|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC faz a 1ª compra de dólares na crise
Após intervenção com contratos futuros, Banco Central adquire moeda diretamente no mercado, mas não impede queda da cotação
Com entrada de recursos estrangeiros, dólar recua 5% na semana e atinge R$ 2,06; BC diz que intenção é reforçar as reservas internacionais
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As novas intervenções do
Banco Central no mercado de
câmbio não detiveram a depreciação do dólar, que recuou
5,18% na semana, para terminar vendido ontem a R$ 2,068
-menor valor desde 3 de outubro de 2008. Apenas ontem a
queda foi de 2,04%.
Ontem o BC foi ao mercado
para comprar dólares diretamente das instituições financeiras, o que não fazia desde setembro, quando a crise internacional se agravou e passou a
pressionar de forma mais intensa a cotação da moeda. Operadores do mercado estimaram
que o montante da intervenção
tenha ficado entre US$ 250 milhões US$ 300 milhões.
Na terça, o BC estreou sua
nova forma de atuação, que
tende a amortecer a depreciação do dólar. Naquele dia, realizou leilão de títulos que girou
cerca de US$ 3,7 bilhões.
No ano, a baixa da moeda
americana alcança os 11,40%.
Para analistas, se a entrada de
recursos externos no país se
mantiver em ritmo forte, não
há limites para que essa desvalorização se aprofunde.
O BC afirmou que não tem
por objetivo deter a depreciação do dólar. Segundo a instituição, a atuação ocorreu na
tentativa de aproveitar o fluxo
positivo para retomar a política
de recomposição de reservas
internacionais do país. Em outras palavras, o BC estaria aproveitando para elevar sua poupança em dólares, relevante
nos momentos de crise.
"Não acho que o BC trabalhe
com um piso para a cotação,
mas tem deixado claro que não
quer que a moeda caia tanto e
tão rapidamente. O BC está
tentando evitar que a depreciação da moeda seja muito intensa, o que poderia se tornar um
problema mais à frente", afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Mesmo com a forte queda recente, o dólar ainda está bastante distante das cotações mínimas registradas em 2008. Em
agosto, desceu até R$ 1,559.
Na outra ponta, a moeda
americana alcançou R$ 2,536
em dezembro passado.
"Há menos de um ano o dólar
rondava patamares muito mais
baixos que os atuais", diz Maristela Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "Mais do
que a simples cotação, o BC deve estar vendo um fluxo de recursos muito expressivo ao
país. Assim, suas novas atuações devem visar equilibrar um
pouco os fluxos e os ânimos do
mercado. Temos de lembrar
que a crise não acabou."
Na terça, o BC vendeu títulos
conhecidos como "swap cambial reverso". Esses papéis têm
o efeito de compras de dólares
no mercado futuro e acabam
por pressionar as cotações da
moeda. Uma das justificativas
para a atuação foi a de que o BC
estava aproveitando para antecipar vencimentos de títulos
que ocorreriam em junho.
Um dos pontos que explicam
a depreciação da moeda americana é o fato de os estrangeiros
terem diminuído de forma expressiva suas apostas no dólar
valorizado. Isso pode ser verificado nos contratos que mantêm no pregão da BM&F.
Quando os investidores esperam que o dólar continue em
rota de alta, fazem operações
nas quais ficam com "posições
compradas" na moeda. Quanto
maior essa posição, mais forte
as apostas no dólar valorizado.
De um patamar que superou os
US$ 14 bilhões em março, as
posições compradas dos estrangeiros caíram para US$ 2,5
bilhões nesta semana.
Esse movimento mostra que
há cada vez menos investidores
confiantes na manutenção do
dólar em patamares elevados.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Nova estratégia recompõe reservas e tenta evitar queda brusca do dólar Índice
|