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Cigarro e remédio elevam
inflação a 0,48% em abril
Para analistas, alta é pontual e não muda rota do juro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou para
0,48% em abril, influenciada
pela alta nos preços de cigarros
e remédios. Em março, o índice
oficial de inflação havia apurado uma taxa de 0,20%.
No final de março, o governo
anunciou um aumento nas alíquotas do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) e
do PIS/Cofins (Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social) que incidem sobre os cigarros para compensar
medidas de desoneração para
outros setores.
Os dados do IPCA mostram
que o aumento do imposto já
foi repassado para o consumidor. Em abril, os cigarros ficaram 14,71% mais caros.
Segundo o IBGE, a alta nos
preços de cigarros tem superado a inflação oficial nos últimos
anos. De 2004 até abril, o IPCA
acumula alta de 31,99%. No
mesmo período, os preços dos
cigarros subiram 69,98%.
Os remédios foram o segundo item com maior impacto na
inflação do mês passado, com
alta de 2,89% para o consumidor. Os medicamentos são reajustados anualmente. Neste
ano, o governo concedeu aos fabricantes um limite máximo de
reajuste de 5,9%.
O aumento antecipado do salário mínimo neste ano já surtiu efeito na inflação. A remuneração de empregados domésticos subiu 1,83% e representou o terceiro maior fator de
pressão sobre o índice em abril.
"Os aumentos de empregados domésticos não têm se concentrado em um único mês. No
Rio e em São Paulo, o valor pago costuma ser maior do que o
salário mínimo", afirma Eulina
Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Apesar da alta da inflação em
abril, especialistas afirmam
que não há sinal de alerta para
os próximos meses e que a tendência ainda é de queda da taxa
básica de juros.
"A resistência dos preços de
serviços, como aluguel, condomínio e empregados domésticos, responde, em parte, ao aumento do mínimo, mas, à medida que o desemprego voltar a
crescer, os preços podem cair",
afirma Francis Kinder, da Rosenberg & Associados. Nos últimos 12 meses, os serviços acumulam alta de 7,2%.
Para Kinder, até a metade do
ano a taxa de inflação acumulada em 12 meses deverá convergir para um patamar abaixo do
centro da meta do IPCA deste
ano, de 4,5%. Nos últimos 12
meses acumulados até abril, a
inflação está em 5,53%.
"Há um cenário benigno para
a inflação que contribui para
uma nova queda dos juros", disse. Ele avalia que o novo corte
na Selic, hoje em 10,25%, será
de 0,5 ponto percentual a 0,75
ponto percentual.
Segundo o Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os aumentos foram pontuais e não indicam tendência para os próximos meses.
Um dos sinais de alívio no
comportamento dos preços
nos próximos meses vem do
grupo alimentação, que registrou alta de 0,15% e tem forte
peso na cesta de consumo das
famílias. Segundo Santos, o
perfil da inflação mudou desde
2008. Ela deixou de ser pressionada pela alimentação e passou
a ser mais influenciada pelo
comportamento dos preços administrados e de serviços.
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