirmou.
Ele defendeu a manutenção
do nível de confiança dos investidores na economia brasileira.
"Concordo com a idéia de que
temos de manter todos os agentes econômicos animados", disse. "Agora, é importante saber o
que anima de fato o empresário, se é um impulso de euforia
em algum momento ou se é a
racionalidade, isto é, a previsibilidade de uma demanda que
continuará crescendo nos próximos anos."
"A minha experiência é que a
previsibilidade de uma demanda que vai continuar crescendo
é o que anima de fato o empresário. Estabilidade é fundamental", completou.
As declarações foram feitas
para uma platéia de empresários durante o 21º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre.
Meirelles apresentou dados
que apontam para uma "desinflação rápida e persistente da
economia brasileira" a partir de
2004, com a conseqüente queda da taxa de juros.
Além disso, segundo ele, a diferença entre a inflação esperada e a inflação ocorrida também diminuiu no período. Isso,
segundo ele, aumentou a confiança nos fundamentos estruturais do Brasil. Assim, aumentaram o consumo das famílias e
a oferta de crédito, tanto em
quantidade quanto em qualidade. "Não é coincidência relacionar o aumento na oferta de crédito à baixa inflação", disse.
O presidente do BC rejeitou
conseqüências negativas da valorização do real diante do dólar para a economia brasileira.
"Não podemos ficar obcecados
com o dólar, temos que ter
atenção para outras moedas."
Com o maior nível de reservas internacionais da história
-em março, chegaram a US$
195,2 bilhões-, Meirelles disse
também que "o Brasil fez seu
próprio seguro contra a crise",
referindo-se às turbulências
geradas pelos sobressaltos na
economia dos EUA.
Ele também afastou o risco
de um descontrole na política
econômica brasileira com a crise dos EUA, ao lembrar que os
níveis de crédito no país estão
crescendo, mas não chegam a
35% do Produto Interno Bruto,
enquanto em países como a
Malásia atingem 100%. Mesmo
assim, enfatizou a necessidade
de manter a cautela.
"Ainda temos um longo caminho a percorrer [...] Compete a qualquer Banco Central estar alerta para prevenir exageros. É importante que isso seja
feito por antecipação. São as
chamadas preocupações prudenciais", afirmou.
Com a Reuters
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