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"EXUBERÂNCIA IRRACIONAL"
Maior temor é que crescimento da economia do país entre em colapso e arraste o mundo globalizado
Mercado teme freada brusca dos EUA
MARCIO AITH
de Washington
Nos últimos 15 dias, novos sinais
de superaquecimento da economia dos Estados Unidos acenderam mais uma luz amarela nos
mercados mundiais.
Dados recentes fizeram aumentar ainda mais o temor de que a euforia dos consumidores e investidores norte-americanos, considerada exagerada e perigosa pelo Fed
(Federal Reserve, o banco central
dos EUA), transforme-se em recessão do dia para a noite, o que
colocaria um ponto final na atual
fase de expansão recorde na economia dos Estados Unidos e provocaria a mais séria recaída na economia mundial desde o início da
crise financeira asiática, em julho
de 1997.
Os indícios são fortes.
O índice Dow Jones, que havia
demorado 13 meses para passar de
9.000 pontos para 10 mil pontos,
chegou a 11 mil em apenas 24 dias
úteis.
Pela primeira vez nesse período
de expansão, o índice Russel, que
mede a variação das ações de 2.000
pequenas e médias empresas,
apresentou variação positiva. Isso
significa que os investidores não
estão se limitando a comprar ações
de empresas grandes e conhecidas,
mas de praticamente todos os tipos de companhias listadas na Bolsa de Valores.
Os consumidores norte-americanos estão gastando mais rápido
do que no ano passado. Nos primeiros quatro meses de 1999, as
vendas no comércio cresceram
6,7%, o maior aumento em quatro
anos. Esse índice se soma aos 5,1%
de aumento nas vendas no ano
passado.
Sede de consumo
Diferentemente do que se verificou nos primeiros anos da expansão econômica dos EUA, o aumento no consumo durante os quatro
primeiros meses foi puxado pelos
gastos das camadas mais baixas da
população. O crescimento real nos
salários e os menores índices de
desemprego nos últimos 29 anos
encheram as lojas de consumidores sedentos.
A sensação de que esses novos
dados revelam um perigo adicional à economia dos Estados Unidos foi expressa na última quinta-feira pelo presidente do Fed, Alan
Greenspan.
De acordo com ele, sérios desequilíbrios nessa expansão transformam a euforia num castelo de
cartas. "A menos que sejam administrados, esses desequilíbrios trarão um fim a essa longa trajetória
de crescimento forte e de baixa inflação".
A economia dos Estados Unidos
cresce ininterruptamente desde
1991. Nos últimos dois anos, a taxa
de crescimento médio anual do
país ficou em 3,9%, a maior entre
os países considerados altamente
industrializados.
Limite
De acordo com o presidente do
Fed, o maior problema da economia dos EUA é o limite a que chegou seu mercado de trabalho. Pela
primeira vez na história, o desemprego nos EUA foi inferior ao do
Japão.
A oferta de trabalho chegou a tal
ponto que empresas em todos os
setores demoram até um ano para
conseguir empregados.
O desemprego nos Estados Unidos está em 4,2%, uma situação
que os economistas classificam de
pleno emprego.
"Num determinado ponto, as
condições do mercado de trabalho
podem se tornar tão apertadas que
o aumento nos salários começará a
superar os ganhos de produtividade. Aí, os preços inevitavelmente
começarão a subir", afirmou
Greenspan.
Freio
O presidente do Fed disse que os
ganhos de produtividade nas fábricas dos Estados Unidos e a queda mundial nos preços de "commodities" evitaram que os salários
cada vez mais altos provocassem
aumentos significativos nas taxas
de inflação.
No entanto Greenspan sugeriu
que esses ganhos de produtividade
podem não aumentar no mesmo
ritmo daqui para a frente e lembrou o risco adicional causado pela recuperação recente nos preços
das "commodities".
O que determina os riscos de explosão na economia e os efeitos
que causariam nos mercados
emergentes são fatores incertos.
Na última semana, o secretário
do Tesouro norte-americano, Robert Rubin, afirmou que os efeitos
de uma desaceleração dos Estados
Unidos sobre a economia mundial
poderão ser piores caso o Japão e
os países europeus não compensem essa redução com um aumento significativo do PIB.
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