São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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AVIAÇÃO

Pilotos querem trocar dívida

Aumento de capital da Varig será turbulento

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento de capital da Varig passará por um processo turbulento nas próximas semanas. A Apvar (Associação dos Pilotos da Varig) vai reivindicar dentro de 15 dias o direito de participar da estratégia da companhia, usando como instrumento os R$ 2 bilhões que a Varig teria em pendências trabalhistas. Os pilotos querem usar esse dinheiro para obter ações da companhia.
Além disso, a Apvar contratou a empresa GGR para buscar parceiros no mercado financeiro a fim de criar um consórcio de novos acionistas da Varig.
O presidente da Apvar, Flávio Souza, disse à Folha que um dos principais objetivos da entidade é forçar a mudança na administração da Varig.
"Queremos profissionalizar a gestão da empresa e não deixar que os sete membros do conselho da Fundação Rubem Berta, que em sua maioria são funcionários antigos, continuem a administrar a empresa. Esse tipo de modelo é que está causando enormes estragos na Varig", diz Souza.
A Varig tem atualmente uma dívida de US$ 900 milhões. No ano passado, teve receita líquida de R$ 5,2 bilhões e prejuízo de R$ 480,8 milhões.
Em março começou um processo de busca de novos parceiros para capitalizar a companhia. Os bancos Fator Doria Atherino e Crédit Lyonnais foram contratados para encontrar os investidores.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) recebeu da Varig uma proposta para que participe do processo de compra das ações. O presidente da instituição, Eleazar de Carvalho Filho, afirma que a diretoria do banco está em fase inicial de estudo da proposta.

Justiça
A expectativa da Varig é reduzir a dívida para US$ 500 milhões com o processo de aumento de capital. O presidente da empresa, Ozires Silva, afirma que não reconhece os R$ 2 bilhões em débitos trabalhistas reivindicados pelos pilotos. "Isso não existe. Essa disputa toda será resolvida na Justiça", diz Silva.
A expectativa da diretoria da empresa é conseguir encerrar o processo de capitalização em setembro. Para Silva, a participação do BNDES no aumento de capital da empresa se justifica até mesmo pelos motivos da fundação do banco.
"O BNDES é um banco criado para desenvolver o país, e a aviação é um instrumento importante para isso."
Silva nega que a atual crise de confiança que o Brasil enfrenta em relação a alguns investidores internacionais irá prejudicar o processo de aumento de capital.
"Nós estamos em contato tanto com investidores nacionais como estrangeiros. Além disso, apenas 20% da companhia pode ser vendida para capitalistas do exterior, conforme a legislação brasileira." (LÁSZLÓ VARGA)


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