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Copom acha que turbulência é temporária
Diretores do BC dizem que fundamentos da economia brasileira protegerão o país da volatilidade internacional
Mas alertam de que, em caso de piora no cenário de crise internacional, estratégia do banco será "prontamente adequada"
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central já pensa em
interromper o processo de redução dos juros caso se agrave a
instabilidade nos mercados devido às incertezas sobre o futuro das taxas praticadas nos
EUA. O nervosismo dos investidores foi o principal motivo
apresentado pelo BC para, na
semana passada, diminuir o ritmo de redução da taxa Selic.
As informações constam da
ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Na ocasião, decidiu-se
reduzir os juros em 0,50 ponto
percentual -para 15,25% ao
ano. Nas três reuniões anteriores, os cortes foram de 0,75.
A ata divulgada ontem expõe
as justificativas para a decisão.
Nela, o BC se diz atento à turbulência dos mercados, mas
afirma que, por enquanto, não
gerou crise no país. "Essa instabilidade não configura um quadro de crise, tanto devido ao caráter potencialmente transitório de suas causas principais
quanto graças aos sólidos fundamentos da economia", dizem
os diretores do BC.
"Só que esse "temporário" pode durar vários meses", observa
o economista Ricardo Amorim
do banco WestLB. Para ele, a
volatilidade deve durar até a
próxima reunião do Copom
(marcada para 18 e 19 de julho),
podendo se estender até o encontro posterior (em agosto).
Os mercados internacionais
têm vivido dias de intranqüilidade desde meados de maio,
com sinalizações do Federal
Reserve (o banco central dos
EUA) de que os juros nos EUA
devem aumentar mais para
conter pressões inflacionárias.
Juros mais altos por lá tendem
a estimular os investidores a reduzir aplicações em países
emergentes -como o Brasil-
para direcioná-las para papéis
no mercado americano.
Para o BC brasileiro, fatores
como o saldo positivo da balança comercial e a redução da dívida externa, ocorridos nos últimos anos, ajudam a proteger
o país desse tipo de turbulência. Ainda assim, as anotações
feitas na última reunião do Copom mostram que, caso a situação piore, os juros podem cair
menos -ou mesmo pararem de
cair- nos próximos meses.
"Evidentemente, na eventualidade de se verificar uma
exacerbação de riscos que implique alteração do cenário
prospectivo traçado para a inflação neste momento pelo Comitê [Copom], a estratégia de
política monetária será prontamente adequada às circunstâncias", diz o documento.
A taxa Selic tem sido reduzida seguidamente desde setembro passado. A reunião de abril
do Copom, porém, já sinalizava
uma queda mais gradual dos juros. Isso porque, para o BC, os
cortes desde 2005 -quando a
taxa chegou a 19,75% ao ano-
ainda não haviam surtido efeito
por completo na economia.
Ou seja, mesmo antes da
maior instabilidade do mercado financeiro, o Copom já contava com um cenário em que a
queda recente dos juros abriria
espaço, naturalmente, para
uma alta ligeiramente maior da
inflação daqui para a frente.
Agora, com a crise, a diretoria
do BC vê riscos maiores para a
estabilidade dos preços.
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