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MERCADO FINANCEIRO
Se índice de maio mostrar queda no núcleo da inflação, crescerá pressão por corte na Selic já neste mês
IPCA pode aumentar coro por juro menor
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) de maio é o
indicador econômico mais aguardado pelo mercado nesta semana,
cheia de índices de inflação.
O IPCA, divulgado pelo IBGE, é
o índice oficial das metas de inflação e principal referência para a
política monetária do governo.
Um resultado abaixo de 0,50%
ou 0,40%, com queda da maioria
dos núcleos da inflação, deverá
reforçar o coro dos descontentes
com a política de juros altos e aumentar a pressão pelo corte da taxa básica, a Selic, ainda neste mês
(a taxa atual é de 26,5% ao ano).
Uma parcela de analistas afirma, entretanto, que mesmo com a
desaceleração mais acentuada
dos preços os mercados, principalmente a Bolsa, tendem a perder o fôlego no curto prazo.
"A Bovespa já antecipou bem a
queda de juros, que não deve tardar muito. Já era para os investidores terem realizado seus lucros
[vender as ações para embolsar o
ganho em relação ao preço de
compra] na semana passada e isso não deve passar dos próximos
dias", afirma Luiz Antonio Vaz
das Neves, diretor da corretora
Planner.
Para ele, os investidores só não
iniciaram um movimento de venda das ações porque o mercado
acompanhou a alta das Bolsas
norte-americanas. "A notícia de
que os juros cairiam na Europa
assustou os "hedge funds", que cobriram sua posição vendida nos
Estados Unidos."
Esses fundos, que são especulativos, apostavam na queda das cotações, segundo o analista. Com
os rumores de que o Banco Central Europeu cortaria os juros -o
que, de fato, ocorreu, na quinta-feira passada, quando a taxa recuou de 2,5% para 2%-, os fundos de hedge teriam passado a
comprar ações, impulsionando as
Bolsas de Valores.
"Ninguém em Wall Street quis
se arriscar a perder o que poderia
ser a virada de alta, mas, nesta semana, as Bolsas de lá devem recuar", afirma Vaz das Neves.
Inflação
A expectativa é que o IPCA de
maio aponte desaceleração da alta
de preços livres e administrados e
fique abaixo do resultado de abril
(0,97%). As previsões de economistas variam de 0,40% a 0,62%
para o índice de maio.
"Se o recuo do indicador surpreender o mercado e o núcleo do
IPCA mostrar desaceleração mais
forte, poderá incentivar o corte
dos juros ainda em junho", afirma o economista Fábio Akira, do
JP Morgan.
O núcleo calculado por médias
aparadas, porém, deve continuar
alto, não muito abaixo de 1%, segundo analistas. Esse resultado,
dizem eles, não deveria ser considerado isoladamente nem nortear a política monetária.
A próxima reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária),
que define a taxa básica de juros
da economia, está marcada para
os dias 17 e 18 deste mês.
Na semana, ainda saem outros
índices de preços. Hoje será divulgada a primeira prévia de junho
do IGP-M (Índice Geral de Preços
do Mercado).
Amanhã, além do IPCA, serão
conhecidos também o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o IGP-DI de maio. O
mercado projeta alta de 0,35% para este último (0,41% em abril).
Na quarta-feira será divulgado o
índice da primeira quadrissemana de junho do IPC da Fipe. A expectativa é que o índice registre
elevação de 0,45% (em maio, o
IPC mostrou alta de 0,31% no custo de vida dos paulistanos).
Juros
Contratos fechados no mercado
futuro com vencimento posterior
a janeiro de 2004, segundo operadores, refletem a continuidade do
otimismo de investidores em relação ao corte dos juros. O movimento na sexta-feira passada foi
maior nos contratos mais longos.
"Esses prazos indicam expectativa de cortes mais agressivos
mais para o final do ano", diz Akira. O JP Morgan estima que a Selic
vá estar em 22% em dezembro.
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