São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010

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BCE terá de comprar títulos para conter crise, dizem analistas

Embora medida seja impopular, economistas consideram que é a melhor alternativa para frear escalada dos juros

Aumento do custo de financiamento de países como Grécia, Espanha e Portugal pode levar governos à insolvência

MARIANA SCHREIBER
DA REPORTAGEM LOCAL

O BCE (Banco Central Europeu) precisa comprar títulos gregos e de outros países endividados do sul da Europa. Essa é a melhor alternativa para conter a alta dos juros cobrados pelos papéis, segundo economistas ouvidos pela Folha.
A elevação dessas taxas encareceu muito as fontes de financiamento dos governos, que podem ficar insolventes.
"O BCE terá que agir como o Fed (Federal Reserve) e comprar títulos no mercado secundário", afirma Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, lembrando a compra de títulos de hipotecas podres pelo banco central americano para conter a crise financeira.
Essa solução, no entanto, é impopular, afirma Thadeu, pois quem terá de arcar com os prejuízos do BCE serão os governos e, em última instância, os contribuintes europeus.
Monica de Bolle, sócia da Galanto Consultoria, lembra que atualmente o BCE pode apenas aceitar títulos soberanos como garantias de empréstimos. Seu estatuto terá que ser modificado para que a instituição possa comprá-los.
"Comprar os títulos é uma medida ruim, mas a situação chegou ao limite", avalia.
A economista, que já trabalhou no FMI (Fundo Monetário Internacional), diz que a compra de títulos pelo BCE aumentaria a liquidez na economia, desvalorizando ainda mais o euro, que cai 11,4% no ano.
Mas, embora a queda da moeda seja sintoma do forte risco de insolvência de governos europeus, economistas afirmam que pode ser positiva, pois estimula as exportações.
Na opinião de Alex Agostini, economista da Austin Rating, o aumento da receita com exportação deve ajudar no equilíbrio das contas fiscais, exatamente a origem da crise. E a expansão da produção europeia é positiva para a economia mundial.
"Se a Europa exportar mais, tende a importar mais insumos, o que beneficiaria o Brasil, um grande provedor de commodities. Além disso, o barateamento dos produtos europeus pode provocar a queda de outros preços devido à concorrência", afirma Agostini.


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