São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2005

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FINANÇAS

Empresas de telecomunicações estão em 2º em lista do BC; endividamento de pessoas físicas cresce 39% entre 2003 e 2004

Setor elétrico é o mais endividado no país

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O setor elétrico é o maior devedor do sistema financeiro nacional, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central. Segundo os balanços fechados em dezembro de 2004, as dívidas dessas empresas com os bancos que atuam no país somam R$ 19,9 bilhões, valor 25% maior do que o registrado em 2003.
Na segunda colocação da lista estão as companhias de telecomunicações, cujos compromissos somam R$ 8,3 bilhões. Ao contrário do que ocorreu com o setor elétrico, porém, as teles reduziram suas dívidas bancárias em 12% de 2003 a 2004.
O mesmo aconteceu com os fabricantes de automóveis, que, apesar de manter o terceiro lugar na relação elaborada pelo BC, diminuíram seus débitos em 10%.
A maior queda, porém, ocorreu com os fabricantes de ferro-gusa (matéria-prima para a produção do aço). Em dezembro de 2003, essas empresas deviam R$ 5,5 bilhões aos bancos e ocupavam o quarto lugar na relação feita pelo BC. No ano passado, com o setor bastante aquecido, ele caiu para a 12º colocação, com dívidas de R$ 1,8 bilhão.
Os números constam do Relatório de Estabilidade Financeira produzido pelo BC e servem apenas de referência para a análise do nível de endividamento de cada setor empresarial, já que cada empresa tem uma capacidade maior ou menor de tomar empréstimos, dependendo de outros fatores que não são considerados no levantamento -faturamento, patrimônio líquido e outros.
Mas os números servem para mostrar a quais segmentos da economia os bancos são mais sensíveis: um calote dado pelas empresas de energia, por exemplo, teria um efeito muito mais forte no sistema financeiro do que a inadimplência dos fabricantes de bebidas, cujas dívidas somavam R$ 800 milhões em dezembro.

Pessoa física
Os dados mostram também um aumento mais forte no endividamento de pessoas físicas, que registrou expansão de 39% entre 2003 e 2004. Segundo o BC, esse crescimento foi influenciado pela maior procura por empréstimos com desconto em folha de pagamento. Entre janeiro e dezembro do ano passado, o saldo desses financiamentos passou de R$ 6,5 bilhões para R$ 12,6 bilhões.
A retomada do crescimento econômico -que, em 2004, foi de 4,9%- também ajudou a explicar a expansão do crédito entre pessoas físicas e em outros setores. O endividamento do comércio varejista, por exemplo, registrou um aumento de 139% entre 2003 e 2004, passando de R$ 1,8 bilhão para R$ 4,3 bilhões.
Ao todo, os financiamentos disponibilizados pelo sistema financeiro somavam, em dezembro de 2004, R$ 499,9 bilhões, expansão de 22% em relação ao saldo de dezembro de 2003. A participação de pessoas físicas na carteira de crédito dos bancos também cresceu. Em 2003, representava 36,2% de todos os empréstimos. No ano passado, a proporção havia subido para 41,3%.
Na avaliação do BC, as instituições financeiras estão suficientemente preparadas para enfrentar os riscos de inadimplência nas suas operações de crédito. A instabilidade dos mercados financeiros internacionais -com juros mais altos nos EUA e o aumento do preço do petróleo- também não seriam uma ameaça às operações dos bancos.
"O Sistema Financeiro Nacional demostrou-se fortalecido, evidenciando estar suficientemente capitalizado para fazer face aos riscos a que estão expostas as instituições financeiras que o compõem", diz o documento.


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