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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Se índice de maio mostrar queda no núcleo da inflação, crescerá pressão por corte na Selic já neste mês

IPCA pode aumentar coro por juro menor

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio é o indicador econômico mais aguardado pelo mercado nesta semana, cheia de índices de inflação.
O IPCA, divulgado pelo IBGE, é o índice oficial das metas de inflação e principal referência para a política monetária do governo.
Um resultado abaixo de 0,50% ou 0,40%, com queda da maioria dos núcleos da inflação, deverá reforçar o coro dos descontentes com a política de juros altos e aumentar a pressão pelo corte da taxa básica, a Selic, ainda neste mês (a taxa atual é de 26,5% ao ano).
Uma parcela de analistas afirma, entretanto, que mesmo com a desaceleração mais acentuada dos preços os mercados, principalmente a Bolsa, tendem a perder o fôlego no curto prazo.
"A Bovespa já antecipou bem a queda de juros, que não deve tardar muito. Já era para os investidores terem realizado seus lucros [vender as ações para embolsar o ganho em relação ao preço de compra] na semana passada e isso não deve passar dos próximos dias", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Para ele, os investidores só não iniciaram um movimento de venda das ações porque o mercado acompanhou a alta das Bolsas norte-americanas. "A notícia de que os juros cairiam na Europa assustou os "hedge funds", que cobriram sua posição vendida nos Estados Unidos."
Esses fundos, que são especulativos, apostavam na queda das cotações, segundo o analista. Com os rumores de que o Banco Central Europeu cortaria os juros -o que, de fato, ocorreu, na quinta-feira passada, quando a taxa recuou de 2,5% para 2%-, os fundos de hedge teriam passado a comprar ações, impulsionando as Bolsas de Valores.
"Ninguém em Wall Street quis se arriscar a perder o que poderia ser a virada de alta, mas, nesta semana, as Bolsas de lá devem recuar", afirma Vaz das Neves.

Inflação
A expectativa é que o IPCA de maio aponte desaceleração da alta de preços livres e administrados e fique abaixo do resultado de abril (0,97%). As previsões de economistas variam de 0,40% a 0,62% para o índice de maio.
"Se o recuo do indicador surpreender o mercado e o núcleo do IPCA mostrar desaceleração mais forte, poderá incentivar o corte dos juros ainda em junho", afirma o economista Fábio Akira, do JP Morgan.
O núcleo calculado por médias aparadas, porém, deve continuar alto, não muito abaixo de 1%, segundo analistas. Esse resultado, dizem eles, não deveria ser considerado isoladamente nem nortear a política monetária.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que define a taxa básica de juros da economia, está marcada para os dias 17 e 18 deste mês.
Na semana, ainda saem outros índices de preços. Hoje será divulgada a primeira prévia de junho do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
Amanhã, além do IPCA, serão conhecidos também o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o IGP-DI de maio. O mercado projeta alta de 0,35% para este último (0,41% em abril).
Na quarta-feira será divulgado o índice da primeira quadrissemana de junho do IPC da Fipe. A expectativa é que o índice registre elevação de 0,45% (em maio, o IPC mostrou alta de 0,31% no custo de vida dos paulistanos).

Juros
Contratos fechados no mercado futuro com vencimento posterior a janeiro de 2004, segundo operadores, refletem a continuidade do otimismo de investidores em relação ao corte dos juros. O movimento na sexta-feira passada foi maior nos contratos mais longos.
"Esses prazos indicam expectativa de cortes mais agressivos mais para o final do ano", diz Akira. O JP Morgan estima que a Selic vá estar em 22% em dezembro.


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