São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cigarro e remédio elevam inflação a 0,48% em abril

Para analistas, alta é pontual e não muda rota do juro

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou para 0,48% em abril, influenciada pela alta nos preços de cigarros e remédios. Em março, o índice oficial de inflação havia apurado uma taxa de 0,20%.
No final de março, o governo anunciou um aumento nas alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do PIS/Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) que incidem sobre os cigarros para compensar medidas de desoneração para outros setores.
Os dados do IPCA mostram que o aumento do imposto já foi repassado para o consumidor. Em abril, os cigarros ficaram 14,71% mais caros.
Segundo o IBGE, a alta nos preços de cigarros tem superado a inflação oficial nos últimos anos. De 2004 até abril, o IPCA acumula alta de 31,99%. No mesmo período, os preços dos cigarros subiram 69,98%.
Os remédios foram o segundo item com maior impacto na inflação do mês passado, com alta de 2,89% para o consumidor. Os medicamentos são reajustados anualmente. Neste ano, o governo concedeu aos fabricantes um limite máximo de reajuste de 5,9%.
O aumento antecipado do salário mínimo neste ano já surtiu efeito na inflação. A remuneração de empregados domésticos subiu 1,83% e representou o terceiro maior fator de pressão sobre o índice em abril.
"Os aumentos de empregados domésticos não têm se concentrado em um único mês. No Rio e em São Paulo, o valor pago costuma ser maior do que o salário mínimo", afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar da alta da inflação em abril, especialistas afirmam que não há sinal de alerta para os próximos meses e que a tendência ainda é de queda da taxa básica de juros.
"A resistência dos preços de serviços, como aluguel, condomínio e empregados domésticos, responde, em parte, ao aumento do mínimo, mas, à medida que o desemprego voltar a crescer, os preços podem cair", afirma Francis Kinder, da Rosenberg & Associados. Nos últimos 12 meses, os serviços acumulam alta de 7,2%.
Para Kinder, até a metade do ano a taxa de inflação acumulada em 12 meses deverá convergir para um patamar abaixo do centro da meta do IPCA deste ano, de 4,5%. Nos últimos 12 meses acumulados até abril, a inflação está em 5,53%.
"Há um cenário benigno para a inflação que contribui para uma nova queda dos juros", disse. Ele avalia que o novo corte na Selic, hoje em 10,25%, será de 0,5 ponto percentual a 0,75 ponto percentual.
Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os aumentos foram pontuais e não indicam tendência para os próximos meses.
Um dos sinais de alívio no comportamento dos preços nos próximos meses vem do grupo alimentação, que registrou alta de 0,15% e tem forte peso na cesta de consumo das famílias. Segundo Santos, o perfil da inflação mudou desde 2008. Ela deixou de ser pressionada pela alimentação e passou a ser mais influenciada pelo comportamento dos preços administrados e de serviços.


Texto Anterior: Brasil abre linha de crédito para os vizinhos
Próximo Texto: Investimentos: Novas regras da poupança devem sair até quarta-feira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.