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TRABALHO
Brasil registra mais de mil acidentes diariamente e gasta R$ 2 bilhões com o pagamento de benefícios, diz governo
Acidentes de trabalho matam nove por dia
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil registra por dia mais de
mil acidentes de trabalho somente entre os profissionais com carteira assinada. Além disso, nove
trabalhadores morrem por dia
devido a acidentes no emprego.
Os dados fazem parte do
"Anuário Estatístico de Acidentes
de Trabalho 2000", divulgado ontem pelos ministérios do Trabalho e da Previdência Social. Essa é
a primeira vez que o governo elabora esse tipo de estudo com indicadores sobre frequência, gravidade e custo dos acidentes.
Em 2000, a Previdência Social
gastou R$ 2 bilhões com o pagamento de benefícios para trabalhadores acidentados no emprego. O anuário também contém o
ranking das atividades da economia em que os acidentes geram
maiores danos.
Na liderança do ranking está o
setor de extração de carvão mineral. Em segundo lugar aparece a
atividade de reciclagem de sucatas metálicas e, na terceira posição, a fabricação de bicicletas e
triciclos não-motorizados.
O estudo mostra que entre 1997
e 2000 a média anual de acidentes
de trabalho somou 391,87 mil casos. Houve 3.563 mortes.
"Esses números só refletem o
setor formal da economia. O número de mortes pode ser maior se
for considerado o trabalho informal", disse o secretário de Previdência Social, Vinícius Pinheiro.
"Estarrecedores"
O ministro do Trabalho, Paulo
Jobim, considera "estarrecedores" os dados do anuário e adianta
que a meta do governo é reduzir o
número de acidentes em 20% até
o final de 2003.
Na avaliação do ministro da
Previdência, José Cechin, a cobertura dos acidentes de trabalho
prevista na legislação atual "não é
feita da forma mais inteligente".
Pelas regras atuais, os setores de
atividades que geram maiores riscos de acidentes pagam alíquotas
de contribuição adicionais à Previdência Social.
Dependendo do risco, a alíquota varia de 1% a 3%. "Com o trabalho que fizemos agora, descobrimos que setores com baixa incidência de acidentes têm alíquota mais alta e alguns com alta incidência pagam menos", relatou
Cechin.
Por esse motivo, ele afirmou
que até o final do ano o governo
deverá reformular o sistema. A
proposta é que a alíquota varie de
acordo com a empresa -e não
segundo o risco do setor.
Pinheiro acrescentou que o número de dias de trabalho perdidos
em razão dos acidentes aumenta
o custo da mão-de-obra no Brasil,
encarecendo a produção e reduzindo a competitividade do país
no mercado externo.
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