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Cana passa a ser 2ª principal fonte de energia do Brasil
Com 16% da matriz energética, derivados do produto superaram energia hidráulica (14,7%)
Avanço da cana foi puxado pelo uso do álcool como combustível; liderança é do petróleo e seus derivados, com participação de 36,7%
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O uso da cana-de-açúcar para
fins energéticos atingiu, no ano
passado, um patamar inédito
na história do país. Os produtos
derivados da cana (bagaço e álcool) foram responsáveis por
16% da matriz energética brasileira, tornando-se a segunda
fonte primária de energia.
Os derivados da cana deixaram para trás a energia hidráulica, cuja participação não passou dos 14,7%. Petróleo e derivados continuam sendo a principal fonte energética do país,
com 36,7% de participação na
matriz.
O crescimento da cana-de-açúcar foi impulsionado pelo
elevado consumo de álcool
combustível no país, que, em
fevereiro deste ano, suplantou
a gasolina no ranking de consumo dos combustíveis. No ano
passado, o consumo de álcool
hidratado -o chamado álcool
puro, que não é misturado à gasolina- teve incremento de
46,1%, somando 10,4 bilhões de
litros. A produção do mesmo
combustível cresceu 45,2%, totalizando 14,3 bilhões de litros.
Os dados fazem parte dos estudos preliminares do BEN
(Balanço Energético Nacional),
divulgado pela EPE (Empresa
de Pesquisa Energética). Para o
presidente do órgão responsável pelo planejamento energético do país, Mauricio Tolmasquim, o crescimento da cana-de-açúcar como fonte primária
de energia "é uma tendência
meio irreversível" no Brasil.
"É um fato inédito. A cana
passará a ter papel superior ao
da hidráulica mesmo com a
previsão de entrada de grandes
hidrelétricas, como as usinas
do Madeira e a de Belo Monte."
Oferta
Ao todo, a oferta interna de
energia em 2007 cresceu 5,9%,
na comparação com o ano anterior, totalizando 239,4 milhões
de tep (toneladas equivalentes
de petróleo). O petróleo perdeu
um pouco de espaço em relação
a 2006 -37,8% para 36,7%-,
mas Tolmasquim acha que,
diante das perspectivas de descobertas de reservas gigantes
na camada pré-sal, a tendência
futura indica também maior
participação dessa fonte não-renovável.
O balanço da EPE indica
também que as fontes renováveis ganharam mais espaço na
matriz energética no ano passado. Elas foram responsáveis
por 46,4% da oferta energética,
totalizando 111 milhões de tep.
No ano anterior, essas fontes,
que incluem energia hidráulica
e os produtos da cana, respondiam por 44,9% da matriz.
As fontes não-renováveis
(petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral) corresponderam aos 53,6% restantes, ante parcela de 55,1% em 2006.
Ao todo foram ofertados 128,3
milhões de tep oriundos de fontes não-renováveis em 2007.
Tolmasquim exaltou o fato
de o Brasil ter um aproveitamento de fontes renováveis
acima da média verificada em
todo o mundo, que não passa de
12,7%. A forte presença de fontes renováveis na matriz energética brasileira é decisiva para
que o país tenha um número
relativamente baixo de emissões de gás carbônico, em razão
da produção de energia. Cada
habitante emite, em média,
1,84 tonelada de gás carbônico.
Nos EUA, essa média chega a
19,61 t por habitante. A média
mundial é de 4,22 t de gás carbônico por habitante.
"Isso mostra que o Brasil tem
melhor qualidade na matriz
energética, com menores emissões de gás carbônico", resumiu Tolmasquim.
Auto-suficiência
Ainda de acordo com a EPE,
o Brasil manteve a auto-suficiência de petróleo no ano passado. Foi produzido, em média,
1,751 milhão de barris/dia,
diante de consumo médio de
1,734 milhão de barris/dia. A
EPE mede o consumo pelo volume de barris processado nas
refinarias brasileiras.
Foram exportados 421 mil
barris/dia em 2007. Já o volume importado de petróleo ficou
em 418 mil barris/dia. No ano
anterior, haviam sido vendidos
ao exterior, em média, 368 mil
barris/dia, e importados 335
mil barris diários.
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