São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Participação crescerá mais, dizem especialistas

DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Com os preços do barril do petróleo no mercado internacional batendo sucessivos recordes, aliados à perspectiva de aumento da produção de álcool no mercado interno, a tendência é que os produtos derivados da cana-de-açúcar continuem tendo participação cada vez mais expressiva na matriz energética nacional.
Para a economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) Goret Paulo, a situação atual é diferente da da época do Proalcool (programa criado pelo governo nos anos 70 para estimular o consumo do combustível), em razão do preço. Atualmente, é vantajoso para o usineiro investir apenas na produção de álcool, em vez de dividir a safra com o açúcar.
"O desenvolvimento do álcool se dá à custa dos níveis elevados do petróleo. A gasolina mais cara é ótima para o álcool, que ganha ainda mais vantagem competitiva", afirma o especialista, lembrando do recente reajuste da gasolina autorizado pela Petrobras.
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Mauricio Tolmasquim, disse que, ao contrário de outros países, a produção de energia via fontes renováveis, como os produtos da cana, não é subsidiada. Para ele, a permanência desses derivados como a segunda principal fonte primária do país é uma tendência estrutural. "A cana e o álcool produzidos no Brasil são competitivos. A produção de álcool nos Estados Unidos, por exemplo, é subsidiada", declarou.
Professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), Luciano Losekann ressalta que a tendência de maior difusão de derivados da cana, especialmente o álcool, na matriz energética, é apoiada, além dos fatores de custo, no crescimento da frota de carros flex fuel. Losekann atenta ainda para a perspectiva de aumento da utilização do bagaço da cana para a produção de energia.
"A utilização do bagaço para a geração de energia já é relevante. No ano passado, deixou para trás a geração termelétrica de gás natural, e com o incentivo ao cultivo da cana, terá ainda mais espaço na geração elétrica", observa.
A maior preocupação do especialista é o uso do gás natural. Na visão de Losekann, o gás é o ponto fraco da matriz energética. "É o nosso calcanhar-de-aquiles", destaca.
De 2006 para 2007, o gás natural teve sua participação na matriz energética reduzida de 9,6% para 9,3%. Ele lembra que existe um "déficit importante" do insumo, e diante da queda da produção, o momento é de atenção.
"É o desafio em curto e médio prazo. Estamos passando por um racionamento, e poucos se dão conta. Existem térmicas que precisam de gás para operar, mas não há combustível", afirma Losekann. (CJ)


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