São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Foco

Em ritmo "adequado" do PAC, Tucuruí foi prometida por Lula para final de 2006

GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de 25 anos, menos da metade da obra está concluída. Em 2004 foi prometida uma inauguração até 2006, mas o prazo já foi esticado para 2009. Neste ano, o investimento não recebeu nem um centavo sequer do Orçamento. Esse é um dos projetos que, segundo o primeiro balanço oficial do PAC, está em ritmo "adequado".
Trata-se da construção das eclusas do rio Tucuruí, no Pará, iniciada em 1981 para permitir a navegação de Belém a Marabá e presente na lista de investimentos prioritários dos últimos seis presidentes -no caso de Luiz Inácio Lula da Silva, pela segunda vez.
"Quero dizer, aqui neste microfone, para os companheiros do Estado do Pará, que, se Deus quiser, antes de terminar o meu mandato, estarei de volta nesta região para que a gente possa inaugurar a conclusão da tão sonhada eclusa que o povo do Pará tanto espera", discursou Lula, na cidade de Tucuruí, em 25 de novembro de 2004, anunciando o investimento de R$ 70 milhões naquele ano.
Embora apenas dois terços daqueles recursos tenham sido realmente gastos, o governo havia mesmo retomado as obras, interrompendo paralisação determinada pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de irregularidades.
No ano seguinte, as eclusas -diques que vencem desníveis em cursos de rios- mereceram a inclusão no PPI (Projeto Piloto de Investimentos), seleta lista de projetos com dinheiro livre das restrições fiscais do governo.
Todo o plano veio abaixo quando a Camargo Corrêa, empreiteira responsável, discordou do cálculo de R$ 350 milhões para concluir a obra. Os trabalhos foram paralisados mais uma vez e, após reavaliação de custos, o governo aparentemente deu razão à empresa: a nova previsão é que as eclusas consumirão mais R$ 620 milhões neste e nos próximos dois anos -mesmo valor gasto do regime militar até hoje.
Para o governo, a execução das eclusas está "adequada" porque a retomada das obras, prevista para março, começou, segundo o balanço do PAC, em 2 de abril. Os relatórios de execução orçamentária, porém, não dão sinal dessa retomada. O Ministério do Transportes alega que R$ 67 milhões, remanescentes de Orçamentos anteriores, foram repassados à estatal Eletronorte para uso nas obras.


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