São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo diz ter feito "o possível" pela Varig

Waldir Pires indica que saída para a aérea está nas mãos da Justiça e que Planalto não deverá tentar novas soluções

Ministro previa mais concorrência em leilão; presidente da empresa diz ter ficado satisfeito com a única proposta apresentada


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, Waldir Pires, indicou ontem que o governo federal não pretende buscar uma nova solução para tentar resolver o problema da Varig e que aguarda apenas a decisão da Justiça sobre o futuro da empresa. Confessando que esperava mais disputa no leilão, Pires evitou dizer que ficou decepcionado com a baixa procura pela companhia aérea.
"Confesso que esperava que houvesse um pouco mais de disputa", disse. Depois acrescentou: "Fizemos o possível. Todo o esforço para que a nação tivesse uma resposta dos setores empresariais, no sentido de manter uma empresa como a Varig, fazê-la sobreviver, que é um patrimônio do êxito do Brasil no transporte aéreo realizado durante todo o século 20."
O ministro respondeu às perguntas sem afirmações conclusivas. Indagado se o governo possuía um plano alternativo, caso o desenlace do leilão não mantenha a Varig voando, deixou o desafio para a Justiça.
"O governo sabe que esse assunto estava desde o início sob a supervisão do Poder Judiciário. Do juiz. E o juiz realmente agiu com enorme sabedoria, com muito cuidado", afirmou.
Mesmo com o governo, por meio de suas estatais, sendo o principal credor da Varig, ele afirmou que não será da União a palavra final sobre aceitar a proposta feita pelos trabalhadores no leilão. "A assembléia dos credores vai se reunir e defender seus interesses."
A possibilidade de uma nova ajuda do governo foi, aparentemente, descartada por Pires, que nutre esperanças sobre uma nova proposta para a compra da empresa. "O que espero é que de repente seja possível surgir uma proposta que o juiz entenda hábil, e vai depender da decisão dele, vai depender muito (...) Fizemos o que foi possível, demos uma colaboração muito grande e tudo o que foi possível, dentro da lei, para que não faltassem insumos básicos para que a Varig continuasse voando."

Só "rezar"
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, se disse satisfeito com o leilão, apesar de haver somente uma proposta. "Na verdade, a Varig precisava de uma proposta. Diria que fiquei muito contente, porque víamos as pessoas especularem que não haveria ninguém."
Para o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, a ausência de propostas de outras aéreas foi uma aposta na falência da Varig. Segundo ele, provavelmente elas preferiram investir no próprio crescimento, diante de uma possível saída da Varig do mercado, do que numa operação de risco.
Ele se disse "preocupado" com a crise da empresa e afirmou que resta à Infraero, credora da aérea, apenas "rezar".


Colaborou a Folha Online

Texto Anterior: Foco: Leilão em hangar de aeroporto tem torcida, bandeiras e discursos
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.