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Participação crescerá mais, dizem especialistas
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Com os preços do barril do
petróleo no mercado internacional batendo sucessivos recordes, aliados à perspectiva de
aumento da produção de álcool
no mercado interno, a tendência é que os produtos derivados
da cana-de-açúcar continuem
tendo participação cada vez
mais expressiva na matriz
energética nacional.
Para a economista da FGV
(Fundação Getulio Vargas) Goret Paulo, a situação atual é diferente da da época do Proalcool (programa criado pelo governo nos anos 70 para estimular o consumo do combustível),
em razão do preço. Atualmente, é vantajoso para o usineiro
investir apenas na produção de
álcool, em vez de dividir a safra
com o açúcar.
"O desenvolvimento do álcool se dá à custa dos níveis elevados do petróleo. A gasolina
mais cara é ótima para o álcool,
que ganha ainda mais vantagem competitiva", afirma o especialista, lembrando do recente reajuste da gasolina autorizado pela Petrobras.
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética),
Mauricio Tolmasquim, disse
que, ao contrário de outros países, a produção de energia via
fontes renováveis, como os produtos da cana, não é subsidiada.
Para ele, a permanência desses
derivados como a segunda
principal fonte primária do
país é uma tendência estrutural. "A cana e o álcool produzidos no Brasil são competitivos.
A produção de álcool nos Estados Unidos, por exemplo, é
subsidiada", declarou.
Professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), Luciano Losekann ressalta que a
tendência de maior difusão de
derivados da cana, especialmente o álcool, na matriz energética, é apoiada, além dos fatores de custo, no crescimento da
frota de carros flex fuel. Losekann atenta ainda para a perspectiva de aumento da utilização do bagaço da cana para a
produção de energia.
"A utilização do bagaço para
a geração de energia já é relevante. No ano passado, deixou
para trás a geração termelétrica
de gás natural, e com o incentivo ao cultivo da cana, terá ainda
mais espaço na geração elétrica", observa.
A maior preocupação do especialista é o uso do gás natural.
Na visão de Losekann, o gás é o
ponto fraco da matriz energética. "É o nosso calcanhar-de-aquiles", destaca.
De 2006 para 2007, o gás natural teve sua participação na
matriz energética reduzida de
9,6% para 9,3%. Ele lembra que
existe um "déficit importante"
do insumo, e diante da queda
da produção, o momento é de
atenção.
"É o desafio em curto e médio prazo. Estamos passando
por um racionamento, e poucos
se dão conta. Existem térmicas
que precisam de gás para operar, mas não há combustível",
afirma Losekann.
(CJ)
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