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AVIAÇÃO
Pilotos querem trocar dívida
Aumento de capital da Varig será turbulento
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento de capital da Varig
passará por um processo turbulento nas próximas semanas. A
Apvar (Associação dos Pilotos da
Varig) vai reivindicar dentro de 15
dias o direito de participar da estratégia da companhia, usando
como instrumento os R$ 2 bilhões que a Varig teria em pendências trabalhistas. Os pilotos
querem usar esse dinheiro para
obter ações da companhia.
Além disso, a Apvar contratou a
empresa GGR para buscar parceiros no mercado financeiro a fim
de criar um consórcio de novos
acionistas da Varig.
O presidente da Apvar, Flávio
Souza, disse à Folha que um dos
principais objetivos da entidade é
forçar a mudança na administração da Varig.
"Queremos profissionalizar a
gestão da empresa e não deixar
que os sete membros do conselho
da Fundação Rubem Berta, que
em sua maioria são funcionários
antigos, continuem a administrar
a empresa. Esse tipo de modelo é
que está causando enormes estragos na Varig", diz Souza.
A Varig tem atualmente uma
dívida de US$ 900 milhões. No
ano passado, teve receita líquida
de R$ 5,2 bilhões e prejuízo de R$
480,8 milhões.
Em março começou um processo de busca de novos parceiros
para capitalizar a companhia. Os
bancos Fator Doria Atherino e
Crédit Lyonnais foram contratados para encontrar os investidores.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) recebeu da Varig uma
proposta para que participe do
processo de compra das ações. O
presidente da instituição, Eleazar
de Carvalho Filho, afirma que a
diretoria do banco está em fase
inicial de estudo da proposta.
Justiça
A expectativa da Varig é reduzir
a dívida para US$ 500 milhões
com o processo de aumento de
capital. O presidente da empresa,
Ozires Silva, afirma que não reconhece os R$ 2 bilhões em débitos
trabalhistas reivindicados pelos
pilotos. "Isso não existe. Essa disputa toda será resolvida na Justiça", diz Silva.
A expectativa da diretoria da
empresa é conseguir encerrar o
processo de capitalização em setembro. Para Silva, a participação
do BNDES no aumento de capital
da empresa se justifica até mesmo
pelos motivos da fundação do
banco.
"O BNDES é um banco criado
para desenvolver o país, e a aviação é um instrumento importante
para isso."
Silva nega que a atual crise de
confiança que o Brasil enfrenta
em relação a alguns investidores
internacionais irá prejudicar o
processo de aumento de capital.
"Nós estamos em contato tanto
com investidores nacionais como
estrangeiros. Além disso, apenas
20% da companhia pode ser vendida para capitalistas do exterior,
conforme a legislação brasileira."
(LÁSZLÓ VARGA)
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