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BCE terá de comprar
títulos para conter
crise, dizem analistas
Embora medida seja impopular, economistas consideram
que é a melhor alternativa para frear escalada dos juros
Aumento do custo de financiamento de países como Grécia, Espanha
e Portugal pode levar
governos à insolvência
MARIANA SCHREIBER
DA REPORTAGEM LOCAL
O BCE (Banco Central Europeu) precisa comprar títulos
gregos e de outros países endividados do sul da Europa. Essa
é a melhor alternativa para
conter a alta dos juros cobrados
pelos papéis, segundo economistas ouvidos pela Folha.
A elevação dessas taxas encareceu muito as fontes de financiamento dos governos, que
podem ficar insolventes.
"O BCE terá que agir como o
Fed (Federal Reserve) e comprar títulos no mercado secundário", afirma Carlos Thadeu
de Freitas, ex-diretor do Banco
Central, lembrando a compra
de títulos de hipotecas podres
pelo banco central americano
para conter a crise financeira.
Essa solução, no entanto, é
impopular, afirma Thadeu,
pois quem terá de arcar com os
prejuízos do BCE serão os governos e, em última instância,
os contribuintes europeus.
Monica de Bolle, sócia da Galanto Consultoria, lembra que
atualmente o BCE pode apenas
aceitar títulos soberanos como
garantias de empréstimos. Seu
estatuto terá que ser modificado para que a instituição possa
comprá-los.
"Comprar os títulos é uma
medida ruim, mas a situação
chegou ao limite", avalia.
A economista, que já trabalhou no FMI (Fundo Monetário Internacional), diz que a
compra de títulos pelo BCE aumentaria a liquidez na economia, desvalorizando ainda mais
o euro, que cai 11,4% no ano.
Mas, embora a queda da
moeda seja sintoma do forte
risco de insolvência de governos europeus, economistas
afirmam que pode ser positiva,
pois estimula as exportações.
Na opinião de Alex Agostini,
economista da Austin Rating, o
aumento da receita com exportação deve ajudar no equilíbrio
das contas fiscais, exatamente
a origem da crise. E a expansão
da produção europeia é positiva para a economia mundial.
"Se a Europa exportar mais,
tende a importar mais insumos, o que beneficiaria o Brasil, um grande provedor de
commodities. Além disso, o barateamento dos produtos europeus pode provocar a queda de
outros preços devido à concorrência", afirma Agostini.
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