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FINANÇAS
Empresas de telecomunicações estão em 2º em lista do BC; endividamento de pessoas físicas cresce 39% entre 2003 e 2004
Setor elétrico é o mais endividado no país
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor elétrico é o maior devedor do sistema financeiro nacional, de acordo com levantamento
feito pelo Banco Central. Segundo
os balanços fechados em dezembro de 2004, as dívidas dessas empresas com os bancos que atuam
no país somam R$ 19,9 bilhões,
valor 25% maior do que o registrado em 2003.
Na segunda colocação da lista
estão as companhias de telecomunicações, cujos compromissos
somam R$ 8,3 bilhões. Ao contrário do que ocorreu com o setor
elétrico, porém, as teles reduziram suas dívidas bancárias em
12% de 2003 a 2004.
O mesmo aconteceu com os fabricantes de automóveis, que,
apesar de manter o terceiro lugar
na relação elaborada pelo BC, diminuíram seus débitos em 10%.
A maior queda, porém, ocorreu
com os fabricantes de ferro-gusa
(matéria-prima para a produção
do aço). Em dezembro de 2003,
essas empresas deviam R$ 5,5 bilhões aos bancos e ocupavam o
quarto lugar na relação feita pelo
BC. No ano passado, com o setor
bastante aquecido, ele caiu para a
12º colocação, com dívidas de R$
1,8 bilhão.
Os números constam do Relatório de Estabilidade Financeira
produzido pelo BC e servem apenas de referência para a análise do
nível de endividamento de cada
setor empresarial, já que cada empresa tem uma capacidade maior
ou menor de tomar empréstimos,
dependendo de outros fatores
que não são considerados no levantamento -faturamento, patrimônio líquido e outros.
Mas os números servem para
mostrar a quais segmentos da
economia os bancos são mais sensíveis: um calote dado pelas empresas de energia, por exemplo,
teria um efeito muito mais forte
no sistema financeiro do que a
inadimplência dos fabricantes de
bebidas, cujas dívidas somavam
R$ 800 milhões em dezembro.
Pessoa física
Os dados mostram também um
aumento mais forte no endividamento de pessoas físicas, que registrou expansão de 39% entre
2003 e 2004. Segundo o BC, esse
crescimento foi influenciado pela
maior procura por empréstimos
com desconto em folha de pagamento. Entre janeiro e dezembro
do ano passado, o saldo desses financiamentos passou de R$ 6,5
bilhões para R$ 12,6 bilhões.
A retomada do crescimento
econômico -que, em 2004, foi de
4,9%- também ajudou a explicar a expansão do crédito entre
pessoas físicas e em outros setores. O endividamento do comércio varejista, por exemplo, registrou um aumento de 139% entre
2003 e 2004, passando de R$ 1,8
bilhão para R$ 4,3 bilhões.
Ao todo, os financiamentos disponibilizados pelo sistema financeiro somavam, em dezembro de
2004, R$ 499,9 bilhões, expansão
de 22% em relação ao saldo de dezembro de 2003. A participação
de pessoas físicas na carteira de
crédito dos bancos também cresceu. Em 2003, representava 36,2%
de todos os empréstimos. No ano
passado, a proporção havia subido para 41,3%.
Na avaliação do BC, as instituições financeiras estão suficientemente preparadas para enfrentar
os riscos de inadimplência nas
suas operações de crédito. A instabilidade dos mercados financeiros internacionais -com juros
mais altos nos EUA e o aumento
do preço do petróleo- também
não seriam uma ameaça às operações dos bancos.
"O Sistema Financeiro Nacional
demostrou-se fortalecido, evidenciando estar suficientemente capitalizado para fazer face aos riscos a que estão expostas as instituições financeiras que o compõem", diz o documento.
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