São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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TRABALHO

Brasil registra mais de mil acidentes diariamente e gasta R$ 2 bilhões com o pagamento de benefícios, diz governo

Acidentes de trabalho matam nove por dia

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil registra por dia mais de mil acidentes de trabalho somente entre os profissionais com carteira assinada. Além disso, nove trabalhadores morrem por dia devido a acidentes no emprego.
Os dados fazem parte do "Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho 2000", divulgado ontem pelos ministérios do Trabalho e da Previdência Social. Essa é a primeira vez que o governo elabora esse tipo de estudo com indicadores sobre frequência, gravidade e custo dos acidentes.
Em 2000, a Previdência Social gastou R$ 2 bilhões com o pagamento de benefícios para trabalhadores acidentados no emprego. O anuário também contém o ranking das atividades da economia em que os acidentes geram maiores danos.
Na liderança do ranking está o setor de extração de carvão mineral. Em segundo lugar aparece a atividade de reciclagem de sucatas metálicas e, na terceira posição, a fabricação de bicicletas e triciclos não-motorizados.
O estudo mostra que entre 1997 e 2000 a média anual de acidentes de trabalho somou 391,87 mil casos. Houve 3.563 mortes.
"Esses números só refletem o setor formal da economia. O número de mortes pode ser maior se for considerado o trabalho informal", disse o secretário de Previdência Social, Vinícius Pinheiro.

"Estarrecedores"
O ministro do Trabalho, Paulo Jobim, considera "estarrecedores" os dados do anuário e adianta que a meta do governo é reduzir o número de acidentes em 20% até o final de 2003.
Na avaliação do ministro da Previdência, José Cechin, a cobertura dos acidentes de trabalho prevista na legislação atual "não é feita da forma mais inteligente". Pelas regras atuais, os setores de atividades que geram maiores riscos de acidentes pagam alíquotas de contribuição adicionais à Previdência Social.
Dependendo do risco, a alíquota varia de 1% a 3%. "Com o trabalho que fizemos agora, descobrimos que setores com baixa incidência de acidentes têm alíquota mais alta e alguns com alta incidência pagam menos", relatou Cechin.
Por esse motivo, ele afirmou que até o final do ano o governo deverá reformular o sistema. A proposta é que a alíquota varie de acordo com a empresa -e não segundo o risco do setor.
Pinheiro acrescentou que o número de dias de trabalho perdidos em razão dos acidentes aumenta o custo da mão-de-obra no Brasil, encarecendo a produção e reduzindo a competitividade do país no mercado externo.



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