São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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Crédito pessoal eleva o consumo de bens duráveis

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A julgar pelo volume de crédito em circulação na economia e pela expectativa dos empresários, há sinais, de fato, de que a atividade econômica está em num ritmo "gradual" de expansão, segundo especialistas e dados levantados pela Folha.
Informações do Banco Central revelam que o volume de crédito (total de financiamentos) às pessoas físicas cresceu 18,2% nos últimos 12 meses até março e 2,6% nesse mês. Em valores, os financiamentos somavam R$ 94,051 bilhões em março -R$ 2,351 bilhões a mais do que em fevereiro.
Para o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-RJ, a maior parte desse dinheiro vai especialmente para o consumo de bens duráveis (eletrodomésticos, móveis e veículos).
O volume total de crédito subiu 9,5% em 12 meses e chegou a R$ 416,7 bilhões em março. A cifra representa 14,5% do PIB (Produto Interno Bruto) -em março de 2003, era de 13,3%.
Sobre o crédito às famílias, Armando Castelar, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), diz que parte do crescimento pode ser sazonal.
"Esse aumento do crédito para as famílias reflete em parte fatores sazonais, com as famílias se endividando para conseguir cobrir despesas sazonais, como despesas escolares e impostos."
De acordo com ele, o aumento de 14,5% no total de empréstimos por meio do cheque especial revela tal situação. Castelar destaca, porém, a expansão das linhas para a compra de bens duráveis: "Mas os aumentos de 7% nos financiamentos para a aquisição de veículos no trimestre e de 19,4% em relação a março de 2003 mostram que a expansão no volume de crédito também ajuda a impulsionar o consumo", afirmou Castelar.
Segundo dados da Sondagem Conjuntural do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), alguns setores estão com alto nível de capacidade instalada, o que indica produção em alta.
São exemplos: metalurgia (90%), que inclui a indústria do aço, insumo de veículos e eletrodomésticos; mecânica (84,9%), que agrega bens de capital; e celulose e papel (92,4%). Os dados, de abril, superam as marcas do mesmo período em 2003.
Aloísio Campelo Jr., economista da FGV, prevê um aumento de produção nos próximos meses, já que os estoques estão ajustados e há previsão de retomada.


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